No dia 27 de março de 2023 assinalou-se pela primeira vez na Europa o Dia dos Autores Europeus, sob proposta da comissária búlgara Mariya Gabriel.
No âmbito desta iniciativa, realizou-se, em Sófia, a Conferência do Dia dos Autores Europeus em que participaram dois representantes de cada estado membro da União Europeia, além dos convidados que integraram o programa.
Os representantes de Portugal foram a Rede de Bibliotecas Escolares (pelo Ministério da Educação) e a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (pelo Ministério da Cultura). Participou igualmente, como convidado, o Coordenador Interconcelhio das Bibliotecas Escolares João Proença, enquanto responsável docente do AE Carlos Gargaté (Charneca de Caparica) e coordenador nacional do projeto READ ON, agora READ ON Portugal, apoiado inicialmente pelo Programa Europa Criativa e na atualidade pela Rede de Bibliotecas Escolares.
Em geral, foi uma oportunidade para conhecer atores de todas as áreas relacionadas com o livro: representantes de ministérios de educação e de cultura, planos nacionais de leitura, associações de autores e de bibliotecas, conselheiros de políticas, coordenadores de projetos relacionados com a leitura, coordenadores de projetos ERASMUS e eTwinning centrados na leitura, fundações com ações na área da promoção da leitura, entre muitos outros.
As comunicações apresentadas permitiram contactar com realidades bastante diversas no que respeita à promoção do livro e da leitura, passando-se por projetos muito estruturados e ações mais ou menos pontuais, mais ou menos locais. Como preocupação comum, os baixos índices de leitura das populações, que diferentes estudos em vários países vêm demonstrando nos últimos anos – ressalvando-se que as percentagens desses baixos índices de leitura variam bastante de país para país.
Vários países partilharam iniciativas semelhantes a algumas que desenvolvemos em Portugal, sendo que as que Portugal apresentou e também partilhou em fóruns informais foram muito valorizadas, servindo também de inspiração para outros países que as querem implementar: visitas de autor; semanas de leitura; tempo de leitura (10 minutos, quarto de hora, maratonas…), clubes de leitura, concursos… Durante a conferência, foram colocadas muitas questões relativamente ao sucesso da implementação dos 10 minutos a ler e das atividades da iniciativa Escola a ler, bem como sobre a atividade Antologia, integrada no projeto READ ON Portugal. Muitos participantes desejariam ter este tipo de iniciativas com suporte nas políticas nacionais no seu país.
Foi, também, possível conhecer alguns projetos interessantes que poderão por nós ser estudados e, quem sabe, nos quais nos podemos inspirar para (re)pensarmos algumas abordagens em Portugal.
Das várias iniciativas com que contatamos, consideramos que poderá ser interessante explorar:
📍 Love for livres - organização social francesa que pretende que as pessoas, especialmente as mais vulneráveis, tenham vontade de ler para cuidarem da sua saúde mental, desenvolverem a sua educação e fomentarem as suas competências transversais. Para isso, existe uma plataforma que ajuda a encontrar livros associados a emoções.
📍 Knigovishte.bg - uma plataforma educativa em linha, búlgara, que visa reforçar a compreensão leitora e atrair as crianças para a leitura por prazer (para quem não conhece búlgaro, tem de pedir ajuda à inteligência artificial 😉).
📍 The Magic Pearl – o primeiro prémio na Bulgária dedicado a livros infantis contemporâneos, atribuído por votos infantis. Trata-se de um projeto com algumas similitudes com o nosso Miúdos a votos, mas que incide sobre livros publicados recentemente e tem associados clubes de leitura espalhados pelo país. Apresenta também algumas semelhanças com Yoto Carnegie and Kate Greenaway Medals, projeto apresentado na última conferência do Plano Nacional de Leitura 2027.
📍 Ciciuhec, beremo z malčki (Lemos com os mais pequenos) – um projeto esloveno, de literacia emergente, que congrega jardins de infância e famílias.
