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Qua | 07.03.18

As Palavras Interditas, Eugénio de Andrade | poesia

por Margarida Carvalho.

 

As Palavras Interditas

 

Os navios existem, e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios.

 

Na areia branca, onde o tempo começa,
uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.

 

Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-te... E entram pela janela
as primeiras luzes das colinas.

 

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

 

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

 

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Qua | 07.03.18

Alves Redol | 1911-1969

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 Ensina RTP |

 

Alves Redol, a consciência do mundo à volta

 

Figura cimeira do neorrealismo português, António Alves Redol (1911-1969) é o narrador de histórias dramáticas das classes sem privilégios. Nos seus romances faz ainda análise e crítica social.

 

Foi na infância que teve em Vila Franca de Xira que o escritor primeiro testemunhou a vida dura das classes desfavorecidas. Gentes da terra e do mar que despertaram no jovem António uma consciência social. Ele próprio, cedo conheceu o valor do trabalho, ora na loja do pai, pequeno comerciante do Ribatejo; ora como emigrante em Luanda de onde regressou por motivos de saúde.

 

Com textos publicados desde os 15 anos, Alves Redol recomeçou então a colaborar em revistas como “Seara Nova”, “Mundo Literário” e “Vértice”.

 

Organizou conferências e palestras que chamaram a atenção do antigo regime. Por duas vezes foi preso, mas resiste e não desiste de lutar por uma sociedade justa.

 

Pioneiro do Neorrealismo português, Alves Redol faz todo um trabalho de campo: ele é o observador que “in loco” recolhe informações, fotografa paisagens rurais e humanas; ferramentas que compõem a sua escrita realista.

 

Na sua vasta obra literária “Gaibéus”, “Constantino guardador de vacas e de sonhos” e “Barranco de Cegos” são romances incontornáveis.

 

Alves Redol, a consciência do mundo à volta

Alves Redol, a consciência do mundo à volta. (2018). Alves Redol, a consciência do mundo à volta. Retrieved 7 March 2018, from http://ensina.rtp.pt/artigo/alves-redol-1911-1969/

 

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