Num tempo em que o mundo inteiro se encontra numa situação que levou a que se coloquem em causa modos de vida considerados como adquiridos, há palavras que ganharam novo protagonismo. Mudança, transformação, transição… Todos as sentimos como inevitáveis e a educação é um domínio que, embora já há muito necessitado de mudar, tem agora inexoravelmente de abraçar a mudança, para, como diz Nigel Coutts, no seu post de 7 de fevereiro, preparar os alunos para o mundo que vão herdar. Mas mudar, implica interiorizar as mudanças na cultura do sistema.
Convidamos-vos à leitura das reflexões de Nigel Coutts [1] sobre este assunto, que, com a sua autorização, traduzimos.
A mudança nunca é fácil. Diz-se frequentemente que embora todos desejem a mudança, poucas pessoas estão dispostas a mudar. Não deve ser demasiado surpreendente que as mudanças mais significativas dentro das grandes organizações falhem. Então, porque é que tantas grandes ideias não conseguem sobreviver? Será que a própria ideia não reunia os requisitos necessários à sobrevivência, ou será algo mais? Tem algo a ver com a cultura da organização e, em caso afirmativo, como poderá uma compreensão mais profunda dos fatores culturais em jogo apoiar ou influenciar os resultados?
As organizações educativas são fortemente moldadas pela sua cultura, concentrando-se na oferta de serviços humanos prestados por professores que se identificam profundamente com a sua própria conceção do que significa ser professor. Emoção e cultura estão ligadas, e a mudança de cultura suscita frequentemente uma resposta emocional. "O sentido de identidade de uma pessoa é em parte determinado pelos seus valores, que podem coincidir ou colidir com valores organizacionais" (Smollan & Sayers 2009 p.439) [2]. Smollan & Sayers constataram que quando a mudança cultural é procurada numa escola, e não é vista como compatível com os valores de cada um, ou põe e causa esses valores, são comuns respostas emocionais tais como medo, raiva ou tristeza. Isto é observado em mudanças que resultam no questionamento do profissionalismo e autonomia dos professores, incluindo alterações ao currículo e à pedagogia. Esta ligação entre identidade e cultura e as subsequentes dependências emocionais exigem uma gestão muitíssimo cuidadosa e a consciência dos fatores humanos envolvidos na mudança.
Em termos práticos, qualquer esforço de mudança que não considere a cultura em que essa mudança é introduzida, tem poucas probabilidades de ser bem-sucedido. O pior cenário possível é aquele em que o esforço de mudança encontra tal resistência que nunca é verdadeiramente implementado. Contudo, em muitos casos, o esforço de mudança não produz o tipo de resultados inicialmente imaginados, apesar dos esforços de todos os envolvidos para abraçar a mudança. Embora sejam adotados novos comportamentos, algo corre mal e nem sempre a culpa é imputável à nova ideia em si.
Consideremos uma escola que está a adotar um enfoque no pensamento crítico do aluno. São identificadas e aprovadas uma série de ações e estratégias de ensino a serem implementados pelos professores. Estas podem ser facilmente ensinadas, aprendidas e monitorizadas. Quando apresentados aos professores através de oportunidades de acompanhamento e formação profissional contínua, é razoável esperar que os novos métodos sejam adquiridos e, no entanto, as coisas ainda podem correr mal. De alguma forma, os alunos ainda são descritos como pensadores relutantes que, em vez disso, se concentram, em recitar respostas. O que correu mal? Porque é que os estudantes não estão a abraçar estas novas formas de pensar?
O problema situa-se provavelmente ao nível da cultura.
Os alunos têm a sua conceção do que é a escola. Aprendem isto desde muito cedo e as mensagens que recebem diariamente reforçam as suas crenças. Num determinado momento, o professor pode falar de modos de pensar, mas para os alunos esta é mais uma retórica a par de todas as outras mensagens que recebem.
Respostas corretas no teste correspondem a boas notas na avaliação. As respostas rápidas aos questionários na sala de aula são recompensadas. Os bons alunos respondem a mais perguntas do que as que fazem. Aprender é memorizar os factos. Regras de trabalho claras. As aulas das disciplinas mais valorizadas ocorrem de manhã. 'Inteligente' significa saber responder a mais perguntas em disciplinas como matemática e inglês. Os alunos sabem que, embora pensar seja agradável, há outras coisas mais importantes.
Não é que o foco no pensamento crítico não tenha sido uma boa ideia ou mesmo que os métodos utilizados tenham sido inadequados. O esforço de mudança falhou porque, na melhor das hipóteses, foi apenas superficial. Não abordou suficientemente a questão da cultura. Se queremos realmente concentrar-nos no pensamento crítico, então precisamos de olhar atentamente para a forma como ele é abordado em cada mensagem que enviamos. Se há ações que contrariam o nosso foco no pensamento, então temos de ponderar como isto pode ser mudado. Ao fazermos isto, incorporamos o pensamento crítico na cultura da escola.
A construção de uma cultura do pensamento é desenvolvida de forma sólida através do trabalho de Ron Ritchhart e do Project Zero através do seu trabalho na Criação de Culturas de Pensamento. As oito forças culturais oferecem tanto uma Lente como uma Alavanca para aqueles que procuram avaliar e mudar a sua cultura para uma outra que valorize o pensamento. Mas o pensamento crítico não é a única mudança dentro das escolas que exige um tratamento aprofundado. Considere-se como a aprendizagem baseada na investigação pode ser implementada se não abordar os aspetos culturais da investigação. A menos que exista dentro da escola uma cultura que valorize a investigação como um modo de aprendizagem, esse nunca será considerado um bom processo para responder a uma questão de investigação. A representação dos alunos é outro exemplo claro de um conceito que só pode produzir mudanças insignificantes nas escolas, porque nunca vai além de uma abordagem básica. Quando a representação dos alunos é genuinamente abraçada, as suas impressões digitais devem ser evidentes na cultura da escola. Deve ser considerado antinatural (e não uma simpatia ocasional) não incluir a voz dos alunos em qualquer decisão que tenha impacto nos estudantes.