📍 Poletavcem - poletnim bralcem (leitores de verão) – um concurso, também esloveno, que se baseia em 30 minutos diários durante 30 dias durante as férias de verão, que conta com o apoio das famílias. É um projeto que teve o seu início localmente mas que está a começar a escalar.
Os momentos de networking da conferência apresentaram-se igualmente como boas oportunidades de interação com participantes de toda a Europa, não só para conhecermos as suas realidades e ações, mas também para darmos a conhecer o que se faz nas bibliotecas escolares em Portugal e o importante papel assumido pelos professores bibliotecários (figura desconhecida para a maioria dos nossos interlocutores e que só nos enche de orgulho) neste desígnio global de promoção da leitura.
No passado sábado, 8 de abril, foi Dia Internacional das Pessoas Ciganas. De acordo com dados apresentados pelas bibliotecas escolares no âmbito do Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação 2021-2025, foram realizadas em 2021 seis projetos e atividades – alguns no âmbito do projeto Todos Juntos Podemos Ler- envolvendo a cultura e pessoas da comunidade cigana e com a participação de um total de 1.529 crianças e jovens.
Estas atividades centraram-se na leitura e discussão de livros como Ciganinho Chico do português cigano Bruno Gonçalves [2] e Os Ciganos de Sophia M. B. Andresen. [3]. Este era um conto inacabado de Sophia, encontrado no seu espólio na primavera de 2009 e que Pedro Sousa Tavares, jornalista e neto da escritora, concluiu.
Na biblioteca da Escola Básica Manuel Ferreira Patrício, em Évora, Bruno Gonçalves participou da apresentação da sua obra. Licenciado em Animação Socioeducativa, Bruno Gonçalves Gomes tem formação em mediação intercultural e é formador do Conselho da Europa em Mediação com Ciganos. A segunda edição do livro, publicada em 2021, uma década depois da primeira, inclui mais temas e é ilustrada pela portuguesa cigana Natália Serrana.
Na biblioteca da Escola Secundária do Entroncamento, sob o mote do Diálogo Intercultural, apresentaram-se costumes e tradições da Ucrânia e da comunidade cigana, tendo sido convidadas para falar uma encarregada de educação de nacionalidade ucraniana e uma jovem portuguesa cigana a frequentar o ensino superior.
Em 2022 houve bibliotecas escolares que celebraram o Dia Internacional do Povo Roma, 8 de abril. Por exemplo, a Escola Secundária João de Araújo Correia de Peso da Régua focou a evocação deste dia na exibição e discussão de Rhoma Acans, filme documental de Leonor Teles que obteve, na edição 2013 das Curtas de Vila do Conde, o prémio Take One! A realizadora tem, da parte do pai, raízes ciganas e licenciou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema. Balada de um Batráquio é outra das suas curtas-metragens que visa consciencializar e combater o anti-ciganismo [3].
Em 2022 a biblioteca da Escola Secundária da Quinta das Palmeiras, na Covilhã, apoiou a criação do documentário Igual a Ti, da autoria das alunas Eduarda Gouveia e Joana Melo e que venceu o concurso 25sub25 da Fundação Calouste Gulbenkian e da Ashoka Portugal, no âmbito do Change For Equality. O documentário contou ainda com o apoio da Universidade da Beira Interior e da cooperativa de intervenção social Coolabora.
Integrados no Todos Juntos Podemos Ler, em 2022, desenvolvem-se projetos que podem ser replicados por outras bibliotecas escolares, por exemplo:
- Leitura, ação, inclusão! do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes, em Olhão, em que os alunos, a partir do levantamento de rimas, lendas, lengalengas, trava-línguas, adivinhas e contos que fazem parte da tradição oral da comunidade cigana, desenvolvem atividades das quais resulta a criação de um livro digital;
- Histórias daqui e dali para ti e para mim!do Agrupamento de Escolas Santo António, no Barreiro, em que os alunos fazem pesquisa, recolha e partilha oral de lendas, fábulas, histórias de diferentes culturas, inclusive cigana, com exploração dos textos, de modo a descobrirem valores comuns de cidadania.
