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Ter | 12.02.19

Evolucionismo | casa das ciências

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por Catarina Moreira | Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Referência: Moreira, C., (2014) Evolucionismo, Rev. Ciência Elem., V2(4):318

DOI http://doi.org/10.24927/rce2014.318

 

 

Resumo

O evolucionismo admite que as espécies podem sofrer transformações ao longo do tempo.

 

O evolucionismo, contrariamente ao que se pensa tem as suas raízes nos filósofos da Grécia clássica. Anaximandro poderá ser considerado o precursor da teoria moderna do desenvolvimento, quando defende que os organismos vivos, se transformam gradualmente a partir da água por ação do calor até se formarem as formas mais complexas e que o Homem tem a sua origem em animais de outro tipo. Demócrito defendia que as formas de vida mais simples tinham origem no “lodo primordial”.

 

Muito mais tarde, já nos séculos XVII e XVIII, o trabalho do conde de Buffon, George-Louis Leclerc (1707-1788) permite desenvolver a ideia de “Transformismo”, onde se admite que as diferentes espécies derivam uma das outras por degeneração num processo lento e progressivo, existindo espécies intermédias até surgirem as formas atuais. Nesta conceção transformista da diferenciação das espécies a noção de tempo geológico é fundamental, dado que Buffon admitia que as condições ambientais a que as espécies estavam sujeitas eram fundamentais ao processo de degeneração.

 

Outro transformista da época era Pierre Louis Maupertuis (1698-1759) que acreditava que as espécies resultavam de uma seleção provocada pelo meio ambiente resultando na infinidade de seres vivos que eram observados na atualidade.

 


Em pleno século XVIII, a geologia tem um papel de destaque na compreensão dos fenómenos da natureza. Em 1778, James Hutton (1726-1759), considerado o pai da geologia moderna, publica Theory of the Earth (Teoria da Terra), um tratado sobre fenómenos geológicos que abala as ideias catastrofistas. Hutton estabelece uma idade para a Terra bastante superior àquela admitida até então e defende que as forças naturais de hoje são as mesmas desde sempre, isto é, os fenómenos geológicos repetem-se ao longo da história da Terra – Teoria do Uniformitarismo.

 

Charles Lyell (1797-1875), geólogo britânico, prossegue com as ideias avançadas por Hutton e confirma a Teoria do Uniformitarismo concluindo que:

  • as leis naturais são constantes no espaço e no tempo
  • a maioria das alterações geológicas dá-se de forma lenta e gradual

 


A ideia de um gradualismo na natureza está lançada, e embora Lyell seja relutante em admitir a transformação das espécies, as transformações geológicas inevitavelmente levam ao surgimento de teorias relativas à evolução biológica.

 


Vários cientistas vão defender a ideia de a diversidade biológica ser resultado de um processo dinâmico de transformação dos organismos ao longo do tempo. Os nomes mais marcantes serão os de Jean Baptiste de Monet, cavaleiro de Lamarck (1744-1829), Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913).

 


Lamarck

Lamarck, naturalista francês, botânico no Jardim Botânico de Paris ao serviço do rei, elaborou diversos estudos taxonómicos que o levaram a concluir que as espécies não só se relacionam entre si, como sofrem alterações ao longo do tempo. Em 1809, publica Philosophie Zoologique onde expõe as suas ideias defendendo que a necessidade de adaptação ao ambiente leva o indivíduo a iniciar o seu processo evolutivo. A sua teoria baseava-se em dois princípios:

  • Lei do Uso e do Desuso – a necessidade de um certo órgão em determinado ambiente cria esse órgão e a função modifica-o, isto é, quando um órgão é muito utilizado desenvolve-se e torna-se vigoroso e quando não é utilizado degenera e atrofia.
  • Lei da Herança de Caracteres Adquiridos – as modificações adquiridas pelo indivíduo, pelo usos e desuso de um determinado órgão, é transmitida aos descendentes.
 

Materiais relacionados disponíveis na Casa das Ciências: (por ora estes links estão quebrados na fonte. contamos corrigi-los em breve.)

  1. A Autoestrada da Vida, acompanhe a viagem da vida pelos caminhos da evolução
  2. Mecanismos de Evolução, como é que a seleção natural leva à evolução biológica?
  3. Os Factos da Evolução – Capítulo 6, os pseudogenes e os retrovírus endógenos como prova da evolução
  4. Os Factos da Evolução – Capítulo 5, que nos dizem os genomas acerca a evolução?
  5. Os Factos da Evolução – Capítulo 4, há tempo suficiente para a evolução? Esta e outras evidências
  6. Os Factos da Evolução – Capítulo 3, o registo fóssil, a especiação e a hibridação como provas da evolução
  7. Os Factos da Evolução – Capítulo 2, mais evidências da evolução: órgãos vestigiais, biogeografia, etc
  8. Do Big Bang ao Homem III: Da Eva Até Hoje, viaje pela história dos primeiros seres humanos
  9. Do Big Bang ao Homem II: Da Vida a Eva, viaje pela história da vida na Terra
 

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