Coro de Leitura em Voz Alta da EB Professor João Dias Agudo, Póvoa da Galega, Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro, Mafra
Era uma vez… Uma educadora responsável por uma biblioteca escolar de uma escola básica integrada.
Era uma vez… Um clube de leitura em voz alta – CleVA que funcionava na biblioteca municipal de Alcochete, dirigido pela Andante Associação Artística.
Era uma vez… Um ano letivo em que essa educadora frequentou esse clube de leitura. Quinzenalmente lá ia, na companhia de outra colega de escola e de “carolice”, ao abrir da noite e no final do dia de trabalho, de Mafra a Alcochete, para ler em voz alta com os restantes companheiros do clube. A experiência desse ano foi marcante, mas acabou. E outro ano se seguiu, em que já não foi possível continuar a aventura.
E esse ano passou… E outro, e outro… A saudade, a vontade de regressar lutavam com a consciência de não ser possível conciliar todas as tarefas e responsabilidades para voltar, e assim corriam os dias. Quando o clube de leitura de Alcochete se transformou em coro de leitura foi a gota de água!
E a decisão surgiu: formar um coro de leitura na biblioteca escolar. E dia a dia foi-se desenhando mais e mais nítido o contorno do projeto. Foi um tempo de reflexão, de pesquisa, de tomada de opções para que, no ano letivo de 2018/ 2019, o convite fosse lançado às crianças.
Não vou alongar-me a descrever como funciona o coro, o que faz, pois tudo isso está disponível no nosso mural.
Prefiro refletir um pouco sobre o percurso que trilham crianças que o frequentam:
E vale a pena olhar para esse percurso de vários pontos de vista: falemos desde já das competências leitoras. Todos sabemos que elas enraízam num ponto fulcral, encontrar sentido(s) para ler, fazer da leitura um passaporte pessoal e intransmissível para olhar a vida, o mundo, nós mesmos. E este é o alicerce do CLeVinhA. Desde sempre.
A proposta que o coro de leitura faz às crianças é descobrir a leitura juntamente com outros colegas. Não importa ler bem, não importa ter ou não dificuldades de leitura, não importa sequer gostar de ler. Importa, sim, querer experimentar e ser leitor minimamente autónomo. Por esta razão o convite é feito a todos os alunos da escola a partir o segundo ano de escolaridade.
Após ser feito o convite nas turmas, os alunos aparecem na biblioteca para a primeira reunião. É o tempo de explicar, de confrontar expectativas, de expor as condições fundamentais para fazer parte. E saliento: sentido de comprometimento, os alunos que ficam a fazer parte do coro sabem que não devem faltar às sessões, desde que estejam na escola. Período de reflexão e de avaliação das expectativas: combina-se que o primeiro mês será, para todos, experimental, qualquer um pode dizer que afinal não quer continuar… Com uma regra: deve anunciar essa decisão numa sessão do coro, todos ficamos informados, é uma questão de aprendizagem de respeito pelo grupo e de saber assumir as decisões pessoais.
Findo esse mês inicial o coro fica apto a funcionar ao longo do ano letivo, com um grupo de alunos estável e permanente.
E assim vamos percorrendo o caminho, normalmente trabalhamos em duas sessões semanais de meia hora cada.
Desde o primeiro ano de funcionamento que é usual o coro apresentar-se nas festas e comemorações da comunidade escolar. Assim, naturalmente, as crianças que o compõem aprendem a gerir a exposição, a vergonha e timidez e a sentir alegria e orgulho de terem sido capazes e de ouvirem dos outros um retorno positivo. Claro que esta é uma consequência da existência do coro, não é a sua razão de existir. O coro trabalha fundamentalmente para usufruto dos seus membros, para veicular e consolidar experiências leitoras significativas, alargar competências diversificadas e possibilitar a proximidade das crianças com o texto literário, poético ou narrativo.
Que dizer mais? Que é uma paixão trabalhar com os meninos neste contexto. Que é uma descoberta constante. Que é tão envolvente, tão fascinante, como um bom livro.
Pilares do Futuro é uma plataforma conetora de boas práticas em cidadania digital, realizadas e dirigidas a professores de todos os níveis de educação.
Reconhecendo o professor como (co)autor/ formador que cria propostas que podem inspirar os seus pares a experimentá-las e construir outras, dispõe de um espaço de registo e compartilha em que as práticas apresentadas são apreciadas por um comité científico e pedagógico, no qual os professores também participam e que, em diálogo com os autores, podem ser aperfeiçoadas.
Exemplos destas atividades com crianças e jovens, descritos como roteiros didáticos a adaptar ao contexto e perfil dos participantes:
Os participantes são desafiados a tomar consciência de que a pesquisa de objetos do dia-a-dia (gato, chocolate, flor, rapariga, futebolista…) não é neutra, nem desinteressada, modifica e restringe a perceção, experiência e conhecimento que cada um tem da vida. Neste contexto, a privacidade e informação independente apresentam-se como um bem essencial e é-lhes sugerido que usem outros motores de busca que, ao contrário da empresa privada Google, não armazenem dados que identificam as pessoas (exemplo: endereço IP atribuído a cada dispositivo eletrónico), nem usem cookies (arquivos que armazenam dados de pesquisa do utilizador). Exemplos destes motores de busca: DuckDuckGo, Qwant, SearX e Peekier.
Partindo da observação de nuvens no céu e da clarificação do que é a figura de estilo metáfora, mostra-se como funcionam os centros de dados, através de servidores e cabos submarinos físicos que os ligam, enfatizando que consomem recursos naturais poluentes e escassos - como o petróleo - e têm vulnerabilidades.
Este sítio realiza ainda oficinas de formação temáticas em linha, algumas gravadas em tempo real e que podem ser consultadas de acordo com a disponibilidade de cada um e disponibiliza outros recursos que podem ser usados em sala de aula ou família (a pandemia Covid-19 reforça esta ligação), por exemplo:
- Jogos: Datamundi sobre privacidade, proteção de dados, cidadania digital e segurança na internet.
Nascida no Brasil e tendo como público-alvo professores de todos os países de língua portuguesa, Pilares do Futuro foi lançada oficialmente a 5 de agosto de 2020 e tem como parceiros, entre outros, Educadigital, organização da sociedade civil que trabalha na promoção dos direitos - e deveres - digitais universais, Núcleo de Informação e Coordenação (NIC.br) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A UNESCO inspira o seu nome e áreas de trabalho - Aprender a Aprender, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser (1) e as suas prioridades no digital que são para esta esta agência das Nações Unidas as seguintes:
1. Literacia dos media e informação (MIL): a qualidade da informação, na vida real e internet, determina a perceção, crenças, conhecimentos e comportamentos em sociedade e, por isso, a educação nesta área desenvolve resiliência à Covid-19 e responde a questões que influenciam o alcance da globalidade dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: “Como podemos ter acesso, pesquisar, avaliar criticamente, usar e contribuir com conteúdo com sabedoria, tanto em linha quanto na vida real? Quais são os nossos direitos em linha e na vida real? Quais são as questões éticas que envolvem o acesso e uso da informação? Como podemos envolver-nos com os media e as TIC para promover igualdade, diálogo intercultural e inter-religioso, paz, liberdade de expressão e acesso à informação?”
A Declaração de Seul, publicada na Semana Global MIL (24 - 31 outubro 2020), sublinha a centralidade desta área da educação para combate à desinfodemia e violência e defesa de direitos (informação, liberdade de expressão, privacidade), convoca os dirigentes nacionais e municipais a participarem e incentivarem políticas e recursos para uma “literacia dos media e informação para todos e por todos”, desafia os intermediários tecnológicos a uma ação responsável na luta contra a desinformação e construção de comunidades alfabetizadas e, a própria UNESCO e ONU, a discriminar positivamente grupos desfavorecidos nesta área, designadamente mulheres.
2. Recursos Educativos Abertos (REA): materiais em qualquer formato e meio, de aprendizagem, ensino e investigação que são do domínio público ou têm licenças abertas que permitem acesso, adaptação e redistribuição livre e gratuita por outros. A UNESCO cunhou em 2002 a expressão e na sua Conferência Geral (40ª sessão em novembro de 2019) adotou a Recomendação sobre REA que define os padrões internacionais de REA de qualidade, inclusivos, equitativos e que promovem a cooperação.
Estas prioridades condicionam direitos inalienáveis consagrados nos artigos 19.º (“procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão”), 26.º (“Toda a pessoa tem direito à educação”) e 27.º (“tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, fruir as artes e participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam”) da Declaração Universal dos Direitos Humanos e, por isso, estão no centro do trabalho das bibliotecas escolares. Porque a pandemia tornou a sociedade mais dependente das oportunidades e exposta aos riscos do digital, mais do que estes direitos, não será vital o desenvolvimento de competências digitais junto de crianças e jovens e comunidade?
(1)Educação: um tesouro a descobrir
Referências
Delors, J. (Coord.). (1998). Educação: um tesouro a descobrir - Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. UNESCO. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000129801
Educadigital, Núcleo de Informação e Coordenação (NIC.br), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), UniTwin Cátedra da UNESCO em Educação a Distância da Universidade de Brasília. (2020). Pilares do futuro. Disponível em: https://pilaresdofuturo.org.br/
A morte é um mistério. Ninguém parece pensar na morte com naturalidade, o que distingue do nascimento, fenómeno natural tão igualmente misterioso mas que nos levanta menos inquietações. Na cultura ocidental, os adultos tendem a afastar os mais novos da vivência destas experiências e da partilha de emoções com ela relacionadas, numa tentativa de preservação de sentimentos de dor e sofrimento, esquecendo-se que morrer faz parte da existência.
De repente, vimos a nossa vida comum ser regulada por um boletim epidemiológico que apresenta, entre outras notícias preocupantes, recordes de número de mortes a cada dia. Esta realidade traduziu-se sempre em pessoas de carne e osso que eram avós, pais, filhos de alguém mas que, durante os primeiros tempos da pandemia, nos pareciam longínquos e pontuais. Já não. Neste momento todos fazemos parte de, ou conhecemos, famílias assoladas por esta tragédia sanitária. E isso também é válido para as crianças e jovens com quem estamos no outro lado do écran.
Perceber que todos morreremos um dia, entender que a morte, assim como a vida, não é percecionada por todos da mesma maneira e compreender melhor (através da consciência da nossa finitude) o valor da vida, aceitando os limites por ela impostos, faz parte do crescimento.
Ao abordar este assunto com crianças e jovens, abrindo caminhos de diálogo, de desmistificação e de partilha, permite-se experienciar situações de tristeza e confrontar-se com sentimentos menos positivos, já vividas na pele ou, para quem teve a sorte de ser poupado a uma perda significativa, a possibilidade de desenvolver empatia e solidariedade com os colegas que estão a viver situações mais dolorosas.
Apesar de estar na ordem do dia, este não é um tema obrigatório. No entanto, não deve ser proibido. O docente atento encontrará formas de perceber se é ou não relevante falar sobre o assunto no momento.
A leitura mediada de livros álbum é uma ótima oportunidade para criar condições para que, num ambiente tranquilo e confortável, adultos e crianças possam falar sobre a morte e a perda. As seguintes sugestões têm como intenção criar um espaço de diálogo sobre o tema. São álbuns que, pelas suas características textuais e gráficas, podem ser utilizados com alunos de diferentes faixas etárias. Apresentamo-los como auxiliares para criar um espaço/ tempo seguro para pensar em conjunto e partilhar ideias e emoções.
A cadeira que queria ser sofá, de Clovis Levi e Ana Biscaia, Clube de Memórias
«Este livro contém 3 histórias, com uma delicada abordagem sobre a morte. Um excelente apoio para adultos que se defrontam com dificuldades para explicar às crianças o desaparecimento definitivo de um ente querido.» (resenha da editora)
Jack e a Morte, de Tim Bowley e Natalie Pudalov, OQO
«Jack encontra-se com a Morte e, ao intuir que ela lhe vai levar a sua mãe, que está doente, engendra um plano para se livrar dela. Com incrível astúcia, Jack é capaz de encurralar a sinistra personagem num frasco; mas as consequências do ato são imprevisíveis – já nada pode morrer – e o que parecia, inicialmente, um motivo de alegria – a mãe recupera de súbito da sua grave doença – acaba por se transformar num caos.» (resenha da editora)
Para onde vamos quando desaparecemos?, de Isabel Minhós Martins e Madalena Matoso, Planeta Tangerina
«À parte algumas exceções, ninguém consegue responder com certeza absoluta à pergunta que dá título a este livro.
“Para onde vamos quando desaparecemos?” aproveita a ausência de respostas “preto no branco” para lançar novas hipóteses – mais coloridas e poéticas, mais sérias ou disparatadas, conforme o caso… – e assim iluminar um tema inevitavelmente sombrio.» (resenha da editora)
O coração e a garrafa, de Oliver Jeffers, Orfeu Negro
«O Coração e a Garrafa fala-nos de uma menina fascinada com o mundo à sua volta. Até que um dia algo aconteceu que a fez pegar no seu coração e guardá-lo num sítio seguro. Pelo menos durante algum tempo… Só que, a partir daí, nada parecia fazer sentido. Saberia ela quando e como recuperar o seu coração?
Com esta história comovente, Oliver Jeffers explora os temas difíceis do amor e da perda, devolvendo-nos, de maneira notável, um sopro de alento e de vida.» (resenha da editora)
O sucesso dos alunos e a qualidade das suas aprendizagens é o objetivo de qualquer sistema educativo. Várias são as orientações (OECD, 2013) e os estudos (Hattie, 2012) que apontam para a centralidade da avaliação formativa, quando se fala do sucesso da aprendizagem. Nesse sentido, e dando continuidade ao artigo Repensar a avaliação das aprendizagens: o contributo da biblioteca escolar, o texto que agora se apresenta centrar-se-á na avaliação formativa.
A avaliação formativa, ou avaliação para as aprendizagens, deve integrar todas as interações na sala de aula (Looney, 2011), de forma dinâmica, respondendo às necessidades específicas dos alunos com vista à melhoria contínua das suas aprendizagens e à regulação das práticas pedagógicas. O aluno deve, por isso, ser participante ativo em todo este processo, para que perceba o que se espera dele, que aprendizagens deve desenvolver e como vai ser avaliado, pois só assim poderá monitorizar o seu desempenho e autoavaliar-se, com base nos critérios definidos pelo professor.
Para isso, é fundamental que os alunos saibam, de forma clara:
a) o que têm de aprender no final de um dado período de tempo; b) a situação em que se encontram quanto às aprendizagens que têm de desenvolver; c) os esforços que têm de fazer para aprenderem o que está previsto e descrito nos documentos curriculares” (Fernandes, 2019, p. 3).
Desenhar uma abordagem centrada na avaliação formativa implica, de acordo com a OCDE (2013):
- Definir objetivos de aprendizagem e acompanhar o progresso dos alunos, tendo em conta essas metas; - Fornecer feedback aos alunos, para que estes integrem as sugestões no seu processo de aprendizagem; - Ajudar os alunos a sentirem-se mais seguros, sem receio de arriscar e errar, pois só assim aprendem de forma efetiva; - Envolver os alunos no seu processo de aprendizagem, desenvolvendo competências como o aprender a aprender e permitindo-lhes refletir sobre a sua aprendizagem.
Os objetivos de aprendizagem são muito importantes neste processo, pois indicam, de forma clara, o que os alunos têm de aprender ao longo de uma unidade curricular. Estes objetivos devem ser específicos, mensuráveis, realistas e atingíveis e têm de ser partilhados, de forma clara, com os alunos (Ruby-Daves, 2015). Os objetivos de aprendizagem permitem construir uma base sólida para a avaliação, concretizada em rubricas de avaliação – matriz com indicadores e respetivos critérios de qualidade de desempenho (Allen &Tanner, 2006). (1) Para isso, deverão ser criados descritores de desempenho (comportamentos observáveis) e critérios de sucesso (níveis de qualidade de um desempenho ou produto), que devem ser apresentados e discutidos com os alunos, no início da unidade / tarefa / projeto e que são utilizados pelo professor para dar feedback e pelos alunos para se autoavaliarem. Desta forma, os alunos conseguem monitorizar a sua aprendizagem e tornam-se cada vez mais autónomos.
A biblioteca escolar pode contribuir para esta melhoria das aprendizagens, num trabalho articulado com os docentes das várias áreas curriculares, apoiando práticas de avaliação formativa. Desta forma, promove-se junto dos alunos a autoavaliação e a reflexão sobre o seu desempenho e desenvolvem-se competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, nomeadamente o pensamento crítico, competências sociais e o envolvimento na sua aprendizagem (OECD, 2013). Nesse sentido, a biblioteca escolar pode apoiar a criação de percursos de aprendizagem inovadores que assentem numa prática de avaliação formativa autêntica, transparente, válida e fiável em que, para além das aprendizagens essenciais de determinada(s) disciplina(s), são avaliadas algumas das competências definidas no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória, entre as quais as literacias da leitura, da informação e dos media. Desta forma, assegurando a consistência das práticas de avaliação, deverão ser definidos objetivos de aprendizagem alinhados com o currículo, mas adequados a contextos e a alunos, numa abordagem pedagógica que, de forma integrada, verifica a compreensão do aluno, procurando necessidades de aprendizagem, dando feedback ao aluno e adaptando as estratégias do professor.
Através deste trabalho articulado e colaborativo, promove-se uma cultura de partilha de práticas de avaliação, com reflexo na melhoria das aprendizagens dos alunos e dos processos pedagógicos.
(1) Existem várias ferramentas que podem ajudar a construir rubricas de avaliação, facilitando assim o trabalho do professor, e que podem ser encontradas na biblioteca escolar digital (https://cutt.ly/UkWNw19).
Referências
Allen, D, & Tanner K. (2006). Rubrics: Tools for Making Learning Goals and Evaluation Criteria Explicit for Both Teachers and Learners. CBE Life Sciences Education, 5(3), 197-203.
Fernandes, D. (2019). Avaliação formativa. Folha de apoio à formação - Projeto MAIA. Lisboa: Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e Direção Geral de Educação do Ministério da Educação.
Hattie, J. (2012).Visible learning for teachers: Maximizing impact on learning. New York: Routledge.
Looney. J. (2011). Integrating formative and summative assessment: Progress toward a seamless system?. OECD Education Working Papers, nº 58. Paris: OECD Publishing.
O CiiL - Centro de Investigação e Intervenção na Leitura - resulta da parceria entre o Instituto Politécnico do Porto (IPP), a Câmara Municipal do Porto e o Ministério da Educação, desde setembro de 2015. A missão do CiiL consiste na promoção precoce do sucesso na aprendizagem da leitura. Para tal o CiiL investe na promoção do desenvolvimento das competências pré-leitoras e competências leitoras alicerce. A intervenção CiiL ocorre em contexto escolar, dentro da mancha letiva, e dirige-se a todas as crianças com 5 anos na Educação Pré-Escolar (EPE) e a todos os alunos do 1.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico (1.º CEB). Atualmente, a intervenção decorre em todos os Agrupamentos de Escolas do Município do Porto, no âmbito de uma candidatura cofinanciada – Planos Integrados e Inovadores de Combate ao Insucesso Escolar (PIICIE) do Programa Operacional do NORTE 2020. O CiiL implementa dois programas de intervenção, um dedicado às crianças do último ano da EPE e outro direcionado aos alunos do 1.º ano do 1.º CEB. Estes programas caracterizam-se pela sua natureza sistemática e por um carácter lúdico, numa lógica de intervenção precoce. Na EPE, o programa tem como objetivo a promoção do desenvolvimento da linguagem e da consciência fonológica, com especial enfoque na consciência fonémica. As sessões têm periodocidade bissemanal, com duração de 45 minutos, sendo dinamizadas pelo técnico CiiL em colaboração com o educador de infância, em contexto de sala aula. No 1.º CEB, o programa destina-se à promoção do conhecimento do princípio alfabético e do processo de descodificação. A intervenção decorre diariamente, em contexto de pequeno grupo fora da sala de aula, com as crianças sinalizadas como em risco de experienciar dificuldades em dois ambientes (i) real (uma sessão de grupo) e (ii) virtual (quatro sessões, através do Software Eu Leio (Parceria Instituto Politécnico do Porto - Porto Editora). Este programa inclui ainda,com periodicidade semanal, uma sessão de turma, em contexto de sala de aula, dinamizada pelo técnico CiiL em colaboração com o professor titular. A intervenção decorre entre novembro e maio, sendo os resultados monitorizados através de uma avaliação inicial, entre setembro e outubro, e uma avaliação final entre maio e junho. Os resultados destas avaliações são apresentados à comunidade escolar, através do envio de relatório, e da realização de reuniões com os interlocutores nos AEs.
Os programas de intervenção realizados pelo CiiL têm revelado resultados consistentemente positivos. Ao longo destes anos, relativamente à EPE, os resultados indicam uma evolução estatisticamente significativa do momento pré-intervenção para o momento pós-intervenção nas componentes: linguagem, consciência fonológica metalinguística do fonema e segmentação fonémica. Os resultados revelam ainda que, na avaliação ao final do ano, as crianças que foram alvo da intervenção CiiL apresentam resultados estatisticamente superiores e com uma magnitude de efeito também superior oas resultados obtidos por crianças com características equivalentes mas que não usufruíram desta intervenção. Quanto ao 1.º CEB, os alunos apresentam resultados significativamente mais elevados no momento pós-intervenção comparativamente ao momento pré-intervenção ao nível do processamento fonológico: consciência fonémica e segmentação fonémica; do processamento da palavra escrita: ao nível da leitura e escrita de letras e leitura de palavras e de pseudopalavras. Os resultados indicam também que no pós-teste, os alunos que foram alvo de intervenção apresentam resultados estatisticamente superiores aos de alunos que não usufruíram da intervenção CiiL, assim como atingem resultados ao nível dos valores de referência para o final do 1.º ano.
Os resultados positivos espelham opções estratégicas do CiiL: sustentação da ação no conhecimento científico atual, intervenção precoce e sistemática nas competências identificadas como preditores e/ou altamente correlacionadas com o sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita e a aposta numa equipa estável e multidisciplinar. Respondendo ao sentido de responsabilidade científica e social o CiiL propôs-se alavancar o âmbito de atuação: através da criação da Rede CiiL, ao nível nacional e ao nível internacional, no âmbito da lusofonia. O objetivo da Rede CiiL é partilhar e alargar a resposta de intervenção ao nível da promoção precoce da aprendizagem da leitura nos territórios da lusofonia. A Rede CiiL nacional inclui o Instituto Politécnico do Porto, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), a Universidade do Algarve e o Instituto Politécnico de Viseu. Ao nível da Rede Internacional o CiiL-Instituto Politécnico do Porto estabeleceu uma Parceria Científica com a CAPES (Brasil). Ao abrigo desta parceria foi desenvolvido um Plano de Formação dririgido à Capacitação ao nível da Metodologia CiiL. O Curso teve incício em janeiro de 2021 com mais de 96 000 inscrições – Professores e Educadores brasileiros. A parceria do CiiL com a Rede de Bibliotecas Escolares surge, desde a constituição do CiiL, da ambição em comum em contribuir para que todas as crianças possam vir a ser leitoras autónomas e proficientes. Visando este objetivo o CiiL privilegia, ao nível da intervenção, a EPE e o início do 1º ciclo, em face do potencial, nesta fase, da capacidade de aprendizagem e de motivação para aprender a ler. Também em comum com a RBE o CiiL concentra o investimento ao nível da intervenção no espaço da Escola e na estreita colaboração com os Educadores e Professores. Em jeito de síntese, o CiiL investe nos alicerces da leitura, na expectativa de, somados alguns anos de vida (e de leituras), cada indvíduo poder gozar em pleno dos dez direitos do leitor elencados por Pennac.
Porto e CiiL, 27 jan 2021 Ana Sucena, Coordenadora Científica do CiiL
Para saber mais:
Através dos canais Facebook, Instagram e YouTube, são publicadas atividades sob a forma de vídeo dirigidas à promoção das competências pré-leitoras e das competências leitoras, que podem ser utilizadas por qualquer docente.
No dia 9 de fevereiro, celebra-se o Dia da Internet Mais Segura. Ao longo dos anos, este dia tornou-se um evento marcante, sendo hoje comemorado em mais de 100 países e em todos os continentes.
A Direção-Geral da Educação, através do Centro de Sensibilização SeguraNet, convida todos os Agrupamentos de Escolas/Escolas não Agrupadas a promoverem atividades no âmbito da Cidadania Digital, durante o mês de fevereiro.
A campanha pretende chamar a atenção dos jovens, crianças, pais, professores, incentivando para a união e criação de um espaço melhor para todos na Internet. As bibliotecas escolares têm um papel fundamental na abordagem dos temas da segurança digital entre alunos, professores, assistentes operacionais, encarregados de educação e pais. Assim, espera-se que desenvolvam atividades nesta área durante todo o ano, mas sobretudo ao longo do mês de fevereiro.
A Seguranet disponibiliza sugestões de atividades e recursos de apoio e convida as escolas a registarem-se para poder dar visibilidade às ações promovidas.
O relatório da SPARC Europe (Aliança de Publicações e Recursos Académicos na Europa), Scoping the Open Science Infrastructure Landscape in Europe (OSI)/ Delineando o Panorama da Infraestrutura de Ciência Aberta na Europa (outubro de 2020) resulta de um estudo feito com base num inquérito sobre projetos ou infraestruturas prestadoras de serviços de ciência aberta com sede nos 28 países europeus.
Das 353 respostas recebidas de bibliotecas, empresas ou organizações, apenas 120 foram consideradas relevantes e, destas, só uma é de Portugal: a Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto global UC Digitalis que agrega e difunde conteúdos digitais para desenvolvimento da comunidade nacional e internacional.
Numa visão geral, as OSI que integram este estudo operam a nível mundial, embora tenham sede na Europa, são geridas por organizações sem fins lucrativos, servem objetivos de pesquisa (os conteúdos mais consultados são revistas, dados e primeiros resultados de investigação), descoberta ou inovação e arquivo ou preservação digital e o seu público-alvo são investigadores (114) e bibliotecas (74) de todas as disciplinas científicas e cultura. Integram total (mais de metade) ou parcialmente software de código aberto e cumprem padrões FAIR (localização/ findability, acessibilidade, interoperabilidade e reutilização).
Em síntese, “Vemos um ecossistema OSI diversificado, interconectado, aberto, profissional e viável a desenvolver-se na Europa em terreno sólido - um ecossistema em que vale a pena investir. É um sistema que é composto por valiosos prestadores de serviços, grandes e pequenos, ao serviço da comunidade global de investigação. No entanto, as OSI ainda têm um conjunto de questões a enfrentar” (p. 53).
A avaliação das OSI que integram este estudo baseia-se nos 7 princípios para serviços de comunicação académica da SPARC e COAR (Confederation of Open Access Repositories/ Confederação de Repositórios de Acesso Livre):
1. Boa governança - A comunidade de utilizadores está representada e contribui equitativamente para a direção do serviço e tomada de decisão; 2. Padrões abertos - Idealmente é baseada em software de código aberto que permite a interoperabilidade e o conteúdo é gerido por normas internacionais bem estabelecidas; 3. Recolha de dados justa - Recolhe dos utilizadores apenas os dados necessários e o tipo de dados e forma como são usados é clara e publica; 4. Transparência de custos e contratos - "As condições contratuais do serviço e os preços são transparentes e equitativos e não inclui acordos de não divulgação"; 5. Migração fácil – “O conteúdo gerado pelo utilizador ou de que ele é proprietário pode migrar facilmente para outra plataforma ou serviço após rescisão do contrato, sem qualquer taxa adicional”; 6. Planificação da sucessão - Se o serviço for de uma organização sem fins lucrativos, os seus termos e condições devem incluir o modo de transferência ou encerramento; se for prestado por uma entidade com fins lucrativos, deve requer a autorização do cliente; 7. Conteúdo Aberto - "O conteúdo, metadados e dados de utilização são imediata, aberta e livremente disponíveis em formato mecanicamente legível através de padrões abertos e utilizando licenças (como CC0 [licença Creative Commons Zero - Sem Direito de Autor nem Direitos Conexos, isto é, obra em domínio público] ou similares) que facilitam a reutilização".
De acordo com estes princípios e, considerando que 35 OSI registam outras boas práticas, observa-se no relatório (p. 29) que nos aspetos do Conteúdo Aberto (38) e Padrões Abertos (38) e mesmo Boa Governança (16), a generalidade da amostra revela maturidade, enquanto permanecem um desafio à confiança nestas estruturas a Transparência (8), Fácil Migração (6), Plano de Sucessão (3) e Recolha de Dados (3).
Caminhamos para a criação de comunidades de investigação progressivamente mais abertas por natureza e a situação financeira é o aspeto que pode ameaçar a estabilidade e continuidade no futuro de algumas estruturas. Apesar de oferecerem uma variedade de serviços e de a maioria ter um conselho ou grupo de direção onde os interessados – investigadores e bibliotecas – estão equitativamente representados e serem guiadas por documentos de missão (94 de 118) ou planos estratégicos (68 de 118), evidenciando uma boa governação, muitas são geridas com baixo número de recursos humanos (incluindo voluntários) e financiamento reduzido, não tendo um orçamento anual e dependendo de subsídios ou aprovação de projetos por parte do governo nacional, Comissão Europeia ou outras entidades. Este nível de precariedade pode comprometer a capacidade de desenvolvimento tecnológico e deve ser uma preocupação para utilizadores que delas dependem. Promover comunidades de prática para aprender com as experiências de cada uma, aprofundar orientações estratégicas, continuar a diversificar fontes de receitas são formas de adaptação aos desafios.
Para enfrentar desafios o estabelecimento das 17 metas universais e interdependentes de desenvolvimento sustentável, designadamente da meta 4, “Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, ao longo da vida e para todos”, bem como a experiência global da pandemia Covid-19 e suas consequências, reforçaram o valor e importância do acesso aberto ou livre da ciência, educação e cultura e da cooperação entre todos os setores da sociedade e governação. Neste contexto são exemplos recentes de outras ações:
- A International Federation of Library Associations and Institutions/ Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) e seus parceiros lideram uma carta aberta apelando à ação do Diretor-Geral da World Intellectual Property Organization/ Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) para que dirija uma reforma vital que adapte as leis de propriedade intelectual e direitos autorais ao mundo global digitalizado, no sentido de que sejam um apoio - e não uma força de bloqueio - ao desenvolvimento sustentável e ação à distância das bibliotecas e outras organizações de educação e investigação em todo o mundo;
- A Open COVID Pledge é um projeto criado por pessoas da comunidade científica e académica, atualmente administrado pela Creative Commons, que convida organizações em todo o mundo a assumirem um compromisso (pledge), disponibilizando gratuitamente patentes e direitos de propriedade intelectual em prol da luta contra a doença;
- A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) reuniu com líderes da área da ciência em todo o mundo assumindo o compromisso de reforçar a cooperação e partilha universal de dados e resultados de pesquisa e experimentação para prevenir e mitigar crises globais e a pandemia procedendo a uma reforma, sem precedentes, nos métodos de trabalho que geraram um rápido progresso científico e tomada de decisões e alianças entre decisores políticos, empresas privadas e sociedade, tendo por base evidência científica e interesse público (UNESCO mobiliza 122 países para promover ciência aberta e cooperação reforçada face à COVID-19). A Rede de Bibliotecas Escolares incentiva e apoia políticas e práticas de acesso livre (O compromisso da Rede de Bibliotecas Escolares para que o conhecimento e a cultura seja um bem e um desígnio de todos, Semana Internacional de Livre Acesso) para que o conhecimento e sua comunicação seja um bem público ao alcance de todos e não seja controlado por um pequeno número de empresas que agem para satisfazer os interesses económicos dos seus acionistas.
International Federation of Library Associations and Institutions. (2020). IFLA lidera carta aberta sobre propriedade intelectual e COVID-19. https://www.ifla.org/node/92993
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2020). UNESCO mobiliza 122 países para promover ciência aberta e cooperação reforçada face à COVID-19. https://en.unesco.org/news/unesco-mobilizes-122-countries-promote-open-science-and-reinforced-cooperation-face-covid-19
Está publicada, no portal RBE, a lista de escolas apoiadas no âmbito da candidatura 2020-21. Fazem parte deste processo as candidaturas ‘Integração’, ‘Ideias com mérito’, ‘Leituras... com a biblioteca’, ‘Biblioteca digital’, ‘Requalificar a biblioteca’ e ‘Todos juntos podemos ler’.
Na preparação do ano letivo, as bibliotecas planificaram a sua atividade prevendo que em algum momento poderia ser necessário regressar ao regime de funcionamento não presencial. Neste momento, é essencial rever os procedimentos a adotar.
Com o objetivo do apoiar as bibliotecas escolares na sua ação, a RBE recorda os recursos disponibilizados em 2019/ 2020:
• A Biblioteca Escolar no Plano de E@D | Roteiro para professores bibliotecários - um documento orientador, articulado com os princípios para a implementação do ensino a distância (E@D) nas escolas, a ser encarado à luz de cada contexto e apropriado por cada interveniente da forma mais oportuna e adequada; • Biblioteca escolar digital - um recurso interativo que apresenta sugestões de trabalho, curadoria de conteúdos, instrumentos e tutoriais. Este é um instrumento de trabalho em atualização permanente, no qual têm sido incluídos inúmeros exemplos de boas soluções adotadas pelas diferentes bibliotecas e que se podem tornar inspiradoras para outras; • Presença em linha das bibliotecas escolares: roteiro para a definição de uma política - um documento orientador que define um conjunto de ações a desenvolver pela biblioteca para garantir uma presença em linha estruturada, coerente e eficaz, tendo como ponto de partida os canais existentes ou a criar.
• Serviço de referência nas bibliotecas escolares - Um documento orientador que ajuda as bibliotecas complementar um serviço de referência presencial com um serviço de referência a distância e a adequar-se, deste modo, às necessidades e expectativas do utilizador e ultrapassando condicionantes espaciais e temporais.
• Aprender com a biblioteca escolar: atividades e recursos - um auxiliar de trabalho para as bibliotecas escolares implementarem o referencial Aprender com a biblioteca escolar, um espaço agregador de sugestões de atividades a desenvolver presencialmente ou a-distância; algumas das propostas são recuperáveis a partir da expressão de pesquisa “Ensino não presencial”, outras são facilmente adaptáveis.
Convidam-se ainda os professores bibliotecários a percorrerem as secções Recursos e Publicações RBE onde é possível encontrar outras sugestões que poderão igualmente contribuir para a preparação que se impõe.
Naturalmente, toda a Rede de Bibliotecas Escolares se mantém pronta para continuar a dar o seu melhor, cumprindo a missão de assegurar bons serviços de biblioteca às comunidades escolares.