Reconhecendo a importância do [Dia da Biblioteca Escolar] e o papel relevante das Bibliotecas em qualquer processo formativo, enquanto dinamizadoras da leitura e do livro, o Turismo de Portugal alia-se a esta celebração com um conjunto de atividades a desenvolver nas Escolas de Hotelaria e Turismo da sua rede escolar.
Vários autores ligados ao sector da Hotelaria e Turismo estarão, neste dia, nas [Escolas de Hotelaria], a fazer uma apresentação dos seus livros a toda a comunidade escolar, estando as sessões abertas também ao público em geral.
"Todos os dias são dias de biblioteca escolar" é o lema daqueles que, quotidianamente, dão o seu melhor - professores bibliotecários e equipas, incluindo funcionários; direções das escolas; coordenadores interconcelhios; técnicos municipais... - para fazer das bibliotecas escolares um espaço de informação e de atividades relevantes para os seus utilizadores, em especial para alunos e professores. Mas neste período do ano simbolicamente consagrado às bibliotecas escolares em todo o mundo, nunca é demais reafirmar a importância destes equipamentos e do trabalho que neles se realiza diariamente.
Reproduzimos parte de um documento elaborado pela BAD, em 2006, onde ainda não há referência a documentos e livros digitais, mas que mantém toda a atualidade:
A investigação vem demonstrando que o sucesso dos alunos aumenta se tiverem acesso a bibliotecas escolares com colecções bem concebidas e articuladas com o curriculum, com programas de actividades diversificados e atraentes, e profissionais qualificados (bibliotecários escolares e, ou, professores bibliotecários) que trabalhem em colaboração com os professores que leccionam as diversas disciplinas. Além disso, os alunos tornam-se leitores melhores quando têm acesso a uma biblioteca escolar.
A evidência recolhida na experiência em bibliotecas escolares, no nosso País e no estrangeiro, permite concluir que:
• os estudantes obtêm uma parte considerável dos seus materiais de leitura em bibliotecas
• os estudantes lêem mais quando dispõem de um local confortável para ler
• a leitura voluntária, livre, tem impacto significativo na compreensão do texto lido, no vocabulário, na competência ortográfica, no uso da gramática e no estilo usado na escrita
• o acesso a livros, jornais e revistas é um pressuposto de competências de leitura mais elevadas
• uma boa colecção de livros é a chave para o desenvolvimento de leitores autónomos e empenhados, em particular no caso de estudantes de segunda língua
• os estudantes que mais lêem têm, de forma geral, um maior desenvolvimento de literacia, e melhores resultados escolares
• estudos internacionais calculam que os resultados escolares têm uma melhoria entre 10 e 15% nas escolas que investem em bibliotecas escolares com bons fundos documentais, com bons equipamentos e que são geridas por bibliotecários escolares / professores bibliotecários profissionais, qualificados e motivados, trabalhando com pessoal de apoio adequado.
Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares e comissária adjunta do Plano Nacional de Leitura é entrevistada na revista Visão, de 20 de Outubro, para falar da revolução silenciosa [que] ocorre hoje nas escolas, graças às bibliotecas escolares e aos professores bibliotecários e que certamente também contribuiu para pela primeira vez, em 2010, [Portugal] atingir a média dos países da OCDE em literacia de leitura.
O que é hoje uma Biblioteca Escolar?
É, como sempre foi, um lugar de procura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como se opera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia do livro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecas escolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores, quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagens acrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de que tudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências que não são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para a tecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se com trabalho, com produção, com prática continuada.
Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52, 4 % consideram-na agora muito importante. As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude?
Quero crer que sim. O estudo demonstra que há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há mais miúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequando aos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supraestrutura, que trouxe uma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-la socialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituam-se a que “LeR+” não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, e isso trouxe, objectivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.
O que é ler com competência?
Primeiro, é ganhar o código de leitura. Tal como andar de bicicleta ou nadar, o que exige tempo e persistência. Depois, é necessário ter mecanismos para perceber o que os miúdos, mesmo lendo com destreza, não entendem porque ler é interpretar. Muitos meninos acabam o 4º ano sem essa competência bem cimentada. Estão condenados a serem maus leitores, logo maus alunos, em muitos casos reproduzindo a exclusão que transportavam à entrada da escola. Os estudos do PISA demonstram que em Potugal a escola é inclusiva, e a biblioteca ajuda também nesse trabalho. Tendo em conta que quando entra na escola um menino de uma família mais letrada está logo condenado a ler melhor porque tem o triplo do vocabulário de outra criança de famílias menos letradas, percebe-se a importância do trabalho da escola e da biblioteca.
Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante?
Acho que sim. Falamos sempre das bibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelo facto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo da informação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais as bibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for, são subaproveitadas.