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Blogue RBE

Sex | 30.09.22

10 dicas para motivar alunos do ensino básico que resistem à escrita

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Os alunos têm uma inclinação natural para contar histórias, mas podem ficar bloqueados quando lhes pedimos para escrever. As dicas que se seguem ajudam-nos a transpor as suas ideias para o papel.

 

Os alunos contam histórias naturalmente: sabemos disso quando chegam de manhã e nos contam o que lhes aconteceu ou quando levantam a mão no meio da aula de matemática para relatar o episódio do cão que fugiu na noite anterior. Então, porque é que alguns alunos ficam bloqueados ou sentem que não têm nada para dizer quando lhes pedimos para escrever? Existe, muitas vezes, um desfasamento entre a capacidade natural que as crianças têm para contarem histórias e as competências necessárias para escreverem as histórias. Ao longo dos anos, estas estratégias têm ajudado os meus alunos que não gostam de escrever a sentirem-se mais confiantes.

 

Dicas para começar o processo da escrita

1. Os alunos precisam de tempo para escrever todos os dias.

Qualquer competência nova precisa de ser praticada e a escrita não é exceção. Esta escrita diária deve ser encarada como prática e não deve ser avaliada. É importante permitir que os alunos façam as suas escolhas neste tempo para a «escrita livre». Pode optar-se por lhes mostrar uma apresentação de diapositivos com diferentes imagens que utilizam como trampolim para a escrita ou com uma série de sugestões/ ideias para poderem escolher. Neste tempo dedicado à escrita pode alternar-se entre um tópico pré-definido ou um tema livre.

2. Proporcione-lhes projetos de escrita com um objetivo e um público autêntico.

Um projeto de escrita ganha mais significado quando se dirige a um determinado público para além do professor. Quando os alunos sabem que os seus textos têm um sentido e que alguém fora da sala de aula os vai ler, sentem-se motivados para escrever com mais clareza e criatividade de modo a transmitirem as suas ideias ao leitor. Isto pode adquirir ainda mais significado e ser mais eficaz se o leitor der uma resposta ou feedback.

3. Dê-lhes tempo para pensarem e conseguirem ter ideias.

Alguns alunos investem muito tempo a organizar ideias, a planificar, a conceber imagens e a prepararem-se para escrever. Contudo, para aqueles a quem as ideias para escrever não surgem com facilidade, este passo pode ser um problema. Durante o tempo que dedico ao brainstorming gosto de apresentar categorias para os alunos inserirem as suas ideias e exemplificar com as minhas próprias.
Por exemplo, se estamos a tentar recolher ideias para narrativas pessoais, posso organizá-las por categorias, como momentos embaraçosos ou histórias sobre mim e o meu cão. Listo as ideias, para serem usadas na história que vou escrever, debaixo de cada categoria. Por fim, dou um exemplo de como transformaria uma dessas ideias numa história. As categorias podem ajudar os alunos a estruturar o texto e os meus exemplos servem-lhes de inspiração.
No fim do tempo dedicado ao brainstorming peço aos alunos para deixarem os cadernos em cima das mesas (se se sentirem confortáveis para fazerem isso) e os colegas podem dar uma volta pela sala para verem as ideias uns dos outros. Isto também pode suscitar novas ideias.

4. Os alunos precisam de ver exemplos de boa escrita.

Os alunos precisam de ver exemplos que mostrem a beleza da palavra escrita e o modo cuidadoso como os escritores escolhem as palavras para ajudar os leitores a criarem uma imagem nas suas mentes. Gosto de selecionar secções ou passagens de livros ilustrados, romances, leituras em voz alta, canções, poemas e revistas para partilhar com os alunos. Pode ser uma passagem que descreve algo ou uma metáfora utilizada para descrever duas coisas. Chamo a atenção para o que se destaca nestas passagens e dou oportunidade aos alunos de analisarem e partilharem as suas reflexões. À medida que o ano decorre, os alunos começam a partilhar as suas próprias seleções de boa escrita comigo e com a turma.