No âmbito destes projetos identificam-se e discutem-se também representações negativas e redutoras, estereotipadas, da cultura cigana em canções, contos e provérbios populares portugueses, por exemplo, “Com um olho no burro e outro no cigano”.
Este livro tem o preço simbólico de 7 euros, dos quais 1 euro reverte para apoio a jovens e mulheres ciganas que frequentem o ensino secundário ou superior. Pode ser adquirido através de:
Ambição - Associação para a Igualdade de Género nas Comunidades Ciganas. (2017, 8 Mar.). associacaoribaltambicaocigana@gmail.com
Por Isabel Bernardo, professora bibliotecária do AE Lima-de-Faria, Cantanhede
Manta de retalhos. É assim que muitas vezes me parece a vida como professora bibliotecária. Muitas são as tarefas, nas mais diversas situações, com muitas pessoas diferentes. Pessoas frequentemente localizadas em tempos e espaços díspares, num mosaico que, por vezes, se parece alargar para além do sustentável.
O livro digital com trabalhos dos alunos que está a ser criado; A exposição sobre o 25 de abril, e respetivos materiais de apoio em conceção e produção, para percorrer os jardins de infância e as escolas do primeiro ciclo, aquando da celebração dos 50 anos; A sessão sobre escrita científica com uma turma, a quem foi lançado o desafio de escrever um artigo científico; O concurso de gramática, cujas inscrições têm de ser abertas; A publicação da notícia sobre as vencedoras dos desafios de leitura.
Poderia continuar a enunciar cada um dos quadros coloridos que compõem o meu dia a dia. Nem todos são vibrantes, mas suficientemente coloridos para serem desafiantes.
Porém, há dias em que um retalho se destaca de todos os outros. Esse foi o dia em que conheci uma aluna e um aluno que se propuseram concorrer ao concurso Euroescolas com a minha orientação, enquanto professora bibliotecária. Tem sido um exemplo do que é um verdadeiro trabalho colaborativo. Um exemplo de abertura à aprendizagem e no qual me sinto verdadeiramente útil enquanto professora bibliotecária que, essencialmente, guia na tomada de decisões e ensina quanto é preciso. Desde o recorte específico do tema, do problema e da tese a desenvolver, da tipologia de texto a escrever, aos recursos bibliográficos, ao afinamento concetual e à transposição gráfica das ideias para comunicação oral. Tomadas de decisão em que o meu papel foi o de mostrar possibilidades quando necessário, esperar pelas escolhas dos alunos, ajudar a pensar nas consequências destas, mostrar outras possíveis alternativas e aguardar que em cada etapa avancem um pouco mais.
Talvez este retalho se encerre amanhã com a apresentação oral do trabalho realizado. Ou talvez não. Seja qual for o desfecho, fica a dádiva do ensinar e do aprender de que também é feita a vida de uma professora bibliotecária.
Isabel Bernardo, professora bibliotecária Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria
1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
3. Se é professor bibliotecário e gostaria de partilhar um “retalho”, poderá fazê-lo, submetendo este formulário.
Em linha com o Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação 2021-2025, para o qual contribui, a Rede de Bibliotecas advoga uma visão de comunidade inclusiva, que valoriza a diversidade e a coesão social, trabalhando nas áreas da educação, da cultura e da informação para erradicar todo o tipo de racismo e de discriminação.
Esta visão deve ser lembrada quando falamos do povo Roma, a maior e a mais discriminada minoria étnica no território europeu, segundo a nota informativa do Parlamento Europeu sobre o Dia Internacional dos Roma de abril de 2018 [2].
De acordo com a Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas 2013-2022 (ENICC) [3] coordenada pelo Alto Comissariado para as Migrações, I.P., estima-se que, em 2018, a nível mundial, as comunidades ciganas eram constituídas por 10 a 12 milhões de pessoas.
