Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre."
Paulo Freire
Esta ideia simples de Paulo Freire poderia ser, quase, um axioma da educação que se pretende para os cidadãos do século XXI.
Desafios como oportunidades
Todos reconhecemos que estamos face a uma realidade em mudança acelerada, caracterizada por padrões de exigência cada vez mais elevados, em que as competências necessárias, para responder a esta sociedade do conhecimento não se compaginam com uma perspetiva educativa tradicional. Por isso, há que buscar uma educação baseada numa teoria praxiológica, uma educação em que as dificuldades, os obstáculos e as contradições são vistos como desafios, como pontos de partida para a construção de um saber que se baseia numa ótica de investigação-ação, de autoconstrução do conhecimento, em que as dificuldades e os desafios são, antes de mais, e construtivamente, as oportunidades com as quais “aprendemos sempre”.
O aprendente como um todo
No entanto, “(…) as escolas do século XXI continuam a debater-se com a mesma dificuldade, procurando, como no período que se seguiu à criação da imprensa, encontrar uma posição de equilíbrio que conserve a sua relevância como espaço privilegiado de ensino e aprendizagem e da missão do professor como mediador dessa mesma aprendizagem na escola sem muros, na aula aberta (…)”. (Escola, 2005:448). Os Planos de Desenvolvimento Pessoal Social e Comunitário (PDPSC) enquadram magnificamente este desiderato de “aula aberta”, de olhar para o aprendente como um todo, académico, social e emocional; de alargar, agora de forma articulada e transversal, o processo de ensino-aprendizagem a todos os parceiros educativos, a família em particular.
O caso da Escola Básica de Bitarães, Paredes
Um dos projetos em que esta dinâmica foi implementada teve lugar na Escola Básica de Bitarães, do Agrupamento de Escolas de Paredes. No âmbito do Plano de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário, desenvolvem-se atividades inseridas na medida: "Conversas em casa inspiradas na escola", que consiste num guião, elaborado com o apoio da psicóloga afeta ao projeto, com propostas de atividades alusivas a um tema útil da sociedade, cumprindo o objetivo de serem realizadas em família, conversando, debatendo, pesquisando, descobrindo, assimilando e aplicando novos conhecimentos. Numa perspetiva construtivista, esta medida pretende envolver as famílias na vida escolar dos seus educandos, bem como diminuir as dificuldades na mobilização da informação e na comunicação, a fim de superar as dificuldades a Português e Matemática.
Assim, foram criadas as tertúlias para pais “A falar é que a gente se entende”, realizadas de forma online, com uma taxa de concretização superior a 90%. Os resultados do questionário de satisfação realizado, subsequentemente, aos alunos, demonstram, de forma inequívoca, o sucesso da iniciativa. Em resposta à questão “Os teus familiares envolveram-se nas atividades?”, 80% considerou que estes se envolveram muito.
Na Escola Básica Estádio do Mar, Matosinhos
Apelando, de novo, ao pedagogo Paulo Freire, regista-se que “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar a possibilidade para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Este princípio reflete bem os objetivos de um outro projeto, desenvolvido pelos alunos do 4º ano da Escola Básica Estádio do Mar, em Matosinhos, pertencente ao Agrupamento de Escolas Professor Óscar Lopes. O foco da atividade foi a História e o conhecimento do Património do concelho. Pretendeu-se, desta forma, convocar e perpetuar valores e memórias, preconizando o envolvimento cívico e o reforço da essência da própria comunidade. Tendo como dinamizadores os docentes das disciplinas de Estudo do Meio/CeD, apoiados pelo técnico de informática/audiovisual, procurou-se que os alunos consolidassem as suas aprendizagens, de uma forma dinâmica e responsável. Em consonância, foi criado um roteiro interativo, com contextos e situações de aprendizagem mediados por tecnologias e ferramentas digitais, o que permitiu afirmar a identidade da cidade de Matosinhos, partindo do conhecimento e divulgação das suas tradições, lendas e elementos patrimoniais.
