O número 111 do TELOS é dedicado à voz. A língua falada é a herança da humanidade e o seu poder estende-se à tecnologia, máquinas e robôs. A tecnologia, por sua vez, permite-nos recuperar e difundir o valor das línguas, muitas negligenciadas e até maltratadas, para evitar a sua perda definitiva e para que possam contribuir para o desenvolvimento, a paz e a reconciliação, como observou a Assembleia da ONU quando proclamou 2019 como o Ano Internacional das Línguas Indígenas.
A oralidade distinguiu os seres humanos desde o início dos seus dias até hoje, o início de uma mudança liderada pela tecnologia, a voz recupera agora relevância graças aos sistemas de processamento de linguagem natural, da inteligência artificial e dos assistentes virtuais, capazes de interagir com a linguagem humana e aprender connosco.
Na capa desta edição aparece Juliana Rue, professora de música e engenheira de som, é diretora e proprietário do estúdio de som MIUT , especializado em livros de áudio e projetos audiovisuais.
Licenciada en Psicología y Filosofía por la Universidad de París X Nanterre, Heike Freire es un referente nacional e internacional de la llamada “Pedagogía Verde”, con más de 20 años de experiencia en este ámbito, que plantea el contacto con la naturaleza y el medio ambiente como recurso educativo. Freire ha sido asesora del Instituto de Educación Permanente de París del gobierno francés y desarrolla su innovación educativa con el apoyo de escuelas y familias que buscan la “renaturalización" de su entorno.
“Los niños de 4 a 12 años pasan el 76% de su tiempo sentados o acostados en lugares cerrados. Pero es a través del movimiento al aire libre como desarrollan sus sentidos, su psicomotricidad, su inteligencia espacial y social. El contacto con la naturaleza debería ser frecuente y cotidiano, para aprovechar los beneficios cognitivos, de memoria, atención y aprendizaje que aporta el entorno natural”, señala Heike Freire.
En sus libros ‘Educar en verde. Ideas para acercar a niños y niñas a la naturaleza’ y ‘¡Estate quieto y atiende!’, así como en sus talleres, cursos y conferencias, la psicóloga y pedagoga aporta recursos para fomentar el contacto con el medio natural en las familias y las aulas. “Nuestro futuro está en manos de las próximas generaciones. Por eso es de vital importancia una pedagogía verde y conciencia ecológica que reconecte con nuestro medio ambiente”, concluye.
O Ministério da Educação nomeou um grupo de peritos para redesenhar o ensino da Matemática. Jaime Carvalho e Silva é o líder e tem a palavra nesta entrevista feita em direto nas manhãs 360 da Rádio Observador.
Na Cidade perdeu ele a força e beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trémulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem febra, sem viço, torto, corcunda — esse ser em que Deus, espantado, mal pode reconhecer o seu esbelto e rijo e nobre Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência: pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; rico e superior como um Jacinto, a Sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimónias, praxes, ritos, serviços mais disciplinares que os dum cárcere ou dum quartel…
Título: A Cidade e as Serras Autor: Eça de Queirós Data Original de Publicação: 1901 Data de Publicação do eBook: 2019 Imagem da Capa: Le Pont de l’Europe, de Gustave Caillebotte Revisão: Ricardo Lourenço, Cláudia Amorim e Miriam Santos Freire ISBN: 978-989-8698-56-8 Texto-Fonte: A Cidade e as Serras. Porto: Livr. Chardron, 1901.
EPUB
A Cidade e as Serras — Eça de Queirós [EPUB]
MOBI
A Cidade e as Serras — Eça de Queirós [MOBI]
Referência: A Cidade e as Serras — Eça de Queirós. (2019). Projecto Adamastor. Retrieved 17 July 2019, from http://projectoadamastor.org/a-cidade-e-as-serras-eca-de-queiros/
Há um projeto-piloto na cidade do Porto que está a dar provas ao nível da promoção na aprendizagem inicial da leitura e da escrita, entre mais de 700 crianças que frequentam a rede pública municipal do pré-escolar e do ensino básico (1.º ano). Os resultados do Centro de Investigação e Intervenção na Leitura (CiiL) foram apresentados nesta quinta-feira.