Apesar de residirem em Portugal há mais de quinhentos anos, a cidadania foi-lhes recusada até à Constituição de 1822 e ser-se cigano era crime até ao Código Penal de 1852.
Este passado de discriminação, pobreza e exclusão continua até à atualidade e atravessa todos os setores da vida diária destas pessoas.
Em 2022 a Fundamental Rights Agency (FRA) da União Europeia publica Ciganos em 10 países europeus [4]. Este relatório é resultante de um inquérito de 2021, baseado em entrevistas presenciais, feitas na língua materna, a cerca de 8.500 pessoas ciganas com 16 anos ou mais e cujos agregados somavam 20 mil. Foram feitas em 10 países da União Europeia (Portugal, Croácia, República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Roménia e Espanha), bem como na Macedónia do Norte e Sérvia, pois nesses dez Estados-membros, vivem 87% dos ciganos da UE. Em cada país, foi definida uma amostra aleatória representativa. Em Portugal, o Conselho da Europa estima haver 52 mil ciganos e foram entrevistados 568, contendo os seus agregados cerca de 1.500 membros. Este relatório traça um retrato sombrio:
⭕ - 29% das crianças entre os três e os seis anos frequentaram o jardim-de-infância (a média da UE é 44%) e só 10% dos jovens entre os 20 e os 24 anos completaram o ensino secundário (a média da UE é 27%) – esta é a taxa mais baixa da Europa;
⭕ - 31% tem trabalho remunerado – a média dos 10 países é 43%, enquanto a da restante população da UE é 72%;
⭕ - 96% da população cigana vive na pobreza em Portugal e sem perspetivas de melhoria – a média europeia em 2021 é 80% e o risco de pobreza na restante população da UE, em 2020, é 17%;
⭕ - No acesso à saúde e, no contexto da pandemia Covid-19, registou-se o maior aumento de discriminação: de 5%, em 2016, para 32%, em 2021 - a UE aumentou de 8% para 14%. A esperança média de vida nos países inquiridos, face à restante população, é de menos 9 e 11 anos, respetivamente para homens e mulheres.
⭕ - 62% dos ciganos em Portugal - a percentagem mais elevada dos 12 países inquiridos - sentiram-se alvo de discriminação no último ano – a média europeia é 25%; a percentagem de Portugal em 2016, foi 47%. Não obstante esta situação muito poucos denunciam discriminação às autoridades (2%);
⭕ - Baixa confiança nas instituições, por exemplo, na polícia - 27%, a média da UE é 39% - e no sistema jurídico - 17% em 2021, 31% é a média da EU.
Segundo Jaroslav Kling, autor do relatório, “Portugal aumentou drasticamente os seus esforços em todas as áreas para melhorar tanto a situação de vida dos ciganos, como as atitudes da população em geral em relação aos ciganos”, por exemplo, na área da educação, Portugal é o país onde segregação e bullying por razões étnicas das crianças entre os 6 e os 15 anos é menor: 2% em 2021 - a média da UE é 52%.
A importância da educação na transformação
Em Portugal, contribuíram para a valorização e reconhecimento do papel desta comunidade entidades públicas, como o Alto Comissariado para as Migrações e privadas, como a Rede Europeia Anti-pobreza – EAPN Portugal, bem como iniciativas, como o programa Escolhas, de inclusão social de crianças e jovens de contextos socioeconómicos desfavorecidos e o Programa Europeu de Formação para Mediadores Ciganos – Romed do Conselho da Europa. A ENICC, o Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação desenvolvidos no âmbito do Quadro Estratégico da UE relativo aos ciganos para 2020-2030 enquadram as ações nos diversos setores, designadamente na educação.
A educação é a área-chave que possibilita a mobilidade social e a mudança em todos os setores. Apostar na educação também é fundamental para a mudança de mentalidades e de atitudes da população em geral. A pandemia Covid-19 aumentou o discurso de ódio em relação a esta comunidade, sobretudo a partir das redes sociais, havendo quem a tivesse culpado pela propagação do vírus e que propusesse planos de confinamento e cordões sanitários específicos.