O papel das bibliotecas escolares
Em ambos os projetos o papel e relevância das Bibliotecas Escolares foi essencial para a respetiva estruturação, desenvolvimento e implementação. Como é referido no documento “Avaliação do impacto da biblioteca escolar”, pág. 9, “Uma abordagem à aprendizagem através da pesquisa implica que os alunos se envolvam ativamente, com diversas e frequentemente contraditórias fontes de informação e ideias, para descobrir novas ideias, para construir novo conhecimento e para desenvolver pontos de vista e perspetivas pessoais.”
O professor bibliotecário tem o papel fundamental de organizar recursos documentais, impressos e online, e orientar, em conjunto com o professor da(s) turma(s), e os técnicos afetos aos projetos, as atividades de pesquisa e elaboração dos trabalhos. Desta forma, os alunos interagem e trabalham em grupo, partilhando conhecimento e responsabilizando-se, conjuntamente, pela construção deste, assim como pela obtenção de resultados. Estamos face a um processo de aquisição de saberes que se pauta pela valorização e uso de princípios e normas que requerem e reforçam a educação cívica dos alunos, enquanto produtores e consumidores de informação. Estes princípios incluem o uso crítico e responsável das tecnologias e meios de comunicação, bem como o respeito pelos direitos e deveres, inerentes ao uso dos media e da informação.
Em conclusão, a transformação da aprendizagem em conhecimento, através do desenvolvimento de diferentes literacias tem, na biblioteca escolar, o contexto ideal para apreender e desenvolver estas competências, cada vez mais essenciais à formação de cidadãos responsáveis, autónomos e críticos, perante os desafios da world wide web, na era do mobile learning.
Referências
1. Escola, J. (2005). “Ensinar e Aprender na Sociedade do Conhecimento” In Livro de Atas, 4º SOPCOM, Repensar os Media: Novos Contextos da Comunicação e da Informação. Aveiro: Universidade de Aveiro: 343,358.
No contexto de mudança e incerteza quanto ao futuro a “Secção de Leitura e Literacia está atualmente a concentrar-se na Leitura para o Bem-Estar. Este assunto tem sido o nosso foco principal nos últimos dois anos e atualmente estamos a planear iniciativas e programas em torno de Biblioterapia, Leitura Partilhada, Leitura Consciente e Contar Histórias”, afirma Atlanta Meyer, Presidenta da Secção de Leitura e Literacia da International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) [1], cujas diretrizes são seguidas pela Rede de Bibliotecas Escolares.
Uma das primeiras definições de biblioterapia diz que esta é “um processo de interação dinâmica entre a personalidade do leitor e a literatura, de carácter psicológico e que contribui para o ajustamento e desenvolvimento do ser humano” (Caroline Shrodes, 1949) [2].
De acordo com a pesquisa de “bibliotherapy” em ODLIS: Online Dictionary of Library and Information Science, pode ter 3 fases:
1. Diagnóstico do problema e interesses de leitura do paciente e recomendação de material de leitura pelo terapeuta com decisão de textos a ler por aquele.
2. Durante a leitura, o leitor percebe como (pelo menos) um dos personagens resolve os seus desafios e identifica-se com ele, facilitando a catarse. Podem ser propostos exercícios de leitura como seleção de frases significativas, formulação de perguntas, escrita de outro final da narrativa, ilustração, dramatização...
3. Reflexão crítica e diálogo com o terapeuta sobre a relevância da solução sugerida pelo texto e que pode dar azo ao aprofundamento da partilha da história pessoal e à mudança.
A American Library Association disponibiliza recursos que apoiam a formação em biblioterapia e “para ajudar crianças em tempos de dificuldade” em idioma inglês [3]. A Rede de Bibliotecas Escolares disponibiliza, em português, álbuns gráficos que podem ser ponto de partida para falar sobre temas difíceis como igualdade de género, racismo e discriminação, bullying, homossexualidade, guerra e doença mental [4].
A biblioterapia é uma abordagem terapêutica que usa sobretudo literatura ou livros de ficção - metáforas e símbolos dão azo a projeção de sentimentos e ideias - mas também textos de não ficção como filosofia, memórias ou desenvolvimento pessoal, para tratar problemas de saúde mental como ansiedade, depressão e traumas, bem como consumos e dependências e pode ser complemento à psicologia e psiquiatria tradicionais.