As práticas de avaliação são outro caso em que a cultura tem um impacto significativo no efeito que uma iniciativa de mudança pode ou não ter. Leia o trabalho de Dylan Wiliam, perito em avaliação altamente respeitado, e verá que o impacto mais significativo ocorre quando as escolas abraçam abordagens de avaliação para a aprendizagem ou avaliação formativa. Duas citações de Wiliam esclarecem os conceitos-chave subjacentes a uma abordagem de avaliação formativa:
É formativa apenas se a informação for utilizada pelo aprendente para fazer melhorias que efetivamente levem a sua própria aprendizagem para a frente. É por isso que para ser formativa, a avaliação deve incluir uma receita para ações futuras. - Dylan Wiliam
Se o que está a fazer sob o título de avaliação para a aprendizagem ou avaliação formativa envolver a colocação de qualquer coisa numa folha de cálculo, ou a utilização de uma caneta que não seja para fazer comentários num caderno de um aluno, então não está a fazer a avaliação para a aprendizagem que faz a diferença'. - Dylan Wiliam
Aprofundando mais a definição de avaliação formativa, Wiliam partilha "A prática numa sala de aula é formativa na medida em que as evidências sobre os resultados dos alunos são recolhidas, interpretadas e utilizadas por professores, alunos, ou seus pares, para tomar decisões sobre os próximos passos no ensino que provavelmente serão melhores, ou mais bem fundamentadas, do que as decisões que teriam tomado sem evidências que foram recolhidas". Isto aponta-nos claramente para práticas que permitem a todos os envolvidos na aprendizagem compreender onde o aprendente está na sua aprendizagem, o que poderá fazer a seguir e o que outros (professores, pais, etc.) poderão fazer para ajudar.
Este processo não é suportado por uma classificação ou uma nota. Ambas falham em esclarecer as especificidades do que foi alcançado ou do que pode resultar em crescimento.
De facto, o problema com as notas ou classificações é maior do que possamos imaginar. Ruth Butler investigou o impacto das notas na motivação intrínseca, e as suas conclusões são significativas. Os alunos que receberam feedback apenas com comentários, retiraram o máximo proveito do feedback fornecido. Quando os estudantes receberam apenas notas, ou mesmo notas e um comentário, o efeito foi um enfraquecimento do seu interesse e desempenho. O esforço feito pelo professor para complementar a nota com um comentário significativo que pudesse orientar o aluno na sua aprendizagem foi desfeito pela atribuição dessa nota.
O desafio que muitas escolas enfrentam quando implementam a avaliação formativa decorre mais claramente da cultura e das crenças que a cultivam. Os professores acreditam que uma parte do seu trabalho é fornecer aos alunos uma nota, mesmo em situações em que o sistema não o exige. Os professores também acreditam que precisam de manter uma caderneta para as notas.
Os pais contribuem para isso, insistindo nas notas e a crença de que boas notas são um indicador satisfatório de aprendizagem é generalizada. Por imersão nesta cultura, os alunos aprendem que o sucesso na escola é demonstrado pelas boas notas. Emily Mitchum, uma estudante que reflete sobre a sua aprendizagem e a cultura que viveu publicou um artigo de opinião na Pittsburgh Post-Gazette onde escreveu,
Este sistema...fez com que a minha geração desenvolvesse uma obsessão pouco saudável por notas em vez de aprender, na minha opinião. A dura realidade é que não estamos realmente a aprender tanto quanto podíamos. Estudamos porque temos testes e no dia seguinte ao teste esquecemo-nos de toda a informação que estudámos.
O nosso enfoque persistente nas notas está a moldar a perceção dos nossos alunos sobre o que é a aprendizagem e a convencê-los de que imaginar não é positivo. Quando avaliamos a eficácia do nosso esforço para implementar uma avaliação formativa, devemos considerar o impacto que este enfoque cultural tem nas notas. Alterar as nossas práticas de avaliação sem abordar o preconceito cultural tem poucas probabilidades de ser um sucesso.
O padrão mantém-se para muitos aspetos da mudança. A adoção de novas práticas é relativamente fácil. Alterar a cultura de modo a que a mudança se torne uma rotina de funcionamento da organização é um desafio. Quando chega o momento de avaliar uma mudança, o elemento cultural tem de ser considerado.
Demasiadas boas ideias foram descartadas, não porque a ideia tivesse falhas, mas porque não se enquadrava na cultura da organização em que foi introduzida. Este ponto pode revelar-se crucial em tempos de mudança rápida em que novos desafios são lançados à educação. Embora possamos reconhecer a necessidade de mudanças na forma como os jovens estão preparados para o mundo que herdarão, será que a cultura dos sistemas educativos terá capacidade de se ajustar a tempo?
A Semana da Leitura de Leiria decorre de 12 a 21 de março, num palco digital e apresenta cerca de 100 atividades para celebrar o livro, a leitura e os leitores, sob o mote: “Ler Sempre. Ler em qualquer lugar”. A iniciativa é da responsabilidade da Rede de Bibliotecas de Leiria considerando atividades dinamizadas por todos os seus membros: Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, Bibliotecas Escolares de todas as escolas do concelho, Bibliotecas do Politécnico de Leiria e Biblioteca da Fundação, Casa Museu João Soares.