Instituição do Dia Internacional das Pessoas Ciganas pelas Nações Unidas
Segundo a nota informativa do Parlamento Europeu sobre o Dia Internacional dos Roma de Abril de 2018 [2], o Dia Internacional das Pessoas Ciganas (International Roma Day) foi instituído no Primeiro Congresso Mundial Romani, realizado em Londres, a 8 de abril de 1971. Nele foram adotados os principais símbolos desta comunidade, a bandeira e o hino Gelem Gelem e decidiu substituir-se o termo vulgar Cigano pelo termo Roma, palavra que no idioma deste povo significa Homem/ Ser Humano.
Desde então, 8 de abril é comemorado em todo o mundo, sendo ocasião para o reconhecimento da cultura, língua e história da comunidade cigana e a luta contra a discriminação e perseguição do povo cigano.
Queremos que todos os dias sejam dias das pessoas ciganas!
Porque a situação de privação, marginalização e invisibilidade (por exemplo, nos manuais escolares e na literatura) das comunidades ciganas é alimentada por forte preconceito e desconhecimento da sua história e cultura, é fundamental que a abordagem educativa das bibliotecas escolares privilegie a escuta, o diálogo e a interação com pessoas destas comunidades, bem como a recolha de dados e de notícias que ajudam a consciencializar para o problema do preconceito anti-cigano ou a dar visibilidade a situações normais da vida destas pessoas e ao papel positivo que sempre desempenharam na sociedade.
O próximo artigo sobre o tema apresentará propostas de recursos e exemplos de atividades realizadas com as bibliotecas escolares e que visam fazer com que todos os dias sejam dias das pessoas ciganas.
A Rede de Bibliotecas do Concelho de Loulé (RBCL) entende que a leitura é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento pessoal e cultural das pessoas, e por isso, busca incentivar o acesso à mesma de forma lúdica e prazerosa.
Desta forma, a comemoração da Semana da Leitura 2023 e a proximidade ao Dia Mundial da Poesia foram o mote para “espalhar” poesia por diversos espaços emblemáticos da cidade. Os visitantes destes espaços puderam ouvir poemas de Eugénio de Andrade, pela voz de alunos e utilizadores das instituições que fazem parte da RBCL, disponibilizados em formato de QR Code.
A exposição coletiva “Procuro-te, Eu... génio!” é uma singela homenagem ao poeta por ocasião da comemoração do centenário do seu nascimento.
Com esta iniciativa, a RBCL reforça seu compromisso com a promoção da literatura e da leitura, como elementos fundamentais para a formação cultural e pessoal.
A exposição estará disponível, até ao final do mês de abril.
Rede de Bibliotecas Terras de Monsalude comemora a leitura
A 𝑹𝒆𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝑩𝒊𝒃𝒍𝒊𝒐𝒕𝒆𝒄𝒂𝒔 𝑻𝒆𝒓𝒓𝒂𝒔 𝒅𝒆 𝑴𝒐𝒏𝒔𝒂𝒍𝒖𝒅𝒆, que agrega as bibliotecas públicas e escolares dos concelhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, implementou ao longo do mês de março, de 2023, o evento Andarilhagens em Rede, com um conjunto de atividades destinadas ao público escolar e à comunidade em geral.
A Sustentabilidade do Planeta foi o mote para esta terceira edição do Andarilhagens em Rede. Livros, leitura, encontros com escritores, jogos, teatro, oficinas, exposições e debates são as propostas que as bibliotecas ofereceram ao longo do mês, para debater, refletir e sensibilizar para a sustentabilidade, bem como para celebrar a importância e o prazer da leitura. Consulte a programação.
O Agrupamento de Escolas de Nisa orgulha-se por ser o anfitrião desta iniciativa que terá lugar a 10 e 11 de maio de 2023.
O dia 10 de maio é dedicado à formação de professores (em processo de acreditação pelo Prof'Sor, enquanto ACD, mediante inscrição a anunciar brevemente), com a presença do Professor Doutor Bravo Nico - ’Sermos quem somos: a essência da Educação’- enquanto o dia 11 será dedicado à apresentação dos trabalhos das escolas e participação em atividades culturais, na vila de Nisa.
Ao longo do tempo, as Bibliotecas Escolares do Alto Alentejo, promotoras deste evento, têm procurado articular o seu trabalho, enquanto espaços de cidadania, com o currículo local (pela promoção das diferentes literacias) e, em 2023, o subtema a abordar será Arte Con.Raízes. Destaca-se a importância da história local e da memória coletiva, trazendo para a escola os saberes de cada comunidade e os espaços em que se integram.
Uma organização da Rede Interconcelhia de Bibliotecas Escolares dos concelhos de Alter do Chão, Castelo de Vide, Crato, Gavião, Marvão, Nisa e Ponte de Sôr. Como convidado, estará o Agrupamento de Escolas Nº2 de Abrantes.
Em maio de 2018, o Município de Torres Vedras afetou uma Assistente Operacional à Biblioteca Escolar da Escola Básica de Ponte do Rol, Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, com o objetivo de dar apoio ao projeto Bibliotecnologi@s apoiado pela Rede Bibliotecas Escolares. A colocação da assistente resultou, assim, de uma parceria entre o agrupamento de escolas e a autarquia, como uma das contrapartidas de apoio ao projeto.
Mais tarde surgiu uma outra oportunidade profissional para esta assistente e a mesma rescindiu o contrato , sendo que no ano letivo de 2021-2022, foi substituída, de forma a dar resposta a um novo projeto ABC+Digital – Escola do Futuro, apoiado pela autarquia.
Com o projeto Bibliotecnologi@s, pretendia-se promover a capacitação digital dos alunos, as literacias da leitura, da informação e dos media, visando apoiar o desenvolvimento de um conjunto de competências gerais e transversais às diferentes áreas curriculares e conteúdos programáticos, em contextos diversificados, promovendo a biblioteca escolar como um ambiente de aprendizagem transdisciplinar e dinâmico. Recorrendo aos tablets para fazer leitura de e-books e fazer pesquisas, os alunos respondiam a diversos desafios criados com recursos a ferramentas digitais (Kahoot, Quizizz, H5P, Forms). Para além destes desafios, foram organizadas pastas com jogos pedagógicos no ambiente de trabalho dos tabletes, que os alunos podem requisitar para utilizar na biblioteca.
Este último projeto, ABC+Digital – Escola do Futuro, surgiu no início da pandemia, aquando da ida dos alunos para ensino a distância. Este projeto tem como principais objetivos a prática da escrita com recurso ao teclado e acesso às plataformas do moodle e às ferramentas do Office 365, de forma a minimizar os constrangimentos do ensino não presencial, comparativamente ao ensino presencial e, ao mesmo tempo, maximizar o uso de recursos das TIC para fomentar o desenvolvimento eclético do processo ensino-aprendizagem em qualquer regime de ensino, seja ele presencial, misto ou a distância. Para tal, o Município fez um investimento, nesta escola, de cerca de 33.000,00€ em equipamentos informáticos (computadores portáteis), mesas digitalizadoras, entre outros equipamentos, fundamentais para implementar este projeto e aliá-lo às Bibliotecnologi@s.
Salienta-se que o projeto ABC+Digital – Escola do Futuro tem tido continuidade ao longo do presente ano letivo, assim como as dinâmicas associadas ao projeto das Bibliotecnologi@s. O atual projeto conta semanalmente com um professor que faz coadjuvação em sala de aula (esta coadjuvação está estipulada no próprio horário do professor titular).
Salienta-se que esta transformação de práticas educativas só se torna possível com a vontade dos professores titulares de turma em aderir a novas dinâmicas pedagógicas, bem como o apoio fundamental da assistente afeta à BE, pois é a mesma que faz a gestão dos tablets: instalação de aplicações, respetiva manutenção, carregamento e apoio à utilização dos mesmos por parte de alunos/crianças e professore(a)s/ educadore(a)s.