Esta terapia pode desenvolver-se em sessões individuais ou em grupo e nelas pretende-se que o leitor compreenda outras perspetivas, desenvolva empatia percebendo que o problema é comum a outras pessoas e experimente sentimentos de autoestima/ eficácia e contentamento.
Pode ser desenvolvida com apoio de terapeutas especializados, mas não sendo, não se conhecem efeitos prejudiciais e pode ser sobretudo útil para pacientes com problemas moderados, pouco tempo e dinheiro. A International Federation for Biblio/Poetry Therapy é uma das instituições que estabelece diretrizes para biblioterapia e certifica estes profissionais.
Tal como a cinetarapia e a musicoterapia, também a biblioterapia é uma área que pode ser aprofundada pelos bibliotecários. A compreensão e experiência que têm de análise do comportamento humano, de livros e materiais de leitura e abordagens que geram envolvimento e discussão facilita esta oportunidade que conhece cada vez mais adeptos no âmbito de uma estratégia holística de cuidados de saúde que favorecem o bem-estar.
Também pode ser trabalhada em contexto de educação para a cidadania que visa aprender a colocar-se no lugar do outro numa lógica, não só de tomada de consciência dos próprios direitos, como de cumprimento dos deveres associados para que todos os direitos humanos sejam maximamente exercidos no espaço público [2].
Perspetivando o futuro da leitura em contexto da biblioteca, Atlanta Meyer identifica outro desafio: “Ler é divertido! A leitura aproxima as pessoas, acende a imaginação, desenvolve a criatividade e proporciona um sentimento de pertença. Sabemos da importância e benefícios da leitura e como promovê-los, mas não sabemos como promover a leitura por diversão e acho que é por aí que devemos começar.”
Gostaríamos de ouvi-lo sobre como promover o bem-estar e a diversão através da leitura…
No presente ano letivo, o projeto À Volta dum livro... centrou-se no livro A Maior Flor do Mundo, de José Saramago, uma forma de comemorar o centenário do nascimento do escritor que resultou da articulação da biblioteca escolar com as disciplinas de Matemática, Educação Musical, Educação Visual, Educação Tecnológica, Português e Ciências Naturais, e foi desenvolvido nas turmas do 6.º ano (46 alunos) da Escola Básica D. Sancho I, Pontével.
Deu-se início ao projeto com a leitura do livro A Maior Flor do Mundo, pela professora bibliotecária, e visualização da curta-metragem de animação baseada no livro, realizada por Juan Pablo Etcheverry, com música de Emilio Aragón e produção de Continental Animación.
Nas disciplinas de Educação Visual e Educação Tecnológica, foram elaboradas flores com recurso a diversos materiais e abordados conteúdos das várias disciplinas envolvidas: texto narrativo; fabricação/construção; projeto de trabalho; simetria/assimetria; noções de escala; ligação/união dos materiais; a cor; segurança e higiene no trabalho. Posteriormente, realizou-se um concurso, tendo toda a escola sido convidada a votar na flor mais bonita. Ao aluno vencedor foi oferecido o livro A Maior Flor do Mundo, de José Saramago.
Na disciplina de Matemática, os alunos estudaram a simetria/assimetria e criaram um teatro de sombras simétricas, musicado na aula de Educação Musical. Este foi apresentado na biblioteca, na festa final do projeto, pela turma do 6.ºB.
Na disciplina de Ciências Naturais, os alunos estudaram as plantas e fizeram pesquisa e tratamento de informação na biblioteca escolar, para a elaboração de um cartaz; na disciplina de Português, os alunos pesquisaram informação sobre o autor para elaboração de um cartaz, para além de explorar o texto na base de todo o trabalho desenvolvido.
Durante a Semana da Leitura, a professora bibliotecária convidou um aluno por turma para participar na atividade Assalto de Leitura, que consistiu na leitura de excertos do livro A Maior Flor do Mundo, nas várias turmas dos 2.º e 3.º ciclos da escola.
(clique sobre a imagem)
No dia 19 de maio de 2022, realizou-se, na biblioteca escolar, a festa final do projeto, com a exposição dos trabalhos realizados pelos alunos e apresentação do teatro de sombras às turmas do 4.º e 6.º ano da Escola Básica D. Sancho I.
Em suma, foi um projeto que trabalhou de forma integrada o currículo e que proporcionou a todos os envolvidos momentos de efetiva aprendizagem, com aquisição de conhecimentos significativos e desenvolvimento de capacidades e valores.
Organizado pela Arte-Via - Cooperativa, com sede na Lousã, tem como tema: “Sibilas, rebeldes e génios” e, nesta edição, celebra os centenários do nascimento dos escritores Agustina Bessa Luís, Matilde Rosa Araújo e José Saramago e integra as comemorações dos 80 anos de Adriano Correia de Oliveira.
O Festival tem como patrono Sua Exª. o Senhor Presidente da República e como parceiros, a Rede de Bibliotecas Escolares, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), a Direção Regional de Cultura do Centro, a Universidade de Coimbra, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e a Associação Portuguesa de Escritores.
Mantendo o lema: "A arte e a cultura como reanimadores de uma região e de um povo”, numa homenagem às vítimas dos fogos florestais de 2017, o programa apresenta uma diversidade de iniciativas, como exposições, encontros com autores, workshops, lançamentos de livros, palestras, passeios pedestres, tertúlias e residência de escritor.
No dia 26 de maio, de tarde, no Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha, decorreu a fase final da XII Batalha de Leitura | Poesia, um evento que contou com a participação de alunos das escolas com 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário dos concelhos de Caldas da Rainha e de Óbidos.
A partir de fases de turma e de escola, organizadas pelas bibliotecas escolares em colaboração com os professores de Português, foram apurados os representantes das escolas na fase final, a quem coube a leitura expressiva de um poema preparado e de outro sorteado no momento.
O júri desta edição do concurso foi constituído por Aida Reis, da Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha, Ana Matos, da Biblioteca Municipal de Óbidos/Casa José Saramago, Mafalda Lopes, da Biblioteca da Escola Superior de Artes e Design, e Paula Ribeiro, Coordenadora Interconcelhia das Bibliotecas Escolares.
O evento, cuja organização esteve a cargo das bibliotecas escolares e municipais, foi apresentado pelos alunos Ana Lúcia Madeira, da ES Rafael Bordalo Pinheiro, e Bernardo Viola, da ES Raul Proença.
O público assistiu ainda à atuação de Rafaela Riccobono, que apresentou duas músicas do seu último trabalho, e da Academia de Música de Óbidos, com um Ensemble de Clarinetes orientado pelo Professor Edgar Cantante.
Todos os participantes receberam certificados de participação e os três primeiros lugares receberam também troféus e prémios. Os alunos foram ainda acarinhados com a presença e as palavras de incentivo à leitura da Sra. Vereadora da Cultura e da Educação das Caldas da Rainha, Conceição Henriques, e das Direções dos seus Agrupamentos de Escola (AE D. João II, AE Josefa de Óbidos, AE Rafael Bordalo Pinheiro e AE Raul Proença).
Fases da iniciativa
A Batalha da Leitura | Poesia, que se tem repetido ano após ano, tem em maio o seu ponto culminante, mas, na verdade, o trabalho começa muito cedo no ano letivo, nas salas de aula de Português.
Individual/ Turma
Os alunos são desafiados a selecionarem e prepararem a leitura em voz alta de um poema, o que os conduz a um processo consciente de leitura de múltiplos autores, com um objetivo em vista. Esta procura, muitas vezes acompanhada e orientada pelas equipas das bibliotecas escolares, alarga o universo de autores conhecidos pelos alunos e, muitas vezes, desperta a vontade de ler mais.
Já a fase de preparação da leitura em voz alta exige capacidade de compreensão e de interpretação e é um momento para aprender as subtilezas do tom de voz, do ritmo do texto, do olhar intencional, dos gestos medidos. A preparação faz-se também com oficinas e workshops nas bibliotecas escolares, com a ajuda de outros professores, como os de expressão dramática, ou de contadores de histórias e de escritores.
Como cabe a cada turma selecionar em conjunto com o professor qual o aluno que a representará na fase de escola, a Batalha de Leitura é uma oportunidade para demonstrar espírito crítico e responsabilidade. Por isso, cada aluno que participa na fase de escola tem por trás toda uma turma que o apoia e o espírito competitivo dá lugar à colaboração, com dicas sobre como dizer melhor uma palavra ou como atribuir a emoção adequada a um verso.