5. Ensine os alunos a utilizar ferramentas digitais.

Existem muitas ferramentas disponíveis para os alunos: a extensão do Google Chrome Read&Write permite transformar o texto oral em texto escrito e ajuda os alunos a melhorarem os trabalhos escritos. Sítios para escrever histórias, como o Storybird, ajudam os alunos a criarem as suas próprias histórias e a partilharem-nas com os outros. E há também muitos sítios, como o MindMup, que ajudam os alunos a planificar a história. Também uso o Flip para permitir aos alunos que partilhem as suas histórias.

Dicas para editar e rever o texto

6. Priorize o conteúdo e a clareza; deixe as normas e a pontuação para mais tarde.

A escrita é uma ferramenta que usamos para nos expressarmos, mas que pode ser assustadora para os alunos. Quando estes começam a escrever, é importante valorizar as suas ideias em vez de passarmos demasiado tempo focados nas normas e na pontuação.
Nas fases iniciais, em vez de me focar em questões mais específicas, explico aos alunos que a escrita pode ser confusa e que pode ser difícil comunicar as nossas ideias com clareza de modo a que o leitor as compreenda; portanto, o objetivo é escrever de forma clara e concisa.
Depois de os primeiros esboços estarem completos, peço aos alunos para trabalharem de forma autónoma, com um colega ou com um professor, editando o texto de modo a torná-lo claro para o leitor. Este processo implica que, à medida que trabalham juntos, o aluno/ professor leitor faça perguntas para se sentir esclarecido e o aluno que escreve edite o seu texto. Isto pode ocupar várias sessões. Quando o trabalho estiver claro, então está na altura de nos focarmos na pontuação, na gramática e na ortografia.

7. Os alunos precisam de conversar uns com os outros sobre o que escrevem.

Falar sobre a escrita ajuda os alunos a exprimir opiniões e a desenvolver ideias. É importante dar tempo aos alunos para conversarem sobre o que escrevem ao longo do processo de escrita. Na turma, ou em pequenos grupos, os alunos podem partilhar ideias, esboços, aspetos que estão a correr bem ou problemas que estejam a enfrentar.

8. Utilize os «consultórios de escrita» para orientar os alunos.
Os «consultórios de escrita» são momentos em que é oferecida orientação individual aos alunos. Durante o tempo de funcionamento do «consultório», escolha um aspeto específico para ensinar, foque-se nele e faça perguntas aos alunos que sirvam para os orientar ou apresente-lhes um modelo que possam seguir enquanto trabalham de forma independente. Alguns alunos precisam de mais apoio, por isso um «consultório de escrita» pode ser o momento ideal para dar esse apoio diferenciado.

9. Enfatize que a escrita não é um trabalho fácil.
Alguns alunos redigem um esboço e ficam felizes a dizer «Já acabei». É importante que os alunos saibam que escrever bem implica fazer vários esboços e requer muito tempo e esforço. De acordo com a minha experiência, a melhor forma de ensinar isto é mostrar-lhes como escrevemos os nossos próprios textos. Tenho sempre um rascunho quando acompanho os meus alunos, normalmente relacionado com a unidade que estamos a trabalhar. Ao terem a oportunidade de ver os rascunhos e revisões que são necessários até se chegar a uma versão final, a probabilidade de fazerem o mesmo sozinhos é maior.

10. Celebre!
O mais importante de tudo é tirar algum tempo todos os dias e no final de cada unidade para celebrar de alguma forma. Pode destacar algo de que se tenha apercebido ou fazer uma festa no final de uma unidade. Escrever é uma tarefa pessoal e difícil, por isso merece ser celebrada! A minha forma preferida de celebrar é pedir aos alunos para se organizarem em grupos e deixar que cada um leia os seus textos aos restantes elementos. É sempre divertido ter umas guloseimas para acrescentar algo de especial ao momento.

 

Referência

O artigo «10 Tips for Motivating Reluctant Elementary and Middle School Writers», da responsabilidade de Cindy Bourdo, foi originalmente publicado no sítio Edutopia, a 23/08/2022. Texto traduzido livremente a partir do inglês.

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