A abertura da Semana da Leitura, a 12 março, contou com a presença, online, do escritor David Machado à conversa com Daniel Ribeiro e Rita Nobre e alunos do ensino secundário. São muitos os pontos altos do programa, ao longo dos 10 dias da iniciativa, dos quais destacamos: a Ronda Leiria Poetry Festival [https://leiriapoetryfestival.com/ ], que este ano tem âmbito internacional, com a participação de mais de 200 convidados, oriundos de cerca de 40 países, apresentando-se em entrevistas, conferências, debates, workshops, vídeo-poemas, espetáculos musicais e performances poéticas, integrando leituras de poemas pelos alunos vencedores da Fase Municipal do Concurso Nacional de Leitura.
No ano em que Leiria assinala os 400 anos da morte do poeta Francisco Rodrigues Lobo, realizar-se-á mais uma edição da “Gala da Poesia – Ler Poesia sempre. Ler em qualquer lugar”, que será transmitida às 14:00 de dia 21 de março – Dia Mundial da Poesia.
A partilha de leituras para todas as idades é uma constante da programação, envolvendo pequenos e grandes leitores – crianças, adolescentes, jovens, professores, famílias e seniores. Consulte o programa completo e acompanhe as atividades.
A Quarta Revolução Industrial1em curso está ancorada na ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Science, Technology, Engineering e Mathematics - STEM) e é uma oportunidade que favorece a inclusão e bem-estar de todos os seres humanos, qualquer que seja a geografia, condição e características.
A utilização de tecnologia digital é relevante no trabalho, para todos os setores e carreiras e na forma como interagimos, nos divertimos e realizamos as tarefas no dia-a-dia.
Inteligência artificial, biotecnologia, realidade virtual e aumentada, impressão 3D, Internet das Coisas, 5G, criptomoeda, identidade digital são áreas de inovação tecnológica que integram esta revolução e que exigem cidadãos digitalmente fluentes (Digital fluency – Fórum Económico Mundial 2021 2).
Na educação, a inovação tecnológica está a transformar todo o sistema: o modo como os recursos educativos são criados e distribuídos, como os alunos leem e interagem com os recursos, uns com os outros e com a comunidade e como as aprendizagens são avaliadas.
Neste contexto empresas tecnológicas – Amplify, Knewton… – e editoras digitalizam livros escolares e criam conteúdos personalizados e baseados em gaming e outras empresas, como a Khan Academy, edX, TED-Ed, Codeacademy, Stanford Online, Babbel (línguas), Class Central, “Os 7 principais sítios para educação na internet gratuita” da Forbes3 e Coursera estão a transformar a educação através de Cursos Online Abertos Massivos (MOOC) gratuitos.
Esta oferta de educação informal constitui uma oportunidade para transformar o modo como os professores ensinam na escola e permite que:
- Todos possam ter uma experiência de aprendizagem mista (presencial e à distância) de qualidade;
- Comunidades rurais ou de difícil acesso, mas com internet, gozem de meios idênticos de acesso à educação;
- Sempre que a escola tenha que fechar, por razões de saúde, catástrofe ou conflito armado, a educação possa prosseguir.
Dada a sua importância, a formação em tecnologia digital deve ser incorporada transversalmente em todas as atividades educativas por parte de todos os professores. O DigCompEdu4 é a estrutura de competências que os educadores necessitam desenvolver para realizar atividades de educação STEAM e a SELFIE5 a ferramenta digital de autoavaliação STEAM para escolas e outras organizações com responsabilidades em educação.
Para incentivar e dar visibilidade ao desenvolvimento de competências digitais junto das crianças e jovens, a Rede de Bibliotecas Escolares propõe às bibliotecas a adesão à All Digital Week/ Semana Todos Digitais (vídeo 6), iniciativa da União Europeia que, desde 2010, apela a que todos os cidadãos e, sobretudo aqueles com responsabilidades em educação, incentivem e valorizem estas competências, sobretudo junto dos que delas mais estão privados.
Decorre na semana de 22 a 28 de março, mas a organização sugere que as atividades possam prolongar-se até 16 de abril e que, na atual situação pandémica, decorram em segurança, realizando-se preferencialmente na internet.
Sem que tal diminua a liberdade de intervenção de cada um, Todos Digitais sugere que as ações realizadas se foquem em quatro temas principais:
- Competências digitais básicas e literacia mediática;
- Codificação, STE(A)M e inteligência artificial;
- Aptidões digitais avançadas e empregabilidade;
- Património cultural digital.
Para além de recursos, apresenta exemplos de atividades realizadas e que podem inspirar a sua ação:
- STEM para o pré-escolar 7 que usa tecnologia com crianças dos 0 aos 6 anos, não pondo-as a trabalhar diretamente com ela (segundo Piaget, Tisseron e outros pedagogos e psicólogos infantis, esta é contraindicada pelo menos até aos 3 anos), mas para amplificar experiências como ler um poema ou contar uma história por pessoas familiares (educador, pais, amigos mais velhos).
Porque as raparigas e mulheres e pessoas com mais idade estão sub-representadas nas STEM e evidenciam menor gosto e níveis de proficiência no uso de tecnologia digital, é fundamental que os professores bibliotecários as escutem na preparação destas atividades para que elas sintam que, se destinam a todos os públicos, mas também vão ao seu encontro.
E porque as nossas raízes devem ser locais, mas a nossa visão deve ser global, sugere-se que o professor bibliotecário colabore, dê o exemplo e ideias, partilhando com todos a sua proposta de atividade, contando a sua história, divulgando as suas fotos e vídeos na plataforma Unite-IT11 e nas redes sociais (# AllDigitalWeek2021) da All Digital. Em alternativa, pode aderir, sozinho ou em grupo, a atividades apresentadas por outros parceiros. Em todo o caso, o importante é participar e, sentindo-se confortável, pôr Portugal no mapa da Europa Todos Digitais (ver e adicionar eventos 12 ).
