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Blogue RBE

Seg | 14.12.09

A biblioteca escolar na era digital


Decorreu a 10 de Dezembro, no Porto, na Escola Secundária Alexandre Herculano, um workshop sobre o tema "Aprender e ensinar na era digital: o papel da biblioteca escolar". Orientada pelos professores Ana Amélia Amorim Carvalho (U. Minho) e Célio Gonçalo Marques (I.P. Tomar), a sessão teve a participação de vários coordenadores interconcelhios e membros do gabinete RBE. Os formandos tiveram a oportunidade de conhecer e experimentar algumas ferramentas de som e imagem da web2.0, com destaque para as que permitem a realização de Podcasts.

Segue-se o Podcast de apresentação do workshop:



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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Seg | 14.12.09

Pastoral de Francisco Rodrigues Lobo

Mote
Vai o rio a monte
Como passarei a ponte?
Voltas
É o vau mui arriscado,
Só nele é certo o perigo;
O tempo como inimigo
Tem-me o caminho tomado.
Num monte está meu cuidado,
E eu, posto aqui noutro monte,
Como passarei sem ponte?

Tudo quanto a vista alcança
Coberto de males vejo:
D'aquém fica meu desejo
E d'além minha esperança.
Esta, contínua, me cansa
Porque está sempre defronte:
Como passarei sem ponte?

Francisco Rodrigues Lobo                                                                             Ler mais >>

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Seg | 14.12.09

A Mãe Natal


A aldeia de Pouldreuzic iria conhecer, finalmente, um período de paz? Havia largos anos que a dilacerava a oposição entre clericais e radicais, a escola livre dos Irmãos e a escola comunal laica, o cura e o professor. As hostilidades, que tomavam as cores das estações, assumiam o teor das iluminuras lendárias com as festas do fim do ano. A missa da meia-noite realizava-se, por motivos práticos, em 24 de Dezembro às seis da tarde. À mesma hora, o professor, mascarado de Pai Natal, distribuía brinquedos aos alunos da escola laica. Graças à sua diligência, o Pai Natal convertia-se em herói pagão, radical e anticlerical — enquanto o cura da aldeia lhe opunha o Menino Jesus do seu presépio vivo, que era célebre em todo o distrito, como quem atira um chuveiro de água benta à cara do Diabo.
Sim, Pouldreuzic teria uma trégua? Acontecia que o professor, chegado à idade da reforma, tinha sido substituído por uma professora vinda de fora — e toda a gente a observava em expectativa, ansiosa por saber de que massa era ela feita. A senhora Oiselin, mãe de dois filhos — um dos quais contava apenas três meses —, havia-se divorciado. E isso afigurava-se a muitos um penhor de fidelidade laica. Mas o partido clerical triunfou logo no primeiro domingo depois da sua chegada, quando se viu a nova mestra dar entrada na igreja. 
(…)
Os dados pareciam lançados. Não haveria mais a árvore de Natal sacrílega à mesma hora da missa da meia-noite celebrada às seis da tarde. O cura ficaria como único dominador em campo. Foi grande a surpresa, por conseguinte, quando a senhora Oiselin anunciou aos seus alunos que nada seria mudado na tradição estabelecida e que o Pai Natal distribuiria os seus presentes na hora habitual. Que jogo estaria ela a jogar? E quem desempenharia o papel de Pai Natal? O carteiro e o guarda florestal, em que toda a gente pensava devido às suas opiniões socialistas, afirmavam não estar ao corrente de coisa alguma. A estranheza atingiu o cúmulo quando se soube que a professora emprestaria o seu bebé ao cura para representar o Menino Jesus no presépio vivo.
De início, tudo correu bem. O pequenino Oiselin dormia a bom dormir quando os fiéis desfilaram ante o presépio, de olhos aguçados pela curiosidade. O boi e o burro — um boi e um burro autênticos — pareciam enternecidos diante de bebé laico tão miraculosamente metamorfoseado em Salvador.
Infelizmente, a partir do Evangelho começou a agitar-se e os seus berros redobraram no momento em que o cura subia ao púlpito. Nunca se ouvira uma voz de bebé tão sonora. Em vão a menina que representava a Virgem Maria o embalou contra o peito magro. O miúdo, rubro de cólera, agitando os braços e as pernas, fazia ressoar as abóbadas da igreja com os seus gritos furiosos e o cura não conseguia fazer ouvir uma palavra.
Por fim, o sacerdote chamou um dos meninos do coro e sussurrou-lhe uma ordem ao ouvido. Sem largar a sobrepeliz, o rapaz saiu da igreja e ouviu-se o ruído dos seus passos decrescer lá fora.
Poucos minutos depois, a metade clerical da aldeia, que se encontrava reunida em totalidade na nave, teve uma visão insólita que se inscreveu para sempre na lenda dourada da região: viu-se o Pai Natal em pessoa entrar apressadamente na igreja, dirigir-se a passos largos para o presépio, pôr de lado as suas grandes barbas de algodão branco, desabotoar a vestimenta vermelha e estender um seio generoso ao Menino Jesus, que logo se quedou apaziguado.

TOURNIER, Michel - O galo do mato. Lisboa : D. Quixote, 1986. 217p.

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0