Manta de retalhos
Por Isabel Bernardo, professora bibliotecária do AE Lima-de-Faria, Cantanhede
Manta de retalhos. É assim que muitas vezes me parece a vida como professora bibliotecária. Muitas são as tarefas, nas mais diversas situações, com muitas pessoas diferentes. Pessoas frequentemente localizadas em tempos e espaços díspares, num mosaico que, por vezes, se parece alargar para além do sustentável.
O livro digital com trabalhos dos alunos que está a ser criado;
A exposição sobre o 25 de abril, e respetivos materiais de apoio em conceção e produção, para percorrer os jardins de infância e as escolas do primeiro ciclo, aquando da celebração dos 50 anos;
A sessão sobre escrita científica com uma turma, a quem foi lançado o desafio de escrever um artigo científico;
O concurso de gramática, cujas inscrições têm de ser abertas;
A publicação da notícia sobre as vencedoras dos desafios de leitura.
Poderia continuar a enunciar cada um dos quadros coloridos que compõem o meu dia a dia. Nem todos são vibrantes, mas suficientemente coloridos para serem desafiantes.
Porém, há dias em que um retalho se destaca de todos os outros. Esse foi o dia em que conheci uma aluna e um aluno que se propuseram concorrer ao concurso Euroescolas com a minha orientação, enquanto professora bibliotecária. Tem sido um exemplo do que é um verdadeiro trabalho colaborativo. Um exemplo de abertura à aprendizagem e no qual me sinto verdadeiramente útil enquanto professora bibliotecária que, essencialmente, guia na tomada de decisões e ensina quanto é preciso. Desde o recorte específico do tema, do problema e da tese a desenvolver, da tipologia de texto a escrever, aos recursos bibliográficos, ao afinamento concetual e à transposição gráfica das ideias para comunicação oral. Tomadas de decisão em que o meu papel foi o de mostrar possibilidades quando necessário, esperar pelas escolhas dos alunos, ajudar a pensar nas consequências destas, mostrar outras possíveis alternativas e aguardar que em cada etapa avancem um pouco mais.
Talvez este retalho se encerre amanhã com a apresentação oral do trabalho realizado. Ou talvez não. Seja qual for o desfecho, fica a dádiva do ensinar e do aprender de que também é feita a vida de uma professora bibliotecária.
Isabel Bernardo, professora bibliotecária
Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria
1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
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