Sendo uma biblioteca com 1.º ciclo e pré-escolar, trata-se de um apoio “precioso” para garantir também a abertura diária do espaço para utilização autónoma e em grupo turma/ sala. Para além da requisição dos equipamentos para a utilização em sala de aula e no espaço da biblioteca (os meninos do pré-escolar também usam os tablets, no espaço da biblioteca, em atividades promovidas pelas educadoras). Esta funcionária presta, assim, um apoio imprescindível na utilização dos equipamentos e recursos digitais, assim como na requisição autónoma de livros para casa, o que acontece semanalmente em grupo turma/ sala.
Com o objetivo de incentivar a leitura dos mais novos e salientar a importância dos livros infantis no processo de educação, celebra-se, anualmente, a 2 de abril, o Dia Internacional do Livro Infantil. Esta data foi selecionada em virtude de se assinalar o aniversário de Hans Christian Andersen, escritor infantil de grande relevo. O Dia Internacional do Livro Infantil é comemorado desde 1967.
Segundo a DGLAB, o cartaz de Ana Ventura transmite a ideia que tem sido subjacente a este dia ao longo dos anos: um livro como raiz para a vida, que a alimenta e lhe dá os nutrientes para a diversidade, tal como as palavras dão vida aos sonhos de cada um.
Ana Ventura nasceu em Lisboa em 1972.
É ilustradora e artista plástica. Em 2000 licenciou-se em Pintura pela FBAUL, com especialização na tecnologia de Gravura. Em 1999 fez um Estágio de Gravura, Ilustração e Pintura, na École Supérieure d'Art Visuel La Cambre, Bruxelas.
Vive e trabalha entre Antuérpia e Lisboa. Desenvolve o seu trabalho em diversos suportes, desde livros a serigrafias, postais, roupa e acessórios.
Tem ilustrações em livros de autores portugueses e estrangeiros publicados na Alemanha, Itália, Noruega e Portugal.
Em 2017, na Sérvia, recebeu o Special Award – The 6th Book Illustration Festival “BookILL Fest” e em 2022, nos EUA, recebeu o Distinguished Merit 3×3 International Illustration Annual No.19.
Também em 2022 foi vencedora do Prémio Nacional de Ilustração com o livro Mudar, publicado pela Pato Lógico.
Internacionalmente a IBBY (International Board on Books for Young People) envolve-se de forma muito relevante com a celebração e convida anualmente um país a dar o mote e a escrever um texto alusivo à literatura para a infância. Este ano a responsabilidade é da Grécia, o texto é da autoria de Vagelis Iliopoulus e o cartaz de Photini Stephanidi.
Eu sou um livro, lê-me
Eu sou um livro. Tu és um livro. Todos somos livros.
A minha alma é a história que conto. Todos os livros contam a sua história.
Podemos parecer muito diferentes - uns grandes, uns pequenos, uns coloridos, uns a preto e branco, uns com poucas páginas, outros com muitas.
Podemos dizer coisas parecidas ou completamente diferentes, é essa a nossa beleza. Seria aborrecido sermos todos iguais. Cada um de nós é único.
E cada um tem direito a ser respeitado, a ser lido sem preconceito, a ter espaço na tua biblioteca.
Podes ter uma opinião sobre mim. Podes querer questionar ou comentar o que lês. Podes voltar a arrumar-me na prateleira ou ficar comigo perto, a viajar durante muito tempo.
Mas nunca deixes que ninguém se livre de mim ou me mande para outra estante. Nunca peças que me destruam, nem permitas que o façam.
E se outro livro chegar vindo de outra estante, porque algo ou alguém o afastou, abre espaço. Ele cabe junto a ti.
Tenta sentir o que ele sente. Compreendê-lo. Protegê-lo. Podes um dia estar no seu lugar.
Porque também tu és um livro. Somos todos livros.
Vá, di-lo bem alto para que todos te ouçam. «Eu sou um livro, lê-me.»