4. Redecker, C. (2017). European Framework for the Digital Competence of Educators: DigCompEdu. Luxembourg: Publications Office of the European Union. Disponível em: https://ec.europa.eu/jrc/en/digcompedu [acedido em 11 de março de 2021].
5. European Commission. (2021a). Selfie [Self-reflection on Effective Learning by Fostering the use of Innovative Educational technologies]. S.l.: Autor. Disponível em: https://ec.europa.eu/education/schools-go-digital/about-selfie_en [acedido em 11 de março de 2021].
6. Europe Union. (2021b). All Digital Week: Why join All Digital Week? See what our partners say! [vídeo] S.l.: Europe Union. Disponível em: https://alldigitalweek.eu/videos/ [acedido em 11 de março de 2021].
11. Europe Union. (2021g). All Digital Week: Unite It – e-Inclusion. Network. S.l.: Autor. Disponível em: http://www.unite-it.eu/ [acedido em 11 de março de 2021].
12. Europe Union. (2021h). All Digital Week: Events. S.l.: Autor. Disponível em: ver e adicionar eventos https://alldigitalweek.eu/events/ [acedido em 11 de março de 2021].
Retrocesso! A palavra que nenhum projeto válido mereceria enfrentar. Mas é disso que se trata. Nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o mundo comprometeu-se a pôr fim a todas as formas de trabalho infantil até 2025. E segundo o relatório UNICEF de abril de 2020, nas últimas duas décadas houve menos 94 milhões de crianças em situação de trabalho infantil.
E agora… De acordo com o relatório COVID-19 e o Trabalho Infantil: um momento de crise, o momento certo para agir[1], o risco de retrocesso é claro. Não precisamos de números exatos para identificar fatores ameaçadores: agravamento das condições de vida, deterioração do emprego, aumento da informalidade… e, claro, encerramento das escolas. É certo que muitos governos começaram a disponibilizar ensino online, mas uma enorme percentagem de crianças no mundo não tem acesso à internet. Ficam disponíveis para serem utilizadas pelas famílias como recurso de compensação pela perca de rendimentos. Tal como foi dito por uma criança: “Muitos pais no meu bairro aproveitaram estas ‘férias’ para mandarem os filhos para a cidade para venderem fruta e legumes”.
As escolas oferecem às crianças muito mais do que o ensino. Garantem recursos essenciais como alimentação, identificação de situações de abuso, defesa relativamente à vulnerabilidade... Quando ocorrer, a reabertura das escolas, está longe de resolver ou repor a situação anterior. Por experiência de anteriores situações de crise, sabemos que, quando as escolas reabrem, muitas famílias já não têm a capacidade financeira para mandarem os filhos à escola.
Por todos os motivos, esta é a hora de agir! As medidas de proteção social são o pilar para qualquer resposta política coordenada às crises: disponibilização do acesso a cuidados de saúde, apoio ao emprego, ao rendimento e à segurança alimentar, reforço da inspeção do trabalho e aplicação da legislação laboral, entre tantas outras. Mas as economias emergentes e em desenvolvimento são aquelas que, em situação de crise, tem maiores dificuldades na reafectação de recursos financeiros para respostas de emergência.
A resposta à crise da COVID-19 exige diálogo social e cooperação entre governos e países. O alerta principal é este: deve ser dada uma atenção particular ao período imediatamente a seguir ao confinamento. Será uma janela crucial para ajudar as crianças a regressar à escola e evitar o abandono escolar definitivo. A médio prazo, campanhas de sensibilização ativa devem incentivar os pais a permitirem o regresso dos filhos à escola, incluindo - ou sobretudo - aqueles que, entretanto, começaram a trabalhar. Medidas de transferência monetária ou outras prestações sociais podem compensar as famílias vulneráveis pelo rendimento ou produção das crianças.
Mas uma das medidas mais importantes – com a qual o relatório termina – é promover a mudança na forma de pensar. É essencial ‘educar’ os pais e as comunidades no sentido de mudar normas sociais que consideram o trabalho infantil como aceitável. Tal pode exigir a adoção de soluções de comunicação inovadoras e remotas. Mas de novo, como promover estratégias de comunicação remotas em regiões sem internet? O desafio é enorme, complexo, mas urgente.
A iniciativa Futuros da Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) está a gerar um debate global para moldar o futuro do conhecimento e aprendizagem, da sociedade e do planeta.
Este debate é fundamental porque os problemas atuais são de natureza complexa e global, obrigando a que trabalhemos em conjunto para encontrar soluções.
A UNESCO sugere que cada um na sua comunidade e, sobretudo nas escolas e universidades, se organize em grupo e promova a reflexão e transformação, a partir de uma série de quatro vídeos e questões:
Como pode a educação realmente contribuir para resolver a crise climática?1
A ação humana está a provocar a extinção em massa das espécies biológicas, a destruição das florestas e a poluição do ar, levando, pela primeira vez, cientistas a considerar que a vida da humanidade na Terra pode vir a tornar-se impossível. Devemos abandonar a escola e dirigir todos os esforços para ações de campanha que mobilizem os líderes mundiais e a população para a alteração dos sistemas de produção e consumo? Uma vez que se verifica que as pessoas com níveis mais elevados de educação são quem tem maior pegada ambiental, a resposta à crise climática não passará também pela mudança da própria escola através, por exemplo, de um sistema híbrido de aprendizagem?
O novo normal: o que precisa ser diferente em relação ao passado [pré-Covid]? 2
A Covid-19 tornou o ser humano consciente da sua vulnerabilidade, das desigualdades sociais e da necessidade de outras pessoas, inclusive profissionais cuja visibilidade e voz têm tido pouca expressão nas decisões coletivas. O que aprendemos com a crise pandémica? Que novas necessidades surgiram e quais são essenciais e devem manter-se? Que novo normal temos intenção de construir?