Quer para a educação pré-escolar quer para o 1.º ano do ensino básico, as crianças-alvo de intervenção do CiiL "expressam melhorias significativas comprovadas pela diferença substancial entre este grupo e o grupo de crianças 'controlo', ou seja, crianças com características semelhantes, a frequentar os mesmos níveis de ensino, mas sem intervenção do CiiL", revelou Ana Sucena, coordenadora científica e técnica do projeto, na primeira conferência promovida pelo Centro de Investigação e Intervenção na Leitura, realizada nesta quinta-feira no Auditório Magno do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).
O projeto, que nasceu de uma parceria entre a Câmara do Porto, o Instituto Politécnico do Porto e o Ministério da Educação, em setembro de 2015, tem "um propósito claro e indicadores de resultados bem definidos", salientou o vereador da Educação da Câmara do Porto, Fernando Paulo.
Concretamente, "até 2020, abranger 4.700 alunos e reduzir em 12% o número de alunos com níveis negativos e em 30% a taxa de retenção e desistência", declarou o responsável.
Há praticamente quatro anos no terreno, o projeto acompanha hoje "773 crianças", 538 na educação pré-escolar e 235 no 1.º ciclo e tem ganho dimensão no contexto da cooperação institucional. Trata-se, por isso, de "um excelente exemplo do trabalho em rede" que o Município do Porto valoriza e promove, assinalou Fernando Paulo.
Através de equipas multidisciplinares que incluem profissionais da educação e da saúde do Porto, o projeto trabalha, ao nível dos 5 anos, a consciência fonémica e a linguagem, esclareceu Ana Sucena citada pela Lusa. E numa segunda fase, incide sobre a consciência fonémica e as relações letra/som, ou seja, "os alicerces daquilo que nos vai permitir ler uma palavra isoladamente".
Com o sucesso da iniciativa no Porto, já se equaciona a criação de uma Rede CiiL, com o objetivo de alargar a resposta de intervenção ao nível da promoção precoce da aprendizagem da leitura a todo o território nacional. Ana Sucena indica ao "Porto." que "tendo sido notório o interesse entre os participantes em aderir à mesma".
Na sessão de abertura da I Conferência do Centro de Investigação e Intervenção na Leitura (CiiL) participaram ainda o pró-reitor do IPP-Instituto Politécnico do Porto, Luís Miguel Pinho, a presidente da Escola Superior de Saúde do P.PORTO, Cristina Prudêncio, o coordenador nacional da Estrutura de Missão do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, José Verdasca, entre outras autoridades e conferencistas.
Atualmente, a ação do CiiL desenvolve-se no âmbito de uma candidatura cofinanciada aos Planos Integrados e Inovadores de Combate ao Insucesso Escolar (PIICIE) do POR NORTE 2020, com atuação em todos os Agrupamentos de Escolas do Município do Porto.
A construção da Estratégia de Educação para a Cidadania de Escola no AE de Castêlo da Maia
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É função da escola transmitir os conhecimentos que capacitam para uma ação consciente e para que a tomada de decisão seja assente no saber e não na desinformação ou no “achismo”. Por isso, é função da escola educar para a cidadania.
Os temas do ambiente, da sustentabilidade, dos direitos humanos, das instituições e participação democrática, da saúde, da igualdade de género, do risco, da literacia de informação e para os media, entre outros, não são pormenores na educação das crianças e dos jovens. São os temas que garantem a sua capacidade de optar em liberdade, naquela liberdade que só o conhecimento sustenta. Demitir-se de conhecer estes temas é prescindir da capacidade de decidir. É fomentar a abstenção como militância desinteressada e individualista.
As bibliotecas são lugares de aprendizagem e criação de conhecimento. Nas duas últimas décadas, a tecnologia digital - e as mudanças que a acompanham - aceleraram essa transformação até ao ponto em que a evolução se começa a transformar em revolução. Sob o modelo de assinatura, o papel das bibliotecas era comprar ou licenciar conteúdo em nome dos seus utlizadores e, em seguida, agir como guardiões para regular o acesso em nome dos titulares de direitos. Num mundo em que toda a pesquisa é aberta, o papel da biblioteca está a mudar do licenciamento e disseminação para a facilitação e apoio ao próprio processo de publicação, o que requer uma mudança fundamental em termos de estruturas, tarefas e competências. Também muda a ideia da coleção de uma biblioteca.
Num modelo aberto, é mais provável que a coleção seja o conteúdo criado pelos utilizadores da biblioteca (investigadores, funcionários, alunos, etc.), conteúdo que agora é curado pela biblioteca; Em vez de selecionar conteúdo externo, as bibliotecas precisam entender o conteúdo criado pelos seus próprios utilizadores e ajudá-los a disponibilizá-lo ao público, seja por meio de um depósito local, o pagamento dos custos de processamento de itens ou por meio de aconselhamento e orientação. Pode-se dizer que é um modelo simplista que deixa de lado coleções especiais e outras áreas. Mesmo assim, destaca as mudanças pelas quais as bibliotecas de pesquisa estão a passar, mudanças que provavelmente serão aceleradas como resultado de iniciativas como o Plan S.
Esta edição especial investiga algumas das mudanças nos serviços da biblioteca atual relacionados com o acesso aberto.
Referência: Arévalo, J. (2019). El acceso abierto y la biblioteca. Universo Abierto. Retrieved 11 July 2019, from https://universoabierto.org/2019/07/11/el-acceso-abierto-y-la-biblioteca/
foto de Tiago Miranda | texto de Luciana Leiderfarb
No princípio era o verbo. Aos 72 anos, João Lobo Antunes voltou a ele como se volta a casa. No seu oitavo livro, defende a intensidade, a decência. A esperança. E com vertigem prepara os que hão de vir
Em sonhos ainda opera. Vê-se na sala de operações com uma coluna aberta e diz: sei fazer isto, mas estou cansado, não quero estar aqui. Quando acorda, verifica que era verdade. Já não quer estar ali. Retirado desde junho, e “sem lágrimas”, o que tinha a dizer nesse campo está dito e outras são as paisagens que agora lhe interessam. E onde se situam elas? Em que lugar do mapa? O livro que publicou há semanas, “Ouvir com Outros Olhos” (Gradiva), contém parte da resposta. São ensaios curtos sobre temas que o “obrigaram a pensar”. Alguns deles cortam, como bisturis. Outros arrumam, ordenam o caos. Mas não estão isolados. Inserem-se numa realidade de escrita mais plena que o autor sempre desejou e que uma profissão tentacular o foi deixando exercer até quase não se confundir dela — ele que é um médico de palavras e um dos maiores neurocirurgiões do mundo, um homem que jamais foge a uma pergunta, um professor, um ativo humanista e um ex-conselheiro de Estado, e mesmo assim, como generosamente afirma, um filho “derrotado” pelo pai.
Eis o presente de João Lobo Antunes, as palavras. As das memórias que anda a escrever e as de um ‘projeto secreto’: a tradução para português de 50 dos poemas em inglês que a filha Margarida lhe remete diariamente desde que soube da sua doença. Às Janelas Verdes, no escritório onde passa muitas das suas horas, Lobo Antunes dissecou esta nova condição. A de ser médico e estar doente. A de ter mais tempo. E a de ser nutrido — porque sempre foi um bom aluno — pelas experiências dos outros, dos que estavam do outro lado, sob as suas mãos.
Em “Ouvir com Outros Olhos”, diz que temeu ficar empedernido com a idade e que os anos o tornaram mais sensível. É o relato de uma mudança? O título do livro recorre a uma sinestesia que envolve dois sentidos diferentes, o visual e o auditivo. O que eu queria dizer é que olho para as pessoas — e qualquer olhar é uma intrusão — com outra profundidade, para lá da superfície, tentando perceber a sua realidade, a sua identidade. Muita coisa é dita com o olhar. Há anos escrevi que não se pode dizer com os olhos aquilo que se nega com a palavra. Diria que foi a experiência da doença que me tornou mais sensível. Como se tivesse esticado a corda do violino e esta vibrasse ao menor toque, com maior intensidade e frequência. Por isso, mais do que uma mudança sofri uma evolução, que introduziu outra doçura na relação com as pessoas.