"Mi padre fue a la escuela para aprender a leer, mis hijas van para aprender a vivir"
Num discurso cheio de histórias e metáforas, Mar Romera, professora e especialista em inteligência emocional, afirma perentoriamente que não quer voltar à normalidade que havia antes da Covid-19. Quer, sim, voltar para uma escola melhor e diferente, que desenha situações de aprendizagem, não situações de ensino. Acredita que o ano de 2020 irá marcar o início do século XXI na Educação em Espanha.
Em intervenções recentes em vários meios de comunicação, Mar Romera defende que o momento atual mostrou que temos de passar do paradigma da evolução para o da revolução. “¿Qué quiere decir esto? Pues es sencillo, evolucionamos cuando somos capaces de contestar a preguntas; revolucionamos cuando somos capaces de hacernos nuevas preguntas.”
Mas o que reivindica para essa nova escola? Reivindica a autonomia pedagógica e a participação ativa das crianças nas estruturas de decisão. Reivindica uma revolução no sistema: romper com grupos organizados por turmas, com o conceito de classificação, com uma educação padronizada. Reivindica que se abandone o ensino por disciplinas e se salte da interdisciplinaridade para a transdisciplinaridade. Reivindica que todos os espaços da escola se transformem em espaços de aprendizagem: que os corredores sejam utilizados como locais de reunião para pequenos grupos, as salas de aula e os átrios, como refeitórios, os jardins e recreios, como salas de aula.
E os professores? Em primeiro lugar, é preciso modificar radicalmente a formação inicial. Repete várias vezes que os professores não ensinam o que sabem, mas, sim, o que são. “La escuela del siglo XXI es la escuela del ser y no la del saber y esto requiere de un profesorado que no pare de crecer y de estar en un modelo de ser consciente.” As escolas precisam de professores que tenham os cinco sentidos apurados, sentido de humor e muito bom senso. Devem proporcionar aos alunos oportunidades de aprendizagem para construírem o seu autoconceito num espaço seguro para errar e fracassar.
Quando tinha cinco anos, plantou uma nogueira com o avô. Quando se preparavam para regressar a casa, perguntou: “Então e as nozes? Onde estão?”. A resposta do avô surpreendeu-a: “Eu não vou comer estas nozes. Não sei se tu as vais comer. Mas espero que os teus filhos as comam”. Anos mais tarde, percebeu que assim é a profissão docente. Um investimento a longo prazo.
Mar Romera é autora do modelo pedagógico ‘Educar con tres C’s (capacidades, competencias y corazón)’ e diretora da Asociación Pedagógica Francesco Tonucci. Publicou os seguintes livros: La asamblea de clase: una experiencia de Infantil a Secundaria (2009), La familia, la primera escuela de las emociones (2017) e La escuela que quiero. En busca del sentido común: pedagogía contada desde el suelo (2019).
Fontes:
BBV Aprendemos Juntos. (2018, janeiro 31). Versión completa: “Las emociones no se aprenden por apuntes, hay que vivirlas”. Mar Romera, maestra [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=_rhH5dQr8S8
Campus Party Spain. (2020, julho 11). Mar Romera: "¡No quiero NORMALIDAD!" [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=6v-mqu86LBE
Moreno, M. (2019). Mar Romera: “La escuela del siglo XXI es la del ser y no la del saber”. Acedido em 9 outubro 2020, disponível em https://www.educaciontrespuntocero.com/entrevistas/mar-romera-la-escuela-que-quiero/
RT en español. (2019, abril 09). Mar Romera: "Mi padre fue a la escuela para aprender a leer, mis hijas van para aprender a vivir [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=Yj353RgTrWc
Salazar, A. (2020). Mar Romera: “No quiero una vuelta a la normalidad; quiero una escuela mejor y diferente” - Magisnet. Acedido em 13 outubro 2020, disponível em https://www.magisnet.com/2020/09/mar-romera-los-ninos-deberian-seguir-matriculados-en-el-curso-anterior-al-menos-una-semana/