OCDE | IFLA: Portugal no mapa dos ODS
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O relatório O caminho curto e sinuoso até 2030: medindo a distância até aos objetivos dos ODS [1] da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) faz um ponto da situação sobre o trabalho dos 38 países membros para alcançar os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) até 2030.
Numa série de 4 artigos apresentamos o relatório [2] e seu balanço global relativo a Pessoas e Clima [3], à Paz e confiança governativa [4] e, neste último artigo, à situação nacional.
O relatório destaca que, nas últimas décadas, a maioria dos países da OCDE não fez progressos na redução da pobreza, estando longe de alcançar a Prosperidade (ODS 7 a 11).
Um em cada oito residentes dos países membros vive com baixa renda. As desigualdades são exacerbadas por:
- Disparidades na educação – “mais de um em cada dez jovens adultos não tem emprego, educação ou formação e no México, Itália, Turquia e Colômbia é um em cada cinco”;
- Comportamentos prejudiciais à saúde, prevalecentes em níveis socioeconómicos mais baixos: desnutrição/ obesidade (60% dos adultos), tabagismo (17% dos adultos fumam diariamente) e consumo de álcool.
O relatório avalia, para cada meta ou grupo de metas da Agenda 2030, a situação de cada país apresentando, sempre que existem, dados nacionais comparáveis, para além de resultados globais.
Portugal obtém bons resultados
Relativamente à distância em que Portugal se encontra para alcançar os ODS até 2030, destaca que o país apresenta bons resultados em:
- Qualidade do ar, energias renováveis e eficiência energética, resíduos e água (ODS 6 e 7) – tem maior eficiência energética do que a média da OCDE e está a aumentar o uso de fontes de energia renovável, correspondendo a mais de metade da eletricidade e a um terço do consumo de energia (dados de 2019);
- Resíduos e consumo sustentável, reciclagem e compostagem melhoram os seus níveis, mas ainda se encontra abaixo da média da OCDE (ODS 11 e 12);
- Inclusão: para 9 em cada 10 portugueses Portugal é um bom local para viver para minorias raciais e étnicas e tem boas políticas de migração (ODS 10). O quadro legal promove e monitoriza a igualdade de género nos diferentes setores (ODS 5), não obstante elevada e persistente desigualdade salarial e o facto das mulheres gastarem diariamente quase 4 horas a mais do que os homens em cuidados e tarefas domésticas, segundo dados de 1999.
Portugal enfrenta desafios
- Na saúde (ODS 3) está próximo de alcançar as metas, mas dietas pobres em nutrientes, obesidade (um terço da população) e comportamentos de risco, como tabagismo (14% de fumadores adultos – Portugal é um dos 5 países da OCDE em que o tabagismo não tem vindo a diminuir significativamente) e consumo de álcool aumentam o risco de doenças e mortalidade, para além de que ansiedade provocada pela pandemia deverá aumentar o consumo destas substâncias.
Apesar da cobertura quase universal, grupos vulneráveis têm dificuldade de acesso a cuidados de saúde;
- No ambiente apresenta perda significativa na biodiversidade (Metas 2.5 e 15.5), como a maioria dos países da OCDE.
Um terço da área total de terra apresenta-se degradada, segundo dados de 2015 – é o segundo pior país, depois do México (ODS 15).
Há necessidade de políticas e monitorização de produtos químicos e resíduos perigosos, da pesca ilegal e recreativa e do turismo (ODS 12 e 14).
Reciclagem e a compostagem e recuperação de resíduos alimentares está a aumentar, mas continua abaixo da média da OCDE (ODS 11 e 12). Apesar de escassos dados, “O desperdício de alimentos [ODS 12] é generalizado na maioria dos países da OCDE” e Portugal é um dos 12 países que está mais longe de alcançar esta meta.
Também é um dos 11 países que estão mais longe de alcançar a Redução de Risco de Desastres (DRR - Disaster Risk Reduction) naturais relacionados com o clima.
- Economia e produtividade laboral cresce a ritmo lento, apesar da taxa de desemprego ligeiramente abaixo da OCDE (ODS 8).
ODS e bibliotecas
Na Década de Ação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2020 – 2030), segundo apelo da ONU e, quando faltam 8 anos para 2030, é importante tomarmos consciência de que falharmos os ODS poderia comprometer o futuro e sobrevivência do ser humano.
Na biblioteca desenvolvemos ações que consciencializem para a necessidade de políticas fortes e mudança de estilos de vida?
Partindo de uma área crítica do relatório da OCDE, crie e desenvolva, com as crianças e jovens, uma ação que promova um ODS. Depois, partilhe a história dessa ação com todos, colocando a sua biblioteca no mapa global das Histórias ODS [SDG Stories] da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA). O seu contributo é tanto mais necessário quanto Portugal não regista neste mapa qualquer iniciativa.
Para se inspirar pode consultar outras propostas apresentadas pela IFLA [5].
Alcançar os ODS é um desafio para o qual todos somos responsáveis.
Referências
1. Organisation for Economic Co-operation and Development. (2022, 27 Apr.). The Short and Winding Road to 2030: Measuring Distance to the SDG Targets. Paris: OECD Publishing. https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/the-short-and-winding-road-to-2030_af4b630d-en
2. Rede de Bibliotecas Escolares. (2022). ODS: Caminho curto e sinuoso até 2030 (OCDE). Portugal: RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/ods-caminho-curto-e-sinuoso-ate-2030-2592924
3. Rede de Bibliotecas Escolares (2022). OCDE: ODS Pessoas e Clima. Portugal: RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/ocde-ods-pessoas-e-clima-2596736
4. Rede de Bibliotecas Escolares (2022). ODS: Paz e confiança na governação (OCDE). Portugal: RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/ods-paz-e-confianca-na-governacao-ocde-2598729
5. International Federation of Library Associations and Institutions. (2022, 31 Jan.). IFLA and the SDGs: January 2022 Update. Holland: IFLA. https://www.ifla.org/news/ifla-sdgs-update-march-2021/
6. Fonte da imagem: Direção-Geral de Educação. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS]. https://www.dge.mec.pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods