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Blogue RBE

Ter | 31.05.22

Autonomia e Flexibilidade Curricular - Relato de uma experiência

Agrupamento de Escolas Fernando Casimiro Pereira da Silva

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Leitura: 3 min

1. Enquadramento

Segundo Perrenoud “Mudar a avaliação significa provavelmente mudar a escola. Pelo menos se pensarmos em termos de mudanças maiores, no sentido de uma avaliação sem notas, mais formativa, uma vez que as práticas de avaliação estão no centro do sistema didático e do sistema de ensino” [1]. Nesta metamorfose, o planeamento carecia de ser repensado e a forma como a escola orientava a sua gestão curricular deveria estar coerente com os propósitos da sua ação. Assim sendo, o agrupamento decidiu alterar a forma como geria o currículo e os instrumentos de planeamento que usualmente utilizava.

A gestão do currículo passou a ser feita numa lógica de ciclo, ajustando algumas das aprendizagens ao ano de escolaridade e identificando as aprendizagens-chave de cada ano. Nos trabalhos preparatórios, os diferentes grupos disciplinares realizaram um processo de mapeamento dos programas das diferentes disciplinas, acentuando as aprendizagens consideradas chave em cada ano de escolaridade, tendo por referência as aprendizagens essenciais, e definindo claramente os tópicos comuns a cada área, ajustando as planificações e evitando redundâncias.

Este trabalho minucioso de sinalização das aprendizagens chave permitiu identificar, permitiu desenhar cenários de aprendizagem que se constituem como ponto de partida para a elaboração de projetos transdisciplinares e funcionam como catalisadores da articulação curricular.

Assim, o currículo é visto como uma unidade global a gerir pela escola e por cada equipa educativa, consoante a realidade do seu contexto e o perfil de cada conjunto de alunos.

No que diz respeito às diferentes matrizes curriculares, o agrupamento desenhou as suas próprias matrizes, através da agregação parcial de disciplinas e da criação de espaços de trabalho transdisciplinar (Oficina do Conhecimento).

A Oficina de Conhecimento funciona a partir da organização de unidades curriculares integradoras, planeadas a partir de modelos agregadores de competências e de conteúdos curriculares transversais ao currículo.

Numa visão holística, tendo como cerne do problema a desconstrução da compartimentação do saber, a Oficina do Conhecimento está assente em Cenários Integrados de Aprendizagem (CIA).

 

2. Cenários Integradores de Aprendizagem (CIA)

Os cenários tiveram origem na identificação, para cada ano de escolaridade, de disciplinas nucleares e complementares, assim como das aprendizagens a promover em cada cenário. No desenho de cada projeto participa toda a equipa educativa, procurando que o cenário migre do espaço destinado a trabalho de projeto para cada uma das áreas curriculares.

Os CIA são pontos de partida para o desenvolvimento de trabalhos de projeto, arquitetados pelas diferentes equipas educativas e construídos com e pelos alunos.

Os Cenários foram desenhados pelas equipas pedagógicas tendo por base os domínios da Cidadania e Desenvolvimento, o mapeamento curricular elaborado e a identificação, em cada ano de escolaridade, das disciplinas consideradas nucleares e das disciplinas tidas como complementares.

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Cada CIA inicia com um ponto de partida, regra geral, uma obra literária, ajustada a cada ano de escolaridade e sugerida em articulação com os docentes de Português.

A obra é explorada em momentos distintos, geralmente através de Tertúlias Dialógicas Literárias, nos quais os diferentes grupos são convidados à leitura interpretativa e coletiva. Assim, constrói-se um sentido coletivo da obra, levando cada grupo a exponenciar os diferentes sentidos da mensagem através da vivência individual de cada aluno.

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Os cenários são apresentados, regra geral, aos alunos através de vídeos desafiadores onde a equipa pedagógica apresenta CIA e incentiva a pesquisa e reflexão.[2]

Deste modo, construíram-se, para os 2.º e 3.º ciclos, um total de 15 Cenários Integradores de Aprendizagem, a saber:

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3. Creative Problem Solving (CPS)

A formação interna do AEFCPS procurou colmatar as necessidades sentidas pelos docentes, nomeadamente em relação ao trabalho de projeto. Assim, durante um ano, os docentes vivenciaram um processo continuado de desenvolvimento profissional em torno da metodologia Resolução Criativa de Problemas ou Creative Problem Solving.

Esta metodologia visa a resolução criativa de problemas tendo por base seis fases:

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O desenho dos CIA foi acompanhado pela construção de um guião exploratório que auxilia os docentes na dinamização das diferentes fases de cada projeto e na respetiva avaliação.

Cada CIA termina com a apresentação do currículo aprendido durante cada uma das três semanas temáticas (Eu e os outros, Eu e o mundo e Eu e o ambiente). Nessa semana são apresentados os produtos finais, assim como, explorado o processo que conduziu aos mesmos.

 

4. O papel da Biblioteca Escolar

Neste tipo de trabalho procuramos que a biblioteca seja um ponto aglutinador de vontades e um polo centralizador de recursos.

Para tal, foram disponibilizados recursos humanos de diferentes áreas, de modo a que o trabalho a desenvolver tenha massa crítica e cooperante.

A aquisição de fundo documental sugerido pela equipa da biblioteca tem em consideração as necessidades de cada projeto e as dinâmicas de cada equipa pedagógica procuram, em graus crescentes, a utilização dos recursos e oportunidades disponibilizados pela biblioteca.

As abordagens dialógicas em tertúlias partem da biblioteca, os trabalhos de projeto centram a sua operacionalidade na biblioteca e cada vez mais, embora a velocidades que se pretendiam mais acentuadas, a biblioteca se assume como um pilar para o trabalho de projeto.

Os modelos de pesquisa da informação são articulados com as oportunidades criadas pela Biblioteca e a apresentação do currículo aprendido acontece no espaço biblioteca.

O Diretor, Paulo Jacinto Correia de Almeida

 

Referências

1. Citado por Cosme, A., Ferreira, D., Sousa, L. & Barros, M. (2020). Avaliação das Aprendizagens. Propostas e Estratégias de Ação. Porto Editora

2. O vídeo do Cenário Integrador “O meu herói és tu” pode ser consultado em https://youtu.be/i841YF9AMs8

3. Imagem de capa de Steve Buissinne por Pixabay 

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Seg | 30.05.22

IFLA: Direitos Culturais

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Leitura: 5min |

Para preparar a Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável, Mondiacult 2022, a UNESCO convidou diversas entidades, incluindo a IFLA, para realizar encontros ResiliArt x Mondiacult que, devendo escutar diversas vozes e perspetivas, servirão para informar a Mondiacult [1] que decorrerá, de 28 a 30 de setembro, no México.

ResiliArt x Mondiacult: Bibliotecas que permitem um acesso inclusivo e significativo à cultura promovido pela IFLA [2], a 23 de fevereiro, discutiu o ponto de vista da biblioteca para o papel da cultura nos desafios globais.

Do encontro, a IFLA destaca 6 prioridades e 8 recomendações, dirigidas à sociedade civil e formuladores de políticas.

Prioridades

1. Ligações Cultura-Educação

É necessário “fortalecer os vínculos cultura-educação”, desenvolvendo parcerias com o setor da cultura e promovendo uma abordagem formal e informal da educação porque os currículos devem ser significativos, acessíveis e inclusivos, devem estimular a criatividade, cidadania global, identidade cultural e diálogo entre culturas.

2. Inclusão

É necessária uma política cultural que garanta que todos têm oportunidade de participar na vida cultural usando a sua linguagem.

A propósito, a Rede de Bibliotecas Escolares sublinha a importância de pôr em prática os princípios da IFLA/ UNESCO sobre A Biblioteca Multicultural [3] que assentam no pressuposto que a língua não pode ser fator de discriminação e que as bibliotecas devem fornecer informação, materiais, serviços e colaboradores que reflitam as necessidades e culturas de todos os leitores. Na Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) recorda ainda a importância do património linguístico do povo indígena.

A abertura da biblioteca a todas as culturas, não significa cair num relativismo cultural, pois deve ser feita no respeito por todos os outros direitos humanos.

3. Conectividade digital

As bibliotecas devem garantir que todos tenham acesso à internet e oportunidades para desenvolver competências digitais adaptadas às suas necessidades e devem criar e providenciar recursos à distância relevantes.

4. Lei de direitos autorais

Faz parte da promoção do acesso à educação e cultura, trabalhar com os utilizadores os aspetos legais dos direitos de autor, devendo a biblioteca “promover a adoção de práticas abertas na produção e partilha de conhecimento”, bem como facilitar a produção e transferência de livros adaptados a pessoas cegas ou com baixa visão, como prevê o Tratado de Marrakesh.

5. Património digital

Para que as bibliotecas possam preservar e tornar acessíveis as suas coleções, os responsáveis pela definição de políticas devem garantir que a digitalização, preservação e acesso a e-books, obras de arte e património cultural se mantém acessível, interoperável e pode ser usado para fins públicos, como educação e investigação. A preservação digital deve ser incentivada porque permite conservação a longo prazo e acesso sem restrições.

6. Exclusão digital

A biblioteca escolar deve trabalhar a exclusão digital – que inclui dificuldades de conectividade, acesso e criação de conteúdos e de competências – para garantir a participação e acesso equitativo à cultura digital.

Porque “A UNESCO estava particularmente interessada em receber recomendações de mecanismos que permitam que o património/ criatividade aproveite a transição digital e as novas tecnologias”, a IFLA estabelece as seguintes orientações para formuladores de políticas:

A. Criação integrada e coesa de planos nacionais de conectividade digital, que devem incluir as bibliotecas;

B. Parcerias público-privadas – por exemplo, com empresas de telecomunicações - para conectividade;

C. Eventos virtuais podem aumentar participação e facilitar serviços de tradução;

D. Enfrentar desafios legais para permitir acesso ao património cultural em ambiente digital.

Considerando que - sobretudo em período de pós-pandemia - parte significativa da nossa vida é feita em ambiente em linha, que em Portugal e outros países a legislação é anterior a este avanço tecnológico da sociedade  - em Portugal a lei é de 1985 - e que há necessidade de tratamento justo dos direitos de autor, a IFLA considera que há que tornar a legislação menos restritiva e complexa e mais flexível para facilitar acesso equitativo à educação e cultura e que se deve caminhar para uma regulamentação global e justa para todos.

Para que as bibliotecas possam viabilizar o acesso ao património cultural em ambiente digital, é necessário criar um mecanismo legal que lhes permita “fazer cópias e divulgar o conhecimento contido nas suas coleções”, bem como dialogar e envolver os criadores nas decisões sobre partilha e uso desse material – as bibliotecas estão ligadas aos criadores e suas comunidades e devem ter “um papel maior na promoção e acesso” às suas criações.  

E. Responder à falta de diversidade na expressão cultural na internet, garantindo que seja multicultural e multilingue e reflexo da sociedade cosmopolita em que vivemos – “Deve haver um mecanismo em vigor na criação de conteúdo digital e seleção de material digital para preservação a longo prazo que garanta que o progresso tecnológico sirva o plurilinguismo”.

7. Melhorar a infraestrutura cultural

“Para que comunidades diversas possam exercer equitativamente seu direito à cultura”, as bibliotecas devem ser os centros culturais da comunidade, disponibilizando em acesso livre exposições, conferências, programas de atividades artísticas e culturais. Para reforçar este papel carecem de maior investimento e apoio.

Recomendações

1. A política pública deve seguir uma abordagem em direitos humanos e os direitos culturais devem ser transversais porque transmitem valores e contribuem para realização dos demais direitos.

2. A biblioteca deve gerar oportunidades de aprendizagem não formal e de trocas equitativas de saber e cultura entre todas as pessoas.

3. Atividades virtuais podem diminuir discrepâncias entre comunidades urbanas e rurais e permitir o acesso a pessoas e comunidades marginalizadas, mas o acesso físico à cultura deve ser garantido – o virtual não substitui o presencial.

4. Inclusão e acesso equitativo devem ser integrados no quotidiano de todas as organizações, instituições, estruturas e serviços.

5. “Políticas focadas em dados” e dados acessíveis, interoperáveis e abertos para investigação e interesse público, bem como capacitação para preservação de material cultural em todas as áreas (audiovisual, digitalizado, material digital).

6.Os profissionais da biblioteca devem estar entre os atores envolvidos na elaboração e implementação de planos nacionais de educação, participação cultural e inclusão digital.”

7. São necessários estudos sobre o impacto da cultura no desenvolvimento sustentável (ambiente, igualdade de género, racismo e discriminação, democracia, paz…) para que o seu valor “seja reconhecido e compreendido pelos formuladores de políticas”.

8. Oportunidades de formação profissional continua para os profissionais de biblioteca, especificamente para desafios emergentes para que “as bibliotecas possam fornecer serviços adequados que respondam às necessidades em evolução de suas comunidades.”

A IFLA apresentou estas prioridades e recomendações junto da UNESCO que deverão ser tidas em consideração na agenda da próxima Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável.

 

Referências

1. UNESCO. (2022). Mondialcult 2022. México: UNESCO. https://www.unesco.org/en/mondiacult2022

2. IFLA. (2022, 12 Apr.). ResiliArt x Mondiacult: Library Voices Joining the Global Conversation on Cultural Rights. Netherlands: IFLA. https://www.ifla.org/news/resiliart-x-mondiacult-library-voices-joining-the-global-conversation-on-cultural-rights/

3. IFLA & UNESCO. (2001). The Multicultural Library – a gateway to a cultural diverse society in dialogue. Netherlands: IFLA. https://repository.ifla.org/bitstream/123456789/731/1/multicultural_library_manifesto-en.pdf

4. Fonte da imagem: IFLA. (2022, 16 Fev.). ResiliArt x Mondiacult at IFLA – Meet the Panel and Register Now! Netherlands: IFLA. https://www.ifla.org/news/resiliart-x-mondiacult-at-ifla-meet-the-panel-and-register-now/

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Sex | 27.05.22

ODS: Paz e confiança na governação (OCDE)

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Leitura: 3 min |

O caminho curto e sinuoso até 2030: medindo a distância até aos objetivos dos ODS [1] da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) faz um ponto da situação sobre o trabalho dos 38 países membros para alcançar os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) até 2030.

Nos dois artigos anteriores apresentamos o relatório [2] e principais conclusões relativas a Pessoas e Planeta [3]. Neste terceiro artigo centramo-nos na Paz (ODS 16) e fatores que a ameaçam, como a falta de confiança nas instituições governativas democráticas, bem como nas competências e valores que devemos promover para inverter esta situação que compromete a efetivação de políticas públicas de longo prazo, como a Agenda 2030.

Paz, Justiça e Instituições Eficazes

O ODS 16, “Paz, Justiça e Instituições Eficazes”, inclui metas de direitos humanos básicos, como ter identidade legal (Meta 16.9) ou acesso à informação (Meta 16.10), alcançadas em quase todos os países. O relatório também apresenta resultados favoráveis na taxa de homicídios e agressões, que tem vindo a diminuir nos últimos anos e que é baixa na maioria dos países.

Relativamente à promoção do estado de direito e igualdade de acesso à justiça, 28 dos 38 países da OCDE “tem um longo caminho a percorrer”. Por exemplo, em todos os países observa-se número reduzido de denúncias, provavelmente porque a vítima não se sente confiante para reportar o crime às autoridades.

O relatório estima que a pandemia possa ter aumentado a corrupção e suborno porque muitos governos tomaram decisões “com padrões mais baixos de consulta, transparência, supervisão ou controlo de processos”.

Confiança na governação

A partir de 1970 "a confiança nas instituições tem vindo a diminuir nos países desenvolvidos", afetando o funcionamento da democracia e resultados de políticas. Inclusive durante a pandemia, em que governos tiveram papel essencial na proteção da saúde e economia, em média metade das pessoas dizem que não confiam no governo nacional, afastando-se das Metas 16.6 - “desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis” e 16.7 - “garantir uma tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e representativa em todos os níveis”.

De acordo com o mais recente trabalho da OCDE sobre governança pública, Uma estrutura atualizada da OCDE sobre os impulsionadores da confiança nas instituições públicas para enfrentar os desafios atuais e futuros, a confiança nos governos é essencial para diminuir divisões e conflitos, pôr em prática legislação, pagar impostos, responder a problemas sociais como crise climática, saúde e automação no trabalho e dar lugar a uma democracia vivida, não meramente formal.

Segundo a OCDE há competências e valores que aumentam a confiança nas instituições governamentais [4]:

  • Responsividade - Regular serviços públicos;
  • Fiabilidade - Antecipar mudanças e proteger os cidadãos;
  • Integridade - Usar poder e recursos públicos eticamente;
  • Abertura - Escutar, consultar, envolver e explicar aos cidadãos;
  • Justiça - Melhorar condições de vida para todos.

Acrescem a estes fatores 3 dimensões:

  • Participação/ ter voz na política;
  • Experiência com serviços públicos;
  • Avaliação da ação governamental em desafios globais e de longo prazo.

A OCDE prepara estudo com 22 países, incluindo Portugal, que pretende “construir uma imagem completa de como a confiança funciona em diversos grupos” e cujos resultados serão conhecidos em junho de 2022.

E na biblioteca?

No trabalho da biblioteca, conhece exemplos de literatura e atividades práticas, centradas nas crianças e jovens, que contribuam para promover a participação e confiança nas pessoas e instituições?

Promove ligação dos jovens à governação local?

Escuta-as acerca da sua experiência e incentiva-as a apresentarem sugestões de melhoria?

No decurso das atividades promove valores e formas de decisão democráticas?

 

Referências

1. Organisation for Economic Co-operation and Development. (2022, 27 Apr.). The Short and Winding Road to 2030: Measuring Distance to the SDG Targets. Paris: OECD Publishing. https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/the-short-and-winding-road-to-2030_af4b630d-en

2. Rede de Bibliotecas Escolares. (2022). ODS: Caminho curto e sinuoso até 2030 (OCDE). Portugal: RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/ods-caminho-curto-e-sinuoso-ate-2030-2592924

3. Rede de Bibliotecas Escolares (2022). OCDE: ODS Pessoas e Clima. Portugal: RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/ocde-ods-pessoas-e-clima-2596736

4. Organisation for Economic Co-operation and Development. (2022). Trust in Government. Paris: OECD Publishing. https://www.oecd.org/gov/trust-in-government.htm

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Qui | 26.05.22

Erasmus+KA101 – visita à biblioteca

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Leitura: 1 min. |

Na semana de 4 a 8 de abril, no âmbito do programa Erasmus+KA101 – Mobilidade de pessoal para o Ensino Escolar - e tendo como foco de observação e aprofundamento as bibliotecas escolares portuguesas e seus projetos de leitura, três docentes d`El Colégio Sant Josep de Calassanç de Aielode Malferit estiveram na Escola Básica Padre Himalaya (Arcos de Valdevez) apoiadas pela Professora Bibliotecária Alexandrina Martins e pela Diretora do Agrupamento Anabela Araújo.

Esta visita teve como objetivos fundamentais conhecer dinâmicas concretas em que a biblioteca se assume como um espaço educativo integrador de múltiplas literacias e, certamente, decisivo na capacitação dos mais novos que utilizam formal ou informalmente estes espaços.

As professoras Alicia Tárrega, Eva Gimenez e Nieves Barber tiveram a oportunidade de observar os diversos projetos e atividades em que a comunidade escolar está envolvida e tendo como foco o desenvolvimento das competências de leitura e de escrita, nas suas múltiplas dimensões.

Durante esta semana, as escolas do concelho viviam intensamente a sua festa da leitura da arte e da ciência, facilitando uma visão global das bibliotecas escolares como pontos centrais no desenvolvimento cooperativo do saber e das competências necessárias à aprendizagem, ao trabalho e à vida.

Certamente todos os contactos e observações materializadas durante estes dias intensos nas terras do Vez auxiliarão o trabalho desta equipa que tem como ponto prioritário de intervenção repensar o projecto existente de biblioteca escolar na sua escola em Valencia.

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Qua | 25.05.22

ArtEscrit@: A arte e a escrita com a biblioteca escolar

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Leitura: 2 min. |

Na semana proclamada pela UNESCO como a Semana Internacional de Educação Artística (4.ª semana de maio), apresentamos ArtEscrit@, um projeto das Bibliotecas do 1.º ciclo do Agrupamento de Escolas André Soares, apoiado pela Rede de Bibliotecas Escolares no âmbito da candidatura “Ideias com Mérito” que articula a sua ação com o Plano Nacional das Artes do Agrupamento.

O projeto ArtEscrit@ desenvolveu-se, em 2020/ 2021 em todas as turmas de 3º ano e em 2021/ 2022 desenvolve-se nas mesmas turmas, agora no 4.º ano. Pretende-se envolver os alunos no conhecimento do património artístico, no sentido estético, por via da produção e comunicação escrita.

O projeto contempla as vertentes artísticas - arquitetura, pintura, dança, música, teatro e literatura, em articulação com o Plano das Artes e com as disciplinas de Português, Cidadania e Expressões.

Em cada período escolar é trabalhada uma forma de arte, na hora semanal da turma, na biblioteca com o professor bibliotecário, mas também em sala de aula com o professor titular de turma para a produção escrita.

A estratégia de ação do projeto é sustentada na vivência artística, como tema gerenciador e motivador para, conhecendo e trabalhando o sentido estético, culminar no desenvolvimento de atividades diversificadas relacionadas com a escrita de textos. Nesta ação de escrita, os alunos realizam pesquisas orientadas para recolher informação relacionada com a vivência artística realizada, transformam esse produto em texto informativo/ narrativo e, numa fase posterior, usando ferramentas digitais, rescrevem o texto, que é publicado/divulgado no site do projeto. Este ato de escrita apela também à criatividade e recurso à intertextualidade. São usadas metodologias em que os alunos assumem uma participação ativa, sendo construtores de conhecimento, usando como estratégia o trabalho individual, mas também o trabalho a pares e de grupo, numa lógica de trabalho colaborativo.

Estas ações, desenvolvidas no âmbito do projeto, têm proporcionado aos alunos envolvidos a estimulação da curiosidade em conhecer e valorizar a arte em geral e a arte local, ao mesmo tempo que desenvolvem competências ao nível do gosto e da estética e a adoção de comportamentos e atitudes de valorização e preservação em relação à arte. As artes foram o fio condutor do objetivo principal que é o desenvolvimento de competências de escrita ao nível de diferentes tipos de texto e secundariamente o desenvolvimento de competências digitais.

As atividades já realizadas e os trabalhos produzidos pelos alunos podem ser consultados no site do projeto: https://bibandresoares.wixsite.com/projetos/artescrit

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Ter | 24.05.22

Semana Internacional de Educação Artística

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Por decisão da 36ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 2011 (36/C Resolução 38), a 4.ª semana de maio foi proclamada Semana Internacional de Educação Artística.

Em 2022 as comemorações decorrem entre 23 a 29 de maio e o tema é PAZ.

A World Alliance for Arts Education (WAAE) [1] - ONG que resulta da aliança entre quatro organizações de artes, dança, teatro e música e promove a educação artística para todos os alunos, em contexto formal e informal - colabora com a UNESCO na Semana Internacional de Educação Artística, promovendo um conjunto de iniciativas abertas à participação de todos:

- Ring the Bells for Arts Education que consiste em tocar os sinos – ou outro instrumento musical - para a educação artística e que pode incluir a gravação de um pequeno vídeo ou fotografia publicado nas redes sociais da escola com hashtags #ArtsEdWeek e #ArtsEducationForPeace;

- Ciclo de webinares sobre educação artística para a paz;

- Map the field! que consiste na partilha de experiências de educação artística nos canais de comunicação WAAE [2] e que incluem a possibilidade de criação, à distância, de galeria visual e salas de espetáculos.

No contexto da pandemia Covid-19, que suspendeu temporariamente todos os modos de expressão artística e cultural no seu formato original, tomamos redobrada consciência do valor vital das modalidades efémeras de expressão e comunicação artística, capazes de inspirar e mobilizar pessoas, transmitir-lhes emoções, alimentar-lhes a vontade de transformarem-se a si próprias e ao mundo e proporcionar-lhes bem-estar.

Em alinhamento com a UNESCO, a Rede de Bibliotecas Escolares considera que artes e cultura, em toda a sua diversidade, são essenciais para uma educação integral e pleno desenvolvimento das crianças e jovens e suas comunidades, bem como para alcançar a Agenda 2030.

Lembra que é fundamental criar, intencional e continuadamente - para que se gere hábito - oportunidades de aprendizagem que incentivem cada um a desenvolver a imaginação, a leitura/ escrita e o pensamento crítico e a encontrar a sua própria voz/ estilo para contar e partilhar as suas histórias e perceções do mundo.

Desafios neste setor

1. Pluralidade

É necessário reforçar a diversidade de conteúdos, multiculturais e multilingues, adaptados à sociedade cosmopolita da era global, rompendo com o monolinguismo da internet e com versões únicas da história, bem como estimular a ligação de cada um à sua herança histórica, à própria cultura e língua materna.

Para o efeito, é importante que as coleções das bibliotecas escolares se alarguem a autores lusófonos e de outros países não europeus e americanos, de diferentes condições e visões do mundo.

2. Património artístico e cultural digital

Outro desafio reforçado pela pandemia consiste no alargamento dos serviços de curadoria de património artístico e cultural digital, que deverá ser feito com base nos critérios de seleção da IFLA: significado ou valor para a comunidade (informativo, artístico, cultural, histórico, social); disponibilidade, através de acesso aberto e em domínio público; sustentabilidade, que implica preservação destes conteúdos a longo prazo [2].

Estes serviços estão associados a repositórios de ferramentas para criação e reutilização de conteúdos e propostas de atividades integradas nas diferentes áreas do currículo [3]

Exemplo de recurso que partilha e incentiva a utilização de património artístico e cultural digitalizado europeu é a Europeana, que apoia o Plano para a Educação Digital da UE 2027 e possui mais de 50 milhões de itens em 22 línguas - fotografias, vídeos, música, jornais, textos (cartas, diários, livros) e exposições temáticas que podem ser reutilizadas - inclusive para fins comerciais, pois estão em domínio público ou têm licenças Creative Commons.

Também nesta área a RBE reforça a tendência para tornar conteúdos mais reutilizáveis e acessíveis a diferentes pessoas e fins (artísticos, educação, jornalismo, ciência).

Em conclusão

Na escola a biblioteca escolar é um núcleo de aprendizagem não formal e informal que liga o currículo às artes, à cultura e à vida e reconhece que todas as pessoas têm potencial artístico, contribuindo para defesa dos direitos culturais e descoberta de artistas emergentes.

Recorda-se que os professores bibliotecários dispõem de um conjunto de propostas de trabalho, em alargamento, na área das artes e da cultura: https://www.rbe.mec.pt/np4/ArtesePatrimonio.html

 

Referências

1. World Alliance for Arts Education. (2022, may). International Arts Education Week: Social Media Campaign. Sl: WAAE. https://www.waae.online/iwae-socialmedia.html

2. International Federation of Library Associations and Institutions. (2021, nov. 4). “Second Edition of the Guidelines for the Selection of Digital Heritage Featured” in International Conference on Digital Preservation. Netherlands: IFLA. https://www.ifla.org/news/second-edition-of-the-guidelines-for-the-selection-of-digital-heritage-featured-in-international-conference-on-digital-preservation/

3. Rede de Bibliotecas Escolares. (2019). Biblioteca Escolar Digital. Portugal: RBE. https://www.rbe.mec.pt/np4/bed.html

4. Rede de Bibliotecas Escolares. (2021). Artes e património com a biblioteca escolar. Portugal: RBE. https://www.rbe.mec.pt/np4/ArtesePatrimonio.html

5. Fonte da imagem: World Alliance for Arts Education. (2022, may). International Arts Education Week: Social Media Campaign. Sl: WAAE. https://www.waae.online/iwae-socialmedia.html

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Seg | 23.05.22

Cooperação entre a Rede de Bibliotecas Escolares e a Secretaria de Educação de Cali

Visita de trabalho e formação

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No seguimento do Protocolo de Cooperação entre a Rede de Bibliotecas Escolares e a Secretaria de Educação de Cali (Colômbia), assinado em julho de 2019, realizou-se, entre os dias 30 de abril e 06 de maio, uma visita de trabalho e formação de docentes e diretores de instituições educativas de Santiago de Cali.

Nesta visita, duas docentes, uma escritora colombiana e uma dirigente da Fundação United Way Colombia, em contacto estreito com seis professoras bibliotecárias de Guimarães (Agrupamento de Escolas de Abação e Agrupamento Professor Abel Salazar) e Viana do Castelo (Agrupamento de Escolas de Monserrate e Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior), puderam cooperar em matérias de interesse comum. Partilharam-se conhecimentos e boas práticas; promoveu-se a inovação e o intercâmbio profissional e cultural e deu-se mais um passo na criação da Rede de Bibliotecas de Cali.

Esta partilha foi enriquecida com visitas a sete bibliotecas escolares, uma biblioteca pública, reuniões com diretores de Centros de Formação destes dois concelhos e um encontro com a Sra. Vereadora da Educação de Guimarães.

https://www.rbe.mec.pt/np4Admin/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=2987&fileName=2022_05_23.gif

Desde a sua criação, o Programa da Rede de Bibliotecas Escolares procura, através deste tipo de parcerias e acordos de cooperação internacionais com diferentes instituições, a partilha de boas práticas, acompanhando os avanços mais recentes na área da gestão da informação e das literacias, de modo a valorizar, cada vez mais, o trabalho das bibliotecas escolares, enquanto estruturas essenciais na estratégia de melhoria da educação.

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Sex | 20.05.22

Presença em linha: avaliação

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Leitura: 4min | 

Se está a (re)equacionar o sítio da sua biblioteca, uma das questões a que não pode ficar alheio é a forma de avaliar o impacto do trabalho que desenvolve na sua vertente em linha e ainda a forma de prestar contas da sua ação aos seus pares e aos órgãos de gestão da Escola/ Agrupamento de Escolas. Agindo desta forma, para além de melhorar a sua atuação, torna a biblioteca mais credível aos olhos dos decisores.
Neste artigo apresentaremos algumas reflexões que poderão ajudá-lo nesta tarefa.

1 - Avaliar para quê?
A avaliação de qualquer projeto, assim como de qualquer serviço, deverá fazer parte das práticas quotidianas de toda e qualquer instituição/ serviço/ atividade humana. Esta não se deverá fazer apenas no final de um qualquer ciclo, mas deve ser feita periodicamente. 
No caso concreto da biblioteca, se não tivermos o cuidado de instituir práticas de avaliação e monitorização, se não se analisar os resultados e o impacto da presença em linha, como é que podemos garantir que o que se está a fazer está a contribuir para os objetivos traçados? 

De acordo com a CAF Educação 2013: Estrutura Comum de Avaliação (CAF) [2], um processo de avaliação deve ser pensado numa lógica de melhoria contínua (Planear, Executar, Rever, Ajustar), num ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) que não constitui um fim em si próprio, mas que aponte para etapas constantes que permitam uma monitorização propiciadora da reflexão sobre os resultados do trabalho já realizado, uma eventual reorientação ou a prossecução do rumo tomado. Este processo pode ser visto numa lógica de ciclo e iniciar-se na fase de planeamento, mas também na de execução, de modo a ajustar e readequar procedimentos. O objetivo desta análise é que a reflexão sobre os meios e os resultados conduza à prestação de um melhor serviço e de melhores resultados.

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Colocamo-nos, portanto, numa lógica um pouco diferente daquele que só avalia algo no final de um processo e que, decerto, ficará admirado pelo facto de ter tido tão fracos resultados e de não ter antecipado possíveis correções ao rumo traçado. Como escreveu alguém: “Nenhum vento é favorável para quem não sabe para onde quer ir”.

2 - E o serviço em linha da Biblioteca, também se avalia?

De acordo com as Diretrizes da IFLA para a biblioteca escolar [4], a avaliação é um aspeto essencial da implementação de programas e serviços de bibliotecas escolares. A avaliação pode destinar-se à tomada de decisões ou à resolução de problemas (prestação de contas); também pode influenciar o que as pessoas pensam sobre a biblioteca escolar e a obtenção de apoio para a mesma (preocupações de transformação). O processo de avaliação pode ajudar a determinar o caminho a seguir e também inspirar a criação de novas perspetivas para a biblioteca escolar no futuro.

Deste modo, a primeira coisa que é necessário interiorizar é que deverá ser adotado pela biblioteca o hábito de definir objetivos e de analisar resultados, isto é, avaliar. Periodicamente, deverá ser reservado algum de tempo para se avaliar se os objetivos definidos no momento anterior foram ou não cumpridos, porquê, quais as ações com maior impacto e as que não tiveram impacto nenhum, definir novos objetivos e reformular a estratégia para que os resultados sejam cada vez mais positivos.

A avaliação permitirá detetar erros, pontos fortes e a possível replicabilidade no futuro e, claro, redesenhar os objetivos, se necessário. Desta forma, uma avaliação bem-sucedida leva, se tal for preciso, à reformulação de serviços existentes e ao desenvolvimento de novos.

Face ao exposto, obviamente que a presença em linha da biblioteca escolar também deverá ser objeto de avaliação. Será necessário avaliar se o propósito e os objetivos estão a ser atingidos e encontrar resposta para algumas destas e de outras questões específicas: Será que o público-alvo se encontra fidelizado? Ganharam-se novos públicos? Os conteúdos que se publicam fazem sentido para o público-alvo desejado? Será que é necessário repensar os objetivos? Que pontos fortes se podem detetar? E que fragilidades serão necessárias corrigir? …    

3 – Que instrumentos usar?

O facto de existir um modelo de avaliação da biblioteca escolar, proposto pela Rede de Bibliotecas Escolares, que oferece uma panóplia de instrumentos de recolha de dados e que propõe um olhar global sobre o trabalho da biblioteca, não deve obstar a que se recorra a instrumentos mais específicos, adequados à natureza e profundidade do que se pretende avaliar, a presença em linha da biblioteca, e que a literatura de referência descreve muito bem (referimo-nos ao uso de métricas, de KPI (Key Performance Indicator - indicador-chave de desempenho) e de outros indicadores de resultados) e que eles integrem o processo regular da avaliação da presença digital.

4 – O que é…?

Sendo já claro para o leitor que importa avaliar os impactos da presença da biblioteca na Web, a equipa responsável por essa mesma presença deve ter o cuidado de definir os critérios de avaliação e os instrumentos a usar, tendo como horizonte uma perspetiva de evolução do serviço que presta ou quer vir a prestar à comunidade educativa. Para proceder a essa avaliação as bibliotecas devem recorrer a alguns instrumentos específicos, cujos conceitos importa clarificar:

- Métrica
Uma métrica é todo e qualquer dado relevante que possa ser medido: número de visitas ao site, percentagem de novas visitas, …

- KPI
Quando uma métrica se torna essencial para analisar/ avaliar se um determinado objetivo foi ou não atingido, ela toma-se num indicador-chave de desempenho - KPI. 

Ainda neste âmbito das definições, aproveitamos para clarificar alguns conceitos muito usados em contexto de avaliação:

- Impacto
No caso concreto das bibliotecas, o impacto pode ser definido como sendo: 

  • A influência (efeito ou consequência) das bibliotecas e dos seus serviços nas pessoas e/ou na sociedade.
  • A diferença/mudança que foi capaz de gerar nas pessoas ou grupos, resultante da interação com os serviços da biblioteca.

O impacto pode ser:

  • Imediato (encontrar a informação útil) ou a longo prazo (aumento da literacia da informação).
  • Abrangente (mudança na vida das pessoas) ou limitado (pequenas mudanças nas competências de pesquisa).
  • Intencional (pensado de acordo com a missão da biblioteca) ou não.
  • Real/efetivo (P. Ex. Aumento da literacia das crianças) ou potencial (valor de uma coleção para as gerações futuras).

- Indicador
Este termo tem origem na palavra latina indicare, que significa descobrir, apontar, anunciar, estimar. Deste modo, um indicador comunica ou informa sobre o progresso que se fez em direção a uma determinada meta e é utilizado como um recurso para tornar mais percetível ou evidente uma tendência ou fenómeno que não é imediatamente detetável através de dados isolados.

5- Como definir indicadores?

Uma boa forma de definir indicadores para a avaliação da presença em linha da biblioteca escolar é ter sempre presente o acrónimo RACER.
O indicador RACER pode ser definido da seguinte forma. Ele é:

  • Relevante - Intimamente ligado ao objetivo a ser alcançado. Não deve ser demasiado ambicioso e medir o objeto certo.
  • Aceitável - A definição do indicador e a forma como é medido deve ser acordado por todos os parceiros e as responsabilidades devem ser claramente atribuídas.
  • Credível: Não deverá ser ambíguo e deve ser verificável, também para observadores externos.
  • Fácil (Easy) - A recolha de dados deve ser fácil e não onerosa. As informações fornecidas pelo indicador devem ser facilmente compreensíveis.
  • Robusto - O valor do indicador não deve ser fácil de manipular.

Indicam-se, a título de exemplo, alguns possíveis indicadores (lembre-se do acrónimo RACER e da sua ligação ao objetivo a ser alcançado): 

  • Quantitativos: número de participantes em eventos, reuniões, atividades etc.   
  • Qualitativos: Nível de satisfação dos participantes,…

6 – Comunicar resultados para quê?

Chegados aqui, importa refletir um pouco sobre o que fazer aos resultados e dados recolhidos na avaliação, periódica, da presença em linha da Biblioteca Escolar.

Em primeiro lugar e como já tivemos oportunidade de expor ao longo deste artigo, os resultados e dados recolhidos devem servir para se proceder a uma reflexão que leve à melhoria da presença em linha e destinam-se ao professor bibliotecário e à equipa responsável por essa mesma presença em linha.

Mas, num segundo momento, sabendo que a avaliação demonstra às partes interessadas os benefícios decorrentes do programa e serviços da biblioteca, havendo até resultados concretos e mensuráveis para apresentar, importa implicar e comprometer outros intervenientes no processo de desenho, manutenção e reorientação da presença em linha da biblioteca escolar. Assim os resultados deste processo cíclico de avaliação devem ser apresentados e discutidos no plenário do conselho pedagógico e nos departamentos curriculares, quando necessário, de modo a que todos se sintam recompensados pelo trabalho que desenvolvem ou se impliquem e se comprometam um pouco mais na melhoria trabalho em linha da biblioteca, quer propondo conteúdos, quer usando em contexto de aula, esses mesmos conteúdos ou procedendo à sua divulgação.

Por último, não há melhor defesa do valor das bibliotecas escolares do que desenvolver uma atividade em linha de excelência e saber comunicá-lo eficazmente aos decisores. Neste contexto, importa também preparar devidamente o conteúdo da apresentação ao conselho pedagógico, pois como escrevem os especialistas, “quando não se está à mesa, poderemos fazer parte do menu” e quando se está à mesa importa saber comunicar de forma adequada e credível. 

Referências:

  1. AFONSO, C. e ALVAREZ, S. (2020). Ser digital como criar uma presença online marcante. 1ª edição . Alfragide. Casa das letras.
  2. Direção‑Geral da Administração e do Emprego Publico. (2013). Estrutura Comum de Avaliação (CAF) Adaptada ao setor da Educação. https://www.caf.dgaep.gov.pt/media/CAF_Educacao_2013-1.pdf
  3. GONÇALVES, Maria (2019). Influência. 1ª edição. Lisboa: Penguin Random House;
  4. International Federation of Library Associations and Institutions. (2015). Diretrizes da IFLA para a biblioteca escolar. https://www.ifla.org/wp-content/uploads/2019/05/assets/school-libraries-resource-centers/publications/ifla-school-library-guidelines-pt.pdf
  5. RAPOSO, M. (2020). Profissão:#influencer. 1ª edição. Lisboa: Manuscrito Editora.
  6. Rede Bibliotecas Escolares. (2020). Presença em linha das bibliotecas escolares: roteiro para a definição de uma política http://www.rbe.mec.pt/np4/2561.html
  7. Rede de Bibliotecas Escolares. (2018) Modelo de avaliação da biblioteca escolar. https://www.rbe.mec.pt/np4/116.html
  8. Imagem de mohamed Hassanpor Pixabay 

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Qui | 19.05.22

OCDE: ODS Pessoas e Clima

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Leitura: 5 min | 

O relatório O caminho curto e sinuoso até 2030: medindo a distância até aos objetivos dos ODS da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) [1] faz um ponto da situação sobre o trabalho dos 38 países membros para alcançar os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) até 2030 e é centrado nas Pessoas (ODS 1 a 5) e Planeta (ODS 6, 12 a 15).

Pessoas

Com o alcance dos ODS 1 a 5 os países aspiravam erradicar a pobreza e fome e realizar o potencial de cada indivíduo em saúde e educação.

Segundo o relatório da OCDE, “o progresso tem sido lento ou, na maioria dos casos, com retrocessos”:

Igualdade de género

Apesar dos "progressos significativos, os direitos e oportunidades das mulheres permanecem limitados, tanto na esfera privada como na pública", pois “nenhum país da OCDE alcançou uma representação igual de homens e mulheres em níveis elevados de tomada de decisão na vida política, económica e pública, nem foi capaz de diminuir a diferença de género nos salários, nem a diferença de tempo gasto em trabalho remunerado e não remunerado (Metas 5.4 e 5.5)”.

Durante a pandemia as mulheres estiveram na linha da frente, pois no setor da saúde e educação são em maior número, sofreram mais desemprego e, com o fecho das escolas e confinamento, aumentaram o trabalho não remunerado, para além de que “As primeiras evidências sobre o impacto COVID- 19 sugerem aumento impressionante da violência doméstica”.

Em geral são mulheres, jovens e imigrantes o setor da população que sofre maiores dificuldades.

Educação de qualidade

À exceção da Educação e Acolhimento na Primeira Infância (EAPI) de qualidade, que apresenta elevados níveis de acesso, “nenhum país da OCDE deverá cumprir todas as metas relacionadas ao Objetivo 4 sobre educação de qualidade até 2030”.

Durante a pandemia os alunos tiveram que confiar mais nos seus próprios recursos para aprender à distância do que na escola. Programas de educação com componente de trabalho foram suspensos e a oferta diminuiu devido ao confinamento e desaceleração económica.

O ensino à distância “não é necessariamente a resposta mais adequada para os alunos mais desfavorecidos [sobretudo meninas/ mulheres e minorias étnicas] que necessitam de apoio mais individualizado, nem para as famílias menos abastadas, que não dispõem necessariamente de equipamento ou conforto material suficiente para proporcionar aos seus filhos as condições de que necessitam para seguir seus cursos e não desistir”.

Segundo o Banco Mundial esta interrupção pode aumentar em 25% o desempenho abaixo do nível 2 do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), mínimo adequado numa escala de 1 a 6.

O relatório evidencia que muitos países alcançaram taxas de conclusão do ensino médio universais e que nos países da OCDE há, em média, taxas de matrícula e conclusão escolar elevadas, mas uma em cada cinco crianças e jovens não alcança requisitos mínimos de proficiência no final do ensino primário e secundário: 25% em matemática e 10% e 25% em leitura no final do básico e secundário, de acordo com dados de 2018. Portugal é um dos 3 países que tem vindo a melhorar resultados de aprendizagem, sugerem tendências recentes.

Competências TIC (Meta 4.4) variam muito entre países, sendo que Islândia, Dinamarca, Noruega e Luxemburgo, apresentam os melhores desempenhos da OCDE. Em todos os países da OCDE a maioria das mulheres tem acesso a ferramentas TIC e tem vindo a aumentar o seu uso - 89% das mulheres acedem à Internet, segundo dados de 2019.

Planeta

Segundo o relatório, “a ação climática continua insuficiente nos países da OCDE” afetando “cada vez mais vida humana, biodiversidade, ecossistemas e economias nacionais”. A pandemia atrasou a ação neste setor, verificando-se que a Official Development Assistance [Assistência Oficial ao Desenvolvimento] (ODA) na área do clima foi mais elevada até 2020: em geral, “nenhuma das metas relacionadas com o Planeta está no caminho certo para ser alcançada até 2030”.

Setor energético

Registam-se progressos no setor energético (ODS 7), qualidade e acesso a água potável, gestão de resíduos municipais, uso dos recursos florestais, mas “o uso de recursos materiais para apoiar o crescimento económico continua elevado e muitos materiais valiosos continuam a ser descartados como resíduos”.

Ação climática

Na ação climática (ODS 13), emissões de gases de efeito estufa (GEE) não diminuem ao ritmo necessário e “apesar da promessa dos países do G20, de eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, as principais economias ainda apoiam a sua produção e consumo”.

 

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Biodiversidade terrestre e marinha

Na biodiversidade terrestre e marinha (ODS 14 e 15), as ameaças continuam a aumentar e nenhuma das 20 Metas de Biodiversidade de Aichi, que deveriam ter sido cumpridas durante a Década das Nações Unidas sobre Biodiversidade (2011 – 2020), foi cumprida em todos os países da OCDE:  “Desde 1970, um décimo da biodiversidade terrestre do mundo e um terço da biodiversidade de água doce [peixes e outros animais aquáticos de rios, pântanos, riachos e lagos] foram perdidos e estamos a caminho de perder outros 10% das espécies terrestres até 2050 (OCDE, 2018).”

A Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas (2021-2030) visa renovar e restaurar ecossistemas naturais, incorporando conhecimentos tradicionais, como os dos povos indígenas que vivenciam estas práticas há milhares de anos com sucesso.

 

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Pessoas e Planeta são áreas prioritárias de educação para os ODS e há recursos que podem ajudar o trabalho da biblioteca escolar na consciencialização e mudança da sua comunidade, tais como: Recursos para educadores por ODS [2]; Educação para o Desenvolvimento Sustentável: um roteiro, em português e outros 7 idiomas [3]; The Global Goals [4].

 

Referências

1. Rede de Bibliotecas Escolares. (2022). ODS: Caminho curto e sinuoso até 2030 (OCDE). https://blogue.rbe.mec.pt/ods-caminho-curto-e-sinuoso-ate-2030-2592924

2. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2022). “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - Recursos para educadores”, in: Educação para o desenvolvimento Sustentável. Paris: UNESCO. https://en.unesco.org/themes/education/sdgs/material

3. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2021). Educação para o Desenvolvimento Sustentável: um roteiro. Paris: UNESCO. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000374802

4. United Nations. (2022). The Global Goals. EUA: UN. https://www.globalgoals.org/

5. Imagem de capa: foto de Jeremy Bishop on Unsplash

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Qua | 18.05.22

Equipas de leitura: “Voluntários de leitura”

1.º ciclo AE Ericeira

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Leitura: 1 min |

Nas escolas do 1.º ciclo do AE da Ericeira, está a decorrer, desde o início do ano letivo, o projeto de voluntariado de leitura destinado aos alunos do 1.º ciclo.

Após divulgação da atividade, os alunos inscrevem-se na atividade de leitura em voz alta, mediante boletim de inscrição, e redigem na biblioteca um convite que entregam à turma para a qual querem apresentar a sua leitura.

Com a ajuda da professora bibliotecária, escolhem-se os livros e prepara-se a leitura.

Em cada biblioteca escolar, há um cadeirão especial que acolhe o voluntário no grande momento de partilha com a turma convidada.

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Este projeto insere-se nas propostas da Escola a ler- Equipas de leitura que prevê a “Seleção de alunos com bom desempenho leitor, disponíveis para prestarem apoio aos alunos/ colegas na dinamização de sessões regulares de leitura''. Orientação das sessões e preparação das atividades de leitura pelo professor bibliotecário e/ou outros docentes.” No entanto, a professora bibliotecária tem dado abertura aos alunos que desejam participar no voluntariado, independentemente do seu desempenho, uma vez que as sessões de preparação visam ajudar os leitores a recuperar aprendizagens no âmbito da proficiência leitora.

De forma a apoiar estes alunos, também foi disponibilizado um marcador com algumas dicas para a leitura em voz alta e que é oferecido aos voluntários.

A adesão tem sido muita e o entusiasmo também, as sessões têm acontecido ao longo do ano com muita regularidade de tal forma que já tem sido difícil calendarizar novas inscrições.

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