Escola
A fase de escola, organizada nas bibliotecas escolares, é já uma festa, com as turmas a torcerem pelo aluno que as representa, bastante atentos às leituras.
Os alunos apurados sentem-se orgulhosos e, embora esteja sobre eles o peso de irem representar a escola, sabem que apenas têm de dar o seu melhor. É por este motivo que a Batalha de Leitura | Poesia final, realizada já quase no término do ano letivo, é tão importante para todos os que nela estão envolvidos: alunos, professores, professores bibliotecários, bibliotecários municipais e comunidade escolar. Trata-se de um momento em que se sente que houve aprendizagens significativas, as que ficam na memória e que têm impacto no desenvolvimento integral dos alunos, e em que, assim sendo, verdadeiramente se celebra e se promove a leitura e a poesia.
A Divisão das Nações Unidas para Assuntos Oceânicos e Direito do Mar [1], em parceria com a organização sem fins lucrativos Oceanic Global [2], celebram hoje, 8 de junho, o Dia Mundial dos Oceanos, cujo tema é Revitalização: Ação Coletiva para o Oceano - #RevitalizeTheOcean.
Em 2022 a celebração terá formato híbrido e quem tiver interesse em participar na transmissão virtual de 8 de junho deve inscrever-se previamente [3].
A organização apela a que, nesta data, todos os cidadãos e organizações celebrem o oceano e se façam ouvir contando histórias, criando recursos (vídeo, fotografia…) ou realizando encontros, presenciais ou virtuais, que ajudem a informar e a envolver cidadãos, organizações e governação, bem como a partilhar ideias e soluções que contribuam para proteger e conservar o sistema ecológico marinho e tudo o que dele depende. Para o efeito disponibiliza recursos que podem ser usados: cartazes, jogos, planos de aula, guiões, gráficos. É da ação conjunta com base na reimaginação, reconhecimento, redistribuição e reparação que pode surgir a revitalização [4].
Em Portugal, a Fundação Oceano Azul celebrou o passado 22 de abril - Dia da Terra com 158 atividades que podem inspirar a ação da biblioteca com crianças e jovens [5].
O Oceanário de Lisboa também disponibiliza um conjunto de recursos e atividades divertidas associadas à sua mascote, o Vasco, que nasceu a 8 de junho e que ajudam a conhecer e a proteger quem vive nos oceanos [6].
Mensagem de Attenborough para o Dia dos Oceanos [7]
Lembramos o naturalista britânico Sir David Attenborough, pelo exemplo de respeito e cuidado com os oceanos e natureza:
O poder de regeneração do oceano é notável - se lhe dermos essa oportunidade. […] Estamos ao alcance de uma relação totalmente nova com o oceano, uma relação mais sábia, mais sustentável. A escolha é nossa.
Com o propósito de sensibilizar a comunidade educativa para a importância de capacitar os alunos para serem leitores e agentes críticos de informação e comunicação, a biblioteca da Escola Básica de Odiáxere (AE Gil Eanes, Lagos), em articulação com todos os docentes do 1º ciclo, promove, desde 2015, um jornal digital intitulado “As gralhas”.
Este projeto coletivo destina-se a estimular o gosto pela escrita, a ativar o olhar analítico e o espírito crítico dos alunos mais jovens, a valorizar a sua criatividade e a motivá-los para a expressão dos seus pensamentos e sentimentos.
Virtudes d’ As gralhas
Desde o seu início que o jornal tem vindo a cumprir um papel educativo absolutamente insubstituível na escola. O rol de virtualidades é extenso, já que ele:
- responde ao desejo de empoderar os alunos mais jovens para a ação, incentivando-os a “exprimir livremente a sua opinião” e a relatar o seu dia-a-dia;
- é aproveitado para melhorar a aprendizagem de determinadas matérias disciplinares e para promover valores como a cooperação ou a solidariedade;
- incentiva a articulação curricular, entre a BE e todos os docentes;
- fomenta o intercâmbio de informação com pais e com a comunidade envolvente;
- estimula um olhar mais atento e mais crítico dos alunos, colocando à sua reflexão múltiplas questões associadas aos media (que informação vai ser selecionada para incluir no jornal? como é que o autor vai apresentar a informação? como se distingue a boa da má informação? ; etc.)