O que precisa ser aprendido na escola com professores e alunos? 3
Por motivos de conflito armado, desastres naturais e pandemias a escola pode fechar, devendo repensar-se as suas atividades através de sistemas remotos acessíveis a todos (internet, televisão, rádio), em que o papel da família e comunidade na aprendizagem é essencial. Que competências e conteúdos de aprendizagem devem ser reforçadas? Que agentes devem ser mais envolvidos na educação e na escola?
As nossas opiniões são mais moldadas pelo que aprendemos em linha do que pelo que aprendemos nas escolas? 4
Crenças, sentimentos e comportamentos são mais orientados por empresas privadas (Google, Facebook, YouTube, Instagram, Twitter) a que recorremos informalmente, do que por profissionais de educação e ensino que trabalham em contexto formal? Quais são as consequências para a escola e o currículo do peso crescente do informal?
Para a resposta a esta última questão e vídeo a UNESCO sugere a leitura de Tristan Harris, americano de 37 anos, especialista em ética da persuasão humana na Google (2013-2016), onde criou a apresentação, A Call to Minimize Distraction & Respect Users’ Attention/ Uma Chamada para Minimizar a Distração e Respeitar a Atenção do Utilizador 5, co-fundador e presidente do Center for Humane Technology/ Centro para a Tecnologia Humana 6, organização sem fins lucrativos criada em 2018 para gerar uma alternativa à tendência de manipulação e adição das grandes plataformas digitais. Harris é também co-apresentador do podcast sobre tecnologia Your Undivided Attention/ A sua Atenção Indivisível e a principal voz de The Social Dilemma/ O Dilema das Redes Sociais, documentário baseado em testemunhos de ex-trabalhadores de topo destas empresas e que as bibliotecas podem usar para reforçar a reflexão, com as crianças e jovens, sobre os riscos de normalização de comportamentos aditivos em relação a tecnologias digitais, designadamente dispositivos móveis - o sítio dispõe de um guia 7 para promover, inclusive à distância, a discussão em grupo.
Para Tristan Harris a tecnologia digital não é um instrumento neutro que evolui ao acaso. A criação de tecnologia tem um conteúdo, a mente humana, que o seu fabricante, à semelhança de um mágico, conhece e explora as vulnerabilidades e limites para um interesse específico, a obtenção de lucro que consegue sempre que conquista a atenção do utilizador. Para o efeito, usa técnicas que moldam as mentes e comportamentos, agarrando o utilizador aos produtos de publicidade e propaganda que empresas que as financiam vendem. Exemplos destas técnicas são o incentivo e exploração de:
1. Narcisismo do eu, alimentando a necessidade humana de aprovação social e não o confrontando com conhecimentos e opiniões diferentes (contraditório). Pode gerar infantilização e, no limite, um sistema de human downgrading/ degradação humana em grande escala que pode provocar um retrocesso civilizacional;
2. Emoções sobre a razão, expressas por exemplo, em títulos de notícias que fomentam a desinformação, mais apelativos porque chocam ou são dissonantes da realidade. Segundo o MIT Computer Science & Artificial Intelligence Lab referido no documentário, “’Notícias falsas’ [oxímoro ou expressão enganosa que deve evitar-se] espalham-se seis vezes mais rápido do que notícias verdadeiras” e “De acordo com o Conselho Europeu de Investigação, um em cada quatro americanos visitou pelo menos um artigo noticioso falso durante a campanha presidencial de 2016” 8. A par da desinformação circulam teorias da conspiração, explicações alternativas da realidade e formam-se opiniões extremas (polarização) e discurso de ódio que apelam mais ao cérebro instintivo (límbico) do que ao bom senso ou reflexão lógica fundamentada (cérebro frontal), descredibilizando os media e instituições democráticas. Neste contexto compreende-se, por exemplo, o ataque ao Capitólio dos EUA, a 6 de janeiro;
3. Síndrome de FOMO (fear of missing out/ medo de perder algo), distúrbio psicológico induzido por técnicas como a das notificações ou da transmissão automática, no fim de um conteúdo, do início do conteúdo seguinte ou de conteúdos que apelam ao “novo” ou “mais recente lançamento”, critério puramente comercial que nada indica sobre a qualidade de um conteúdo. O uso aditivo de equipamentos tende a provocar desconcentração, isolamento social, depressão e mesmo suicídio.
Formas mais subtis de suscitar a interação com o equipamento são likes, tags, emojis, reticências que aparecem quando alguém está a escrever e que preveem e interferem na ação humana, mantendo o utilizador ligado o máximo de tempo possível. Também o scroll em busca de algo que se possa vir a ganhar liberta dopamina (hormona do prazer), aproximando o utilizador do contexto das slotmachines em que o jogador acredita ganhar na próxima jogada;
4. Obsessão com métricas – e.g. quantidade de cliques ou likes observados que supostamente medem a atenção dispensada ou preferência do utilizador – e que podem ser gerados por falsos utilizadores que alimentam e garantem a aparente eficácia do sistema.
Devemos, por isso, mudar os paradigmas:
- De uso e ensino de tecnologia nas escolas porque, mais importante do que conhecer e usar novas ferramentas, é necessário perceber como a tecnologia funciona e está a moldar e a aprisionar a mente e perceção humana da realidade, degradando as suas decisões e relações sociais.
Uma das instituições parceiras do Center for Humane Technology é a Common Sense Education/ Educação para o Senso Comum que disponibiliza recursos (idiomas inglês e espanhol) que ajudam as escolas nesta missão 9.
- De construção da tecnologia que deve devolver o controlo e bem-estar ao utilizador, incentivar a sua consciência e atenção plena e ser usada para o bem comum.
Neste contexto, Tristan Harris inicia o movimento Time Well Spent/ Tempo Bem Gasto que pretende transformar o design de software, de modo a que ele seja impedido de explorar as vulnerabilidades psicológicas do utilizador, contando inclusive com um “juramento de Hipócrates” no qual se compromete a tratar as pessoas com respeito.
Com base nesta tendência há empresas de software e dispositivos móveis que passaram a apresentar funcionalidades nesta área, embora não sejam suficientes e contradigam a maioria das opções disponíveis pelas mesmas empresas.
É assim que Harris desafia cada um a Take Control/ Tomar o Controlo 10 da própria vida através de sugestões, das quais damos exemplos:
- Desligue notificações;
- Nunca siga as Recomendações: Escolha sempre;
- Controle o tempo de utilização, procurando outras fontes de informação e de prazer, desfrutando do mundo e das pessoas reais e desconecte totalmente um dia por semana;
- Confirme a informação antes de a partilhar e interromper outra pessoa;
- Fomente o espírito crítico e um certo ceticismo saudável;
- Abandone sítios que promovem a indignação;
- Siga vozes com as quais discorda;
- Remova aplicações tóxicas: em vez de Facebook amigos, preferir Signal, em vez de TiKToK usar Marco Polo, em vez de Instagram, usar VSCO. Também podem ser úteis as seguintes ferramentas: Flux (sono), Moment (mudança de hábitos no ecrã), Pocket (leitura); Insight Timer (mindfulness).
No período de confinamento, devido à Covid-19, aumentou o uso e dependência das tecnologias digitais, pelo que urge refletir sobre as implicações desta tendência. A propósito, celebrou-se a 5 de março de 2021 o Dia Nacional da Desconexão11 que promove uma pausa de 24 horas na tecnologia “para desacelerar vidas num mundo cada vez mais agitado”. Esta é uma data que se comemora desde 2009 na primeira sexta-feira de março, mas pode ser lembrada regularmente na biblioteca. O sítio oficial contém inúmeras propostas de ação, mas ler um livro, não conversar sobre trabalho (w-talk), fazer pão ou praticar ioga podem ser possibilidades a ter em conta. Já agendou o seu próximo detox digital?
Referências
1. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO). (2020a). Debating the Futures of Education: How can education really contribute to solving the climate crisis? Paris (França): Autor. Disponível em: https://bit.ly/34E674m [acedido em 4 de março de 2021].
2. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO). (2020b). Debating the Futures of Education: The new normal. Paris (França): Autor. Disponível em: https://bit.ly/33zxf3V [acedido em 4 de março de 2021].
3. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO). (2020c). Debating the Futures of Education: What needs to be learned at school? Paris (França): Autor. Disponível em: https://bit.ly/2OFBKTD [acedido em 4 de março de 2021].
4. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO). (2020d). Debating the Futures of Education: Are our views more shaped by what we learn online than what we learn in schools? Paris (França): Autor. Disponível em: https://bit.ly/39eLyO3 [acedido em 4 de março de 2021].
5. Harris, T. (2013). A Call to Minimize Distraction & Respect Users’ Attention. EUA: Google. Disponível em: http://www.minimizedistraction.com/ [acedido em 4 de março de 2021].
6. Center for Humane Technology Foudation. (2018). Center for Humane Technology. EUA: Autor. Disponível em: https://www.humanetech.com/ [acedido em 4 de março de 2021].
10. Center for Humane Technology Foudation. (2018). Center for Humane Technology: Take Control. EUA: Autor. Disponível em: https://www.humanetech.com/take-control [acedido em 4 de março de 2021].
11. Unplug Collaborative. (2020). National Day of Unplugging. EUA: Autor. Disponível em: https://www.nationaldayofunplugging.com/ [acedido em 4 de março de 2021].
Acalentamos esperança de dias melhores. A esperança é uma ideia concreta, um sentimento do que é possível, uma projeção futura do que queremos agora. Ao direcionar para o futuro, a esperança evoca um desejo do presente. A esperança tem sido também um motor de transformação na humanidade no sentido de mobilizar pessoas insatisfeitas que almejam um futuro diferente.
A forma como vivemos o presente e imaginamos o futuro regula a personalidade de cada indivíduo. O otimismo tem a ver com pensar que as coisas vão correr sempre muito bem e acontecer tal qual as imaginámos. O modo como aprendemos a gerir as expectativas irá ditar se somos uma pessoa mais otimista ou mais pessimista, havendo até uma ideia de que os pessimistas podem ser mais felizes, por viverem com níveis de expectativas mais baixos.
Para racionalizar a esperança, esta esperança de dias melhores, fazemos o exercício de olhar a realidade, tal como ela se nos apresenta, e de traduzir esse sentimento nas causas que a concebem, e pensando as razões que nos permitem esperar o melhor daquilo que imaginamos. Também o conhecimento do mundo, do que se passa à nossa volta, ou até experiências idênticas mas em contextos mais longínquos, permite relativizar a nossa própria realidade, refletir sobre ela e ir encontrando algum equilíbrio nessa gestão de expectativas.
Ter esperança é parecido com saber esperar e saber esperar é uma coisa que demora a aprender e não é fácil ensinar. A leitura mediada de livros álbum é uma oportunidade para criar um espaço/ tempo para pensar em conjunto e partilhar ideias, experiências e emoções. Sugere-se um conjunto de álbuns que permitirão trazer à discussão e reflexão estas temáticas, assim como um livro digital que ficciona a experiência da pandemia com crianças de diferentes partes do mundo. Pelas suas características textuais e gráficas, podem ser utilizados com alunos de diferentes faixas etárias.
A árvore vermelha, Shaun Tan, Kalandraka
“A árvore vermelha é um canto poético à esperança, ainda que grande parte das suas ilustrações transporte o leitor para um mundo cinzento, agonizante e atemorizador. A protagonista sente-se triste, incompreendida, perdida, desorientada, vazia e vencida por circunstâncias adversas... mas eis que, quando e onde menos se espera, surge a luz ao fundo do túnel, o motivo desejado para vencer o desânimo.” (resenha da editora)
Espera, Miyuki, de Roxane Marie Galliez e Seng Soun Ratanavanh, Orfeu Negro
“Espera, Miyuki é um livro sobre a (im)paciência, que nos fala da arte de saber esperar. Delicado e sonhador, este álbum convida-nos a parar e a descobrir a lenta valsa de cada momento.” (resenha da editora)
À Procura de Ontem, Alison Jay, Fábula
“Um rapaz decide ir à procura de ontem, pois foi o seu melhor dia de sempre. Para isso, usa todo o seu conhecimento científico na tentativa de voltar ao passado, mas sem sucesso. É então que vai ter com o avô e lhe pede ajuda. Este vai mostrar-lhe que mais importante do que voltar a ontem é viver plenamente o hoje. Todos gostamos de guardar as boas recordações de experiências passadas, mas o melhor ainda pode estar para vir. Há que aproveitar tudo o que de bom o dia de hoje nos pode trazer.” (resenha da editora)
Ainda nada, Christian Voltz, Kalandraka
“Uma manhã bem cedo, o Sr. Luís cavou um buraco na terra onde deixou cair uma semente. Sob o olhar expectante de um pássaro, sempre presente, foi medrando nele o desejo de ver brotar e crescer a flor que plantou. Mas, «Ainda nada?», perguntava ele, dia após dia, ao ver que nada acontecia, até ao momento em que… O texto aparentemente simples deste álbum encerra uma mensagem fulcral: a descoberta da paciência e a virtude da perseverança. Através do processo do nascimento e crescimento de uma planta, Christian Voltz constrói uma metáfora da própria vida, com as suas frustrações, mas também com as suas satisfações.” (resenha Wook)
Esperança, onde está você?, Lego Foundation
Escrito pelos professores Armand Doucet (Canadá) e Elisa Guerra (México), o livro infantil “Esperança, onde está você?” conta a história de seis crianças, moradoras de diversas partes do planeta, que enfrentam o encerramento de escolas em virtude da COVID-19. Abordando as suas frustrações e desafios, as histórias seguem um padrão semelhante, visando levar uma mensagem de esperança. O projeto, uma iniciativa da Lego Foundation, foi traduzido por educadores voluntários para aproximadamente 30 idiomas. A versão em português PT pode ser descarregada aqui.
Pistas para discussão:
Afinal a esperança existe? Será a esperança uma ilusão ou aquilo que é possível? É bom ter esperança? Pode-se viver sem esperança? Pode-se viver com esperanças desmedidas?
O que posso fazer para concretizar um futuro que desejo? Como posso lidar com as coisas que não dependem de mim?
Como percebemos os provérbios contraditórios “Quem espera, sempre alcança” e “Quem espera, desespera”? É possível encontrar um equilíbrio?
A edição de 2020/ 21 do Concurso Nacional de Jornais Escolares já foi lançada e traz algumas novidades. Os estabelecimentos de ensino interessados podem candidatar-se até 31 de março.
Nesta edição do Concurso Nacional de Jornais Escolares, as publicações podem ser inscritas como jornais de agrupamento (categoria A) ou jornais de escola (categoria B). Serão atribuídos primeiro e segundo prémios em cada uma destas categorias. Para além dos três prémios especiais — reportagem, trabalho de ciência e design gráfico —, este ano incluiu-se um prémio incentivo para publicações dinamizadas em contextos mais desfavorecidos, que contempla um workshop sobre como fazer um jornal. Em relação ao formato do jornal, são admitidas várias tipologias, desde que cumpram os critérios definidos, nomeadamente ter havido, pelo menos, duas edições. Assim, aceitam-se publicações em papel e/ ou em formato digital, sendo possível concorrer com um número em papel e outro digital; quanto às publicações online, devem ter sido atualizadas regularmente durante o presente ano letivo.
O Concurso Nacional de Jornais Escolares é uma iniciativa do jornal PÚBLICO, através do projeto PÚBLICO na Escola. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponíveis na página do Concurso Nacional de Jornais Escolares do jornal PÚBLICO.
Fotografia cedida pelo Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor
O fecho das escolas e o regresso ao ensino a distância, no final do mês de janeiro, criou inúmeros desafios às escolas e às famílias. Apesar da flexibilidade de tempo e de lugar proporcionada pelo ensino a distância, os constrangimentos são inúmeros e só um trabalho articulado e em rede consegue encontrar respostas rápidas e eficazes para a implementação dos planos de E@D que as escolas criaram, no início do presente ano letivo.
As bibliotecas escolares integram os planos de E@D das escolas, e, nesse sentido, têm apoiado alunos, professores e encarregados de educação, com propostas que contribuem para a qualidade das aprendizagens dos alunos em torno do desenvolvimento de multiliteracias.
Este apoio, presencial e em linha, materializa-se de diversas formas: criação e/ ou disponibilização de recursos educativos e de tutoriais para utilização das plataformas de LMS ou outras ferramentas digitais; apoio a alunos e professores; dinamização de projetos e programas em torno da literacia da leitura, da informação e dos media.
Para ilustrar este trabalho, apresentam-se alguns exemplos do trabalho que tem vindo a ser realizado pelas bibliotecas escolares do Médio Tejo e Alto Alentejo.
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CASTELO DE VIDE
- Projeto “Aprender com a Biblioteca Escolar”, para as turmas dos 2º e 3º ciclos, em articulação com a área de Cidadania e Desenvolvimento. O tema aglutinador deste projeto é “Identidade e inovação”. Como suporte à avaliação formativa, são usadas rubricas.
- Articulação com a disciplina de Português do 2º Ciclo - através da criação de diversos jogos de Gramática com a ferramenta Baamboozle que foram disponibilizados às docentes de Português e aos alunos.
- Acompanhamento presencial a alunos dos 2º e 3º CEB - a professora bibliotecária e alguns elementos da equipa têm feito acompanhamento presencial, na biblioteca, apoiando alunos que, por motivos de impossibilidade das famílias, falta de recursos e/ ou de apoio nas atividades escolares, contam com a escola. Este apoio consiste na orientação aos trabalhos que são atribuídos nas diversas disciplinas, bem como no apoio à utilização da ferramenta digital Google Classroom, que ainda apresenta constrangimentos quer a alunos quer a docentes.
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SARDOAL
- Projeto “Ler para comunicar” - atividade de articulação com várias disciplinas, selecionadas por cada conselho de turma, entre as quais Português, Atelier de Informática, Cidadania e Tecnologia, Comunicar com Artes (agrega EV, ET e TIC) ou Projeto de Trabalho Interdisciplinar. Este projeto foi iniciado no 1º semestre e culminou com um concurso dos trabalhos promovido pela BE já em E@D com votação da comunidade educativa (143 votos).
- Apoio à disciplina Cidadania e Mundo Atual na realização de trabalhos sobre o trabalho infantil a partir de uma revista de Flipboard da Biblioteca para esse efeito.
- Propostas de atividades, desafios ou leituras para todos os níveis de educação/ensino no blogue e incluídas nos planos de trabalho quinzenais das turmas.
- Trabalho colaborativo com todos os titulares de turma do Pré escolar e do 1º Ciclo, através da apresentação de propostas semanais de trabalho para todos os alunos.
- Participação nas equipas educativas e cooperação com os docentes de diferentes áreas, apoiando o currículo, partilhando sugestões e colaborando na planificação semanal.
- Educação Literária, em sessões síncronas, destinada aos alunos do 3º ano, tendo por base o referencial Aprender com a Biblioteca Escolar.
- Aplicação do Referencial Aprender com a Biblioteca Escolar, no âmbito da literacia da leitura, com os alunos do 4.º ano. Os alunos estão a gravar pequenas leituras de fábulas que serão apresentadas aos idosos do Lar de Santo António das Areias.
- Projeto “Ler é escolher Ser…”, o projeto é dinamizado, semanalmente, na plataforma Teams do Agrupamento e as atividades/ações visam o desenvolvimento de diferentes competências, em particular das competências de leitura e comunicação oral e escrita, em diferentes suportes, e da literacia da informação.
- Mentorias, este projeto, que continua a ser desenvolvido à distância, envolve 50 alunos do 3º ciclo e do Ensino Secundário. Os pares propostos pelos conselhos de turma e formados pela equipa das mentorias realizam as sessões através de uma plataforma online. Todo o material e documentação é gerido e arquivado na plataforma Teams.
A Direção-Geral da Educação promove, no próximo dia 12 de março, pelas 16h00, o Seminário onlinePlano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas, dirigido a diretores de Agrupamentos de Escolas/ Escolas não agrupadas, diretores de Centros de Formação e Associação de Escola, bem como às comunidades educativas.
Neste evento, cuja sessão de abertura está cargo do Secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, participam diversos oradores nacionais e internacionais, que apresentarão as suas perspetivas acerca da construção e implementação de um instrumento estratégico de apoio à tomada de decisão e à monitorização do trabalho desenvolvido nas escolas, na área do digital – O Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas.
Relembram-se as palavras da Sra. Coordenadora Nacional da RBE, Dra. Manuela Pargana Silva [Plano de Transição Digital na Educação: o papel das bibliotecas escolares] que convocou toda a Rede para uma ação concertada, articulada e estruturada no âmbito deste Desenvolvimento Digital; uma ação que visa sobretudo inovar e melhorar a educação, preparar melhor os alunos para o seu mundo e garantir-lhes um futuro. Torna-se, assim, muito importante aproveitar esta oportunidade para melhor compreender o que se espera das escolas e refletir de forma informada sobre os contributos que se podem esperar das bibliotecas escolares.
Recorda-se igualmente a publicação de 22 de janeiro, As bibliotecas escolares na era digital: contributos para o Plano de Ação para a Educação Digital 2021-2027, que refere que as bibliotecas escolares se têm vindo a posicionar estrategicamente nesta mudança de paradigma que caracteriza a aprendizagem na era digital e que se constituem, portanto, como parceiras por excelência dos decisores e dos professores, quer contribuindo para a criação dos Planos de Ação de Desenvolvimento Digital, quer no apoio à capacitação de professores e alunos.
Assim, sugere-se aos professores bibliotecários que, dentro das suas disponibilidades, assistam a este grande evento nacional.
A publicação «Ler, é para já!» apresenta um conjunto de sugestões de atividades para jovens avessos à escrita.
A publicação deste mês associa a divulgação de livros ao visionamento de filmes, com o objetivode promover a leitura recreativa junto de jovens com poucos hábitos de leitura. Esta metodologia requer empenho, imaginação e persistência e pode tersucesso, sobretudo quando os temas ou as personagens são do interesse dos jovens. Deve ser criado um espaço de diálogo, para que os alunos possam debater o livro e/ ou o filme baseado no livro, exprimindo as suas opiniões e desenvolvendo o pensamento crítico.