O concurso de leitura expressiva “Leituras na Planície” é organizado pelos professores bibliotecários dos Agrupamentos de Redondo, Moura, Portel, Manuel Ferreira Patrício (Évora), André de Gouveia (Évora) e Escola Secundária Poeta Al Berto (Sines), sendo coadjuvado pela Rede Bibliotecas Escolares através dos respetivos coordenadores interconcelhios.
O concurso tem como objetivos principais:
- a promoção do gosto pela leitura;
- o contacto com os livros;
- o desenvolvimento da expressividade / leitura expressiva em voz alta.
A iniciativa decorreu em 3 fases:
- em sala de aula com os professores titulares de turma ou professores de Português,
- na Biblioteca Escolar, uma pré-seleção a cargo do grupo de trabalho visando apurar 3 alunos por cada ano de escolaridade
- final.
A fase final decorrerá de forma síncrona através de uma plataforma online e será transmitida, em direto no dia 7 de junho, através de hiperligação disponibilizada a todos os agrupamentos participantes. Clique para ver o programa.
O júri desta fase será constituído por um representante de cada uma das seguintes instituições: Rede de Bibliotecas Escolares, Plano Nacional de Leitura, Fundação Eugénio de Almeida e Câmara Municipal de Redondo.
Participaram nesta iniciativa 31 Agrupamentos de Escolas e estarão na final 30 alunos (3 alunos por ano de escolaridade de todos os níveis de ensino).
O relatório O caminho curto e sinuoso até 2030: medindo a distância até aos objetivos dos ODS [1] da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) faz um ponto da situação sobre o trabalho dos 38 países membros para alcançar os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) até 2030.
O relatório destaca que, nas últimas décadas, a maioria dos países da OCDE não fez progressos na redução da pobreza, estando longe de alcançar a Prosperidade (ODS 7 a 11).
Um em cada oito residentes dos países membros vive com baixa renda. As desigualdades são exacerbadas por:
- Disparidades na educação – “mais de um em cada dez jovens adultos não tem emprego, educação ou formação e no México, Itália, Turquia e Colômbia é um em cada cinco”;
- Comportamentos prejudiciais à saúde, prevalecentes em níveis socioeconómicos mais baixos: desnutrição/ obesidade (60% dos adultos), tabagismo (17% dos adultos fumam diariamente) e consumo de álcool.
O relatório avalia, para cada meta ou grupo de metas da Agenda 2030, a situação de cada país apresentando, sempre que existem, dados nacionais comparáveis, para além de resultados globais.
Portugal obtém bons resultados
Relativamente à distância em que Portugal se encontra para alcançar os ODS até 2030, destaca que o país apresenta bons resultados em:
- Qualidade do ar, energias renováveis e eficiência energética, resíduos e água (ODS 6 e 7) – tem maior eficiência energética do que a média da OCDE e está a aumentar o uso de fontes de energia renovável, correspondendo a mais de metade da eletricidade e a um terço do consumo de energia (dados de 2019);
- Resíduos e consumo sustentável, reciclagem e compostagem melhoram os seus níveis, mas ainda se encontra abaixo da média da OCDE (ODS 11 e 12);
- Inclusão: para 9 em cada 10 portugueses Portugal é um bom local para viver para minorias raciais e étnicas e tem boas políticas de migração (ODS 10). O quadro legal promove e monitoriza a igualdade de género nos diferentes setores (ODS 5), não obstante elevada e persistente desigualdade salarial e o facto das mulheres gastarem diariamente quase 4 horas a mais do que os homens em cuidados e tarefas domésticas, segundo dados de 1999.
Portugal enfrenta desafios
- Na saúde (ODS 3) está próximo de alcançar as metas, mas dietas pobres em nutrientes, obesidade (um terço da população) e comportamentos de risco, como tabagismo (14% de fumadores adultos – Portugal é um dos 5 países da OCDE em que o tabagismo não tem vindo a diminuir significativamente) e consumo de álcool aumentam o risco de doenças e mortalidade, para além de que ansiedade provocada pela pandemia deverá aumentar o consumo destas substâncias.
Apesar da cobertura quase universal, grupos vulneráveis têm dificuldade de acesso a cuidados de saúde;
- No ambiente apresenta perda significativa na biodiversidade (Metas 2.5 e 15.5), como a maioria dos países da OCDE.
Um terço da área total de terra apresenta-se degradada, segundo dados de 2015 – é o segundo pior país, depois do México (ODS 15).
Há necessidade de políticas e monitorização de produtos químicos e resíduos perigosos, da pesca ilegal e recreativa e do turismo (ODS 12 e 14).
Reciclagem e a compostagem e recuperação de resíduos alimentares está a aumentar, mas continua abaixo da média da OCDE (ODS 11 e 12). Apesar de escassos dados, “O desperdício de alimentos [ODS 12] é generalizado na maioria dos países da OCDE” e Portugal é um dos 12 países que está mais longe de alcançar esta meta.
Também é um dos 11 países que estão mais longe de alcançar a Redução de Risco de Desastres (DRR - Disaster Risk Reduction) naturais relacionados com o clima.
- Economia e produtividade laboral cresce a ritmo lento, apesar da taxa de desemprego ligeiramente abaixo da OCDE (ODS 8).
ODS e bibliotecas
Na Década de Ação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2020 – 2030), segundo apelo da ONU e, quando faltam 8 anos para 2030, é importante tomarmos consciência de que falharmos os ODS poderia comprometer o futuro e sobrevivência do ser humano.