Um jornal com personalidade
Esta aventura, ao fornecer uma oportunidade de participação a todos os alunos (do 1º ao 4º ano), confere ao jornal uma certa singularidade. O seu formato, o seu estilo, os seus títulos ou as suas fotos e ilustrações: tudo é diferente. Um jornal que não faz malabarismos com fontes (monotonia ou muita diversidade) e não opta por usar o mesmo "tom", o mesmo estilo, na apresentação, no título, no conteúdo. Cada título, cada página tem a sua própria personalidade, unidade de tom e coerência, de acordo com a importância que lhe é atribuída pelo autor.
Se existir uma letra invertida, uma palavra trocada ou uma ilustração, que, por lapso, ficou assimétrica na página, isso não impede o aluno de “tagarelar” sobre o que lhe interessa, sobre os livros que lê, sobre as coisas que faz no dia-a-dia. É assim que ele ocupa o lugar de produtor de informação na escola, reivindicando o direito de fazer perguntas, de procurar respostas e de divulgar o que realmente pensa sobre o que faz, o que realmente sente sobre o que lhe interessa, o que gosta, desafia ou intriga.
Em síntese, trata-se de um projeto que fomenta a livre aprendizagem e potencia nos alunos competências relacionadas, genericamente, com a cognição, a formação de atitudes, a defesa de valores, a cooperação e a cidadania crítica.
Desta forma, tem sido possível à biblioteca conciliar o desenvolvimento da escrita, da leitura, da literacia dos media; assim como o respeito pela diferença, pela tolerância; o interesse pelos assuntos da escola e da comunidade; o trabalho em equipa; a responsabilidade, a autonomia e o reforço da autoestima.
É assim, de gralha em gralha, que os alunos vão conhecendo melhor a engrenagem mediática, aprofundando a composição escrita e adquirindo o gosto por palavras, sinais, imagens e informação.
O objetivo de promover um ensino de qualidade para todos norteia o nosso propósito enquanto educadores. Deste modo, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e do aumento da eficiência e qualidade das escolas, surge o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), criado através da Resolução do Conselho de Ministros nº 23/2016, assumindo como princípio de orientação de base que são "as comunidades educativas quem melhor conhece os seus contextos, as dificuldades e potencialidades, sendo, por isso, quem está melhor preparado para encontrar soluções locais e conceber planos de ação estratégica, pensados ao nível de cada escola, com o objetivo de melhorar as práticas educativas e as aprendizagens dos alunos."
Tendo em conta o papel das bibliotecas escolares no seio da comunidade escolar, estas são um espaço educativo integrador de múltiplas literacias, cada vez mais decisivo para as aprendizagens e a capacitação das crianças e dos jovens que as utilizam, formal ou informalmente. Pelo que, desde o primeiro momento, a Rede de Bibliotecas Escolares assumiu o desafio de acompanhamento e monitorização de práticas realizadas pelas bibliotecas.
Assim, vejamos o caso do Agrupamento de Escolas de Arronches, onde a professora bibliotecária desenvolve o seu trabalho em estreita articulação com a Educadora Social.
O trabalho da Educadora Social, no Agrupamento de Arronches, abrange várias vertentes, destacando-se:
- o Programa Sentir@Ser, um programa de promoção de competências socioemocionais através da prática de Mindfulness destinado a todos os alunos do agrupamento;
- o Programa O.S. Luz+, um programa de primeiros socorros para crianças e jovens;
- o Projeto Medi@r – Construindo Pontes de Sorrisos, um programa de mediação de conflitos em contexto escolar; e diversas atividades como o concurso “Empreendedores da Poupança”, a dinâmica do “Dia Mundial de Combate ao Bullying”, o DAC “Como se sentem os idosos em Arronches?”;
- o projeto Academia Digital para Pais.
Para além destas atividades mais comunitárias, a Educadora Social realiza um trabalho mais individualizado com alunos sinalizados e agregados familiares identificados com necessidades a nível social.
A Biblioteca Escolar encarou estas práticas como um complemento para o desempenho da sua principal função: elevar o grau de literacia da comunidade educativa. Surgiram, desta forma, diversas atividades de articulação, continuadas no tempo e destinadas a diferentes públicos. Pelo seu impacto, destacamos as seguintes:
- Clube CriAtiva-Te nasceu no âmbito da participação da professora bibliotecária e da educadora social na formação CriAtividade, realizada no TorranCenter, que promove o desenvolvimento da criatividade, pensamento crítico, colaboração e comunicação, entre outras competências fulcrais para o sucesso no século XXI. Neste clube, os alunos participaram no desafio repórter XS, promovido pela RBE (Rede de Bibliotecas Escolares) e o programa ZIG ZAG da RTP 2 (Rádio Televisão Portuguesa), o qual tem como objetivos promover a leitura, a escrita e o sentido crítico, com recurso aos media, tendo Agrupamento de Escolas Arronches sido reconhecido pela reportagem CriAtiva-Te XS.
- Comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, onde foram produzidos vídeos de dramatizações de poemas do património oral; um RAP de um poema de Eugénio de Andrade; simetrias poéticas; intercâmbio escolar, com elaboração/ ilustração de postais e declamação de poemas em videochamada. Todas estas atividades foram realizadas em articulação, também, com o Plano Nacional das Artes.
- Semana da Leitura e da Família, durante a qual foram realizados filmes com dramatizações e declamações de poemas, pelos diferentes anos de escolaridade. Também os alunos do Clube Criativa-te participaram nesta semana com a atividade «O CriAtiva-Te vai às salas», onde leram, para os colegas de 1.º ciclo, histórias sobre a família.
Articulação, parceria, cooperação são as peças fulcrais deste tipo de trabalho, onde o sucesso escolar e o bem-estar pessoal, social e emocional andam lado a lado.
Com a edição de 2021/ 2022 quase a chegar ao fim, as Olimpíadas da Cultura Clássica voltam a contar, este ano, com uma cerimónia festiva, onde, para além da nomeação dos alunos premiados, haverá diversas intervenções mostrando a presença da cultura da Antiguidade nos nossos dias.
O evento será realizado em formato híbrido, no dia 8 de junho, entre as 14h30 e as 16h30. Presencialmente, terá lugar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde alunos do curso profissional de Turismo da Escola Secundária Eça de Queirós, orientados pela professora Antonieta Rocha, acolherão e orientarão o público até ao anfiteatro III, onde decorrerá a cerimónia.
A transmissão em streaming no canal de Youtube da RBE está também garantida, para que todas as escolas possam assistir à conclusão de mais uma edição desta iniciativa que, este ano, contou com a participação de mais de 3000 alunos. A hiperligação será divulgada brevemente na página do projeto Clássicos em Rede.
Os temas escolhidos para esta edição foram ‘Cassandra’, uma jovem que foi amaldiçoada pelo deus Apolo, por recusar ceder aos seus encantos; e que, consequentemente, foi desacreditada por todos; e ‘Dédalo e Ícaro’, um pai engenhoso e um filho destemido que se lançam na aventura de voar, proeza que acaba por ter um terrível desfecho. Os alunos do ensino secundário exploraram, ainda, o tema ‘Antígona’, uma figura feminina que levou as suas convicções e valores até às últimas consequências. Com base nestes temas, os alunos de vários níveis de escolaridade puderam dar largas à imaginação e à criatividade, através da realização de desafios escritos e de artes /multimédia.
Os temas da edição do próximo ano já estão escolhidos e serão revelados na cerimónia, no dia 8 de junho.
Depois de um ano cancelado e outro em regime semiconfinado, a final do Concurso Nacional de Leitura voltou a reunir ontem os 200 finalistas, as suas famílias, os seus professores e representantes de todas as entidades envolvidas na dinamização da iniciativa, numa grande festa final que a todos entusiasmou.
Com o apoio inestimável da Câmara Municipal de Almada e a já indispensável apresentação de José Carlos Malato, decorreu nas instalações do Inatel de Caparica e logo à chegada, os participantes foram acolhidos por animação de rua que, apesar da chuva que ainda ameaçava cair ao início da manhã, prometia de imediato um dia especial. E assim foi. O sol também quis dar o seu contributo e o dia manteve-se muito agradável.
Foi uma festa em cheio que mostrou bem a massa de que são feitos estes nossos jovens, quer através da divulgação das provas de vídeo vencedoras, quer através das provas de palco, todas de grande qualidade, o que deixou o júri com uma tarefa muito difícil no momento da atribuição das menções honrosas e dos prémios.
Apesar do nervosismo evidente de quem, tão jovem, sente o peso da responsabilidade de se apresentar à frente de uma sala repleta de gente (que, do palco, parecia infindável), ao aproximarem-se do microfone, os concorrentes, mesmo os mais jovens, agigantaram-se e impressionaram os presentes. Defendendo os livros que tinham selecionado, apresentando as suas leituras e fazendo-as conversar com as suas vivências pessoais, pequenos e já não tão pequenos deram grandes lições e provocaram muitas vezes o “brilhozinho nos olhos” dos adultos, a consciência de que todos foram vencedores, sobretudo um país que pode contar com tal juventude.
Na incerteza de poder comparecer, Sua Excelência, o Presidente da República, enviou um vídeo com mensagens especiais a todos os intervenientas na festa: alunos e famílias, mas também professores, professores bibliotecários e organizadores em geral. No entanto, acabou por se revelar possível estar presente durante algum tempo e reiterou, no seu discurso ao vivo, a importância do trabalho contínuo sobre a leitura, a persistência, o esforço coletivo, mas, sobretudo, a paixão:
Lê-se o ano inteiro. Trabalha-se o ano inteiro. (…) Aquelas e aqueles que aqui estão vivem com paixão (…) a paixão da leitura. A paixão da leitura realiza uma vida. Vai seguir-vos durante toda a vida. Vão lendo e lendo e lendo e gostando de ler. Quanto mais se lê, mais se gosta de ler. (…) É uma paixão muito boa. (…) Nunca se desapaixonem da leitura porque ela nunca vos desilude. Os livros nunca desiludem; dão-nos sempre um prazer infinito.
Marcelo Rebelo de Sousa apreciou o espetáculo durante a manhã e almoçou com os presentes, tendo tirado com todos os que o solicitaram inúmeras selfies, o que fez as delícias dos nossos jovens (e também dos seus acompanhantes).
Ao longo do dia, houve ainda espaço para a música e para a poesia, num dia perfeito que culminou com a divulgação dos prémios atribuídos nas provas de vídeo e nas provas de palco. O primeiro lugar das provas de palco foi atribuído a: ES: Maria Luís Salvador (Porto); 3.º CEB: Maria Torrado (França); 2.º CEB: Matilde Silva (Vila Nova de Famalicão); 1.º CEB: Vicente Chaves (Vila Real).
O encerramento ficou a cargo do Sr. Ministro da Educação que, também ele, deixou uma importante mensagem aos 7500 participantes neste concurso. Lembrando-se professor, João Costa marcou a todos um trabalho de casa:
Encontrem um amigo que não gosta de ler ou que não gosta de livros porque simplesmente ainda não tropeçou no livro certo. Vocês têm de ser os embaixadores da leitura! Cada um de vocês, se cada um dos 7500 alunos que participaram neste concurso criar um novo leitor, para o ano seremos 15 mil! E por isso eu espero estar aqui a ouvir que cada um de vocês levou este trabalho de casa a sério, fez o trabalho de casa que também compete aos bons alunos. Cada um de vós, já na segunda-feira, vai olhar às volta e vai encontrar aquele amigo que diz que não gosta de ler. A vossa responsabilidade é perceber o que é que ele gostaria de ler, encontrar um livro que acham que ele irá gostar, falar desse livro, convidá-lo a falar de livros e convidá-lo a ler! Para o ano seremos 15 mil e depois 30 mil. Desta forma, vamos ter muitos e muitos leitores porque ler faz bem, ler dá-nos liberdades, ler dá-nos muitas vidas. Muitos parabéns a todos!
Esta é uma iniciativa organizada pelo Plano Nacional de Leitura 2027, em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares, a Direção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e a Direção Geral de Administração Escolar. Nas suas várias fases, exige um número muito significativo de profissionais e a confluência de múltiplas sinergias. Um esforço coletivo em prol da leitura que resulta nesta grande festa final, a ponta de um icebergue com muitas festas intermédias. Em Portugal e fora dele.