Na biblioteca desenvolvemos ações que consciencializem para a necessidade de políticas fortes e mudança de estilos de vida?
Partindo de uma área crítica do relatório da OCDE, crie e desenvolva, com as crianças e jovens, uma ação que promova um ODS. Depois, partilhe a história dessa ação com todos, colocando a sua biblioteca no mapa global das Histórias ODS [SDG Stories] da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). O seu contributo é tanto mais necessário quanto Portugal não regista neste mapa qualquer iniciativa.
Para se inspirar pode consultar outras propostas apresentadas pela IFLA [5].
Alcançar os ODS é um desafio para o qual todos somos responsáveis.
Os Planos de Desenvolvimento Pessoal Social e Comunitário (PDPSC) são uma medida de política educativa, reconhecida pela sua eficácia no aperfeiçoamento de competências sociais, emocionais e de desenvolvimento pessoal dos alunos, bem como no aprofundamento do envolvimento familiar e comunitário, que, a partir do ano letivo 2021/22, integram o Plano de Recuperação das Aprendizagens, Plano 21|23 Escola+.
Construídos numa lógica de bottom-up, estes Planos dão resposta às fragilidades diagnosticadas pelas próprias escolas, através de medidas implementadas numa ação de complementaridade entre docentes e técnicos especializados das mais diversas áreas de especialidade. Conta-se com psicólogos e terapeutas da fala, com ações dirigidas ao desenvolvimento de competências pessoais e socioemocionais e também competências de literacias múltiplas, sendo as mais predominantes a literacia emergente e a literacia da leitura e da escrita. Mediadores, educadores sociais e assistentes sociais que desempenham ações essenciais à implementação de medidas com foco no envolvimento familiar e comunitário e em programas de tutoria e mentoria. Técnicos de informática que dão resposta a necessidades técnicas no âmbito do Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da Escola bem como à capacitação digital de docentes, alunos e familiares. Ou ainda artistas e animadores que dão o seu contributo numa educação pela arte e pelo lúdico. Nutricionistas, terapeutas ocupacionais, mediadores de leitura, entre muitos outros de áreas tão distintas promovem o sucesso escolar de crianças e alunos desde a educação pré-escolar até ao ensino secundário, em todas as escolas de Portugal Continental, em estreita articulação com toda a comunidade educativa.
A biblioteca escolar, enquanto centro de inovação da escola, é uma das parceiras de excelência dos inúmeros projetos que aí decorrem, quer de apoio ao currículo, quer de desenvolvimento de múltiplas competências, com enfoque especial para a literacia da leitura, da informação e dos media. A biblioteca é um espaço de inclusão, conhecimento e cultura que promove o envolvimento com as famílias e a comunidade. “Sítios de colaboração e diálogo, de curiosidade e descoberta, de pensamento e reflexão, de projeto e iniciativa, as bibliotecas escolares ajudarão todos e cada um a desenvolver as suas capacidades e talentos, na compreensão e no respeito pela memória coletiva e pelos direitos humanos” (RBE, 2021, p. 14).
O desenvolvimento ativo, intencional e regular de projetos e atividades pelas bibliotecas escolares e em articulação com todas as estruturas de cada escola constitui uma das mais importantes estratégias para o sucesso escolar e o desenvolvimento pessoal e cultural das crianças e jovens, contribuindo para que adquiram as múltiplas literacias de que necessitam, tal como defendido no ‘Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória’.
Neste sentido, é fundamental promover um trabalho de articulação entre os professores bibliotecários e os técnicos afetos às escolas, no âmbito da implementação dos PDPSC, pois, desta forma, rentabilizam-se recursos, diversificam-se estratégias e trabalha-se de forma concertada em prol das aprendizagens dos alunos.
São inúmeros os exemplos de articulação entre os professores bibliotecários e os técnicos PDPSC e os resultados alcançados são francamente positivos, tendo, aliás, sido divulgados alguns exemplos no relatório A ação estratégica das escolas portuguesas no desenvolvimento pessoal, social e comunitário dos alunos durante a pandemia de COVID-19 (Verdasca et al, 2022), elaborado para avaliação dos Planos de Desenvolvimento, Pessoal, Social e Comunitário, relativamente ao ano letivo 2020/2021, nomeadamente, no âmbito do desenvolvimento das artes performativas, da leitura e da escrita e da relação com os parceiros da comunidade.
Dando continuidade à divulgação de práticas pedagógicas impactantes, neste relatório são apresentados três exemplos de estreita articulação entre os técnicos PDPSC e os professores bibliotecários, em intervenções com foco nos seguintes domínios:
- Envolvimento familiar: Agrupamento de Escolas de Paredes e Agrupamento de Escolas de Tábua;
- Artes, expressões e cultura: Agrupamento de Escolas de Santiago do Cacém.
Para dar voz a outras escolas que poderão servir de inspiração para o trabalho a realizar, serão publicados no blogue RBE vários artigos que relatam experiências de sucesso neste trabalho de articulação entre os PDPSC e as bibliotecas escolares, até ao final do presente ano letivo.
2. Verdasca, J., Neves, A., Fonseca, H., Fateixa, J., João, M. J., Procópio, M., & Magro-C, T. (2022). A ação estratégica das escolas portuguesas no desenvolvimento pessoal, social e comunitário dos alunos durante a pandemia de COVID-19. ME/PNPSE. https://pnpse.min-educ.pt